Sociedade | 12-04-2022 21:00

Modernização da Linha do Norte ameaça jardim Constantino Palha e aproxima comboios das casas

Estacionamento na Avenida Afonso de Albuquerque, em Alhandra, poderá desaparecer e os comboios aproximarem-se das casas

Desaparecimento de parte do Jardim Constantino Palha, supressão de estacionamentos em Alhandra e comboios a poucos metros das habitações são consequências previsíveis da modernização da linha de caminho de ferro em Vila Franca de Xira. Autarcas já avisaram que não aprovarão projectos que prejudiquem a população.

Foi lançado pela Infraestruturas de Portugal (IP) o procedimento pré-contratual para aquisição de estudos e projectos visando a modernização da Linha do Norte que atravessa o concelho de Vila Franca de Xira, em particular no troço entre Alverca e a Castanheira do Ribatejo. É um projecto inserido no Programa Nacional de Investimentos 2030 que vai custar 3,5 milhões de euros e visa instalar quatro linhas de comboio ou, nos locais onde não for viável a instalação de via quádrupla, a colocação de via tripla. Mais uma do que actualmente existe naquele troço. Os trabalhos são para ficar concluídos até 2026, segundo as previsões.
A situação, avisam os vereadores da CDU na Câmara de Vila Franca de Xira, causará impactos profundos para quem vive e usufrui dos espaços ribeirinhos e situados ao pé da linha de comboio. Vila Franca de Xira pode vir a perder parte do Jardim Municipal Constantino Palha e a sede do clube de campismo Os Sentinelas também pode ser afectada. O atravessamento da linha na zona do cais de VFX pode ficar comprometida e, em Alhandra, na Avenida Afonso de Albuquerque, o actual estacionamento desaparecerá desde o viaduto até à estação e os comboios ficarão mais próximos das habitações.
“A modernização da linha poderá passar pela criação de mais um corredor que se aproximará perigosamente das casas hoje existentes na avenida e certamente será eliminada parte da estrutura desportiva que serve o Alhandra Sporting Club”, avisou Nuno Libório. O autarca da CDU diz que a câmara não pode ficar calada sobre o que pode acontecer e avisa que as consequências serão “muito negativas” para toda a comunidade, com Vila Franca de Xira a continuar a ser o concelho das servidões.
“Não pactuaremos com decisões de ministros e não toleraremos que se determine mais uma grave servidão sobre o concelho, que limite o seu desenvolvimento e sacrifique todas as intenções de requalificação de uma área densamente povoada como é o troço entre Alverca e Castanheira”, lamentou Nuno Libório.

“Iremos acabar com as vivências ribeirinhas”
Também a coligação PSD/PPM/MPT já avisou que não vai acompanhar a maioria socialista numa votação positiva de projectos que venham a prejudicar as zonas ribeirinhas e a comunidade. “A quadruplicação da linha férrea sem o seu enterramento parcial ou total no troço entre Alhandra e VFX não contará com o nosso apoio. A acontecer o que está previsto, iríamos acabar com as vivências das zonas ribeirinhas como as conhecemos”, alerta o vereador Vítor Silva, que nessa reunião substituiu David Pato.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), diz que ainda é cedo para tomar posição sobre o assunto. “Logo que haja conhecimento de pré-estudos ou perspectivas mais concretas sobre isto teremos ocasião de as discutir. Há muito que se fala em quadruplicar a linha, eventualmente com um novo traçado que possa afastar-se do que hoje é usado”, admite. O autarca socialista diz partilhar das preocupações da oposição como a futura ligação ao rio e a aproximação da nova infra-estrutura a habitações e edifícios já construídos.

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