Mãe de criança autista pede ajuda a professores e responsáveis da escola de Arcena
Aluno faz alimentação selectiva por causa do espectro autista e só come comida caseira. Apesar disso, a escola não está a facilitar a vida ao aluno e recusa-se a instalar microondas para lhe aquecer a comida. Director do agrupamento promete ajudar dentro do que for permitido pela lei.
Rodrigo Coelho tem sete anos, é autista, tem perturbações de alimentação selectiva e se nada for feito arrisca-se a começar o próximo ano lectivo na Escola Básica do 1º Ciclo de Arcena (EB1) sem poder comer na escola. O alerta é deixado pela mãe, Tatiana Palma, de 37 anos, que vive em Arcena e teme que a escola não consiga assegurar a existência de um microondas que possa aquecer a comida que Rodrigo leva de casa diariamente, tal como acontecia no jardim de infância, ambos pertencentes ao Agrupamento de Escolas do Bom Sucesso.
“Tudo o que não seja comida minha feita em casa ele não come e não acredito que o consigam meter a comer. Para uma criança autista ir buscá-lo à hora de almoço quebrando rotinas será absolutamente incomportável ainda para mais numa escola onde não conhece ninguém. Ele entra em pânico”, lamenta a mãe. Tatiana Palma pede ajuda ao Agrupamento de Escolas para que possa ajudar nas necessidades especiais do filho e que não o deixem desacompanhado, incluindo no que toca a seguir as indicações das médicas pediátricas onde é ressalvada a necessidade da criança ter apoio pedagógico personalizado, uma melhor adequação curricular individual e adequações no processo de avaliação no âmbito de uma turma reduzida.
“O que peço é que não deixem o meu filho desacompanhado e coisas tão simples como ter um microondas são fáceis de resolver”, diz a mãe que até já se ofereceu para colocar o equipamento mas que, lamenta, lhe terá sido recusado. Garante também já se ter queixado do problema junto das responsáveis da escola embora sem qualquer desenvolvimento.
Autista, epiléptico e apaixonado pelo Homem-Aranha e jogos de vídeo, Rodrigo Palma é uma criança carinhosa e calma embora sempre mergulhada no seu mundo. Aos 18 meses foi-lhe diagnosticado um atraso na linguagem, alterações na interacção social e perturbações da relação e comunicação com outros, conforme os relatórios a que O MIRANTE teve acesso. Faz terapia ocupacional na Fundação CEBI de Alverca.
Escola quer ajudar
Contactado por O MIRANTE, o director do Agrupamento de Escolas do Bom Sucesso, Carlos Reis, disse desconhecer a situação mas mostrou-se sensibilizado e quer ajudar. No entanto, avisa o responsável, a solução terá sempre de passar pelo cumprimento da legislação e da regulamentação em vigor. “Vamos articular-nos com a mãe para tentar encontrar uma solução e para que o aluno possa ter as melhores condições possíveis, que é o que sempre fazemos com todos os nossos alunos. Levar a comida de casa não é um problema mas teremos de ver se a regulamentação em vigor assim o permite naquela escola”, explica.