Sociedade | 03-07-2022 10:00

Músico de Alverca teve de vender as guitarras e é sem-abrigo

Músico Gustavo Caldeira perdeu o tecto e tem vivido em Alverca graças à solidariedade da comunidade

Depois de ter sido internado devido a uma depressão Gustavo Caldeira teve alta e sem dinheiro nem sítio para viver ficou a dormir na rua. Um morador ofereceu-lhe uma tenda e o músico está emocionado com o apoio que tem recebido. Serviços sociais foram alertados do caso por O MIRANTE.

O músico de rua Gustavo Caldeira, de 37 anos, de Alverca, está a viver na rua e tem sido ajudado pela comunidade depois de ter estado internado duas semanas com uma depressão e não ter conseguido arranjar trabalho para pagar a renda de casa. O músico que chegou a tocar Beatles em Abbey Road, em Londres, e recentemente tocava nas ruas de Alverca do Ribatejo, esteve no Hospital de Vila Franca de Xira e quando teve alta médica não tinha onde viver. A situação sensibilizou algumas pessoas que o têm ajudado com roupas, comida e até uma tenda para que não ficasse ao relento na Praceta da Cabine, onde está viver como sem-abrigo.
Gustavo Caldeira, que está medicado com anti-depressivos e anti-psicóticos, antes desta situação vivia numa marquise em Alhandra, pela qual pagava 90 euros de renda mensal. Quando o dinheiro das actuações de rua que foi amealhando se esgotou ficou sem alternativa. O artista com 20 anos de carreira, com formação em piano, viola e baixo actuava com o nome artístico de GCDayer e lançou o disco “Stay at Home” com originais da sua autoria. Agora está à procura de trabalho e pede ajuda à comunidade nesse sentido. Há uns meses, com o pouco dinheiro que lhe restava, comprou um telemóvel usado numa feira e com ele procurou emprego. Apareceu-lhe uma oferta na construção civil em Tomar mas quando lá chegou ninguém o esperava. Acabou por entrar numa espiral depressiva até hoje.

“Quero olhar para a minha filha sem vergonha”
Fã dos The Beatles, é no tema “All you need is love” que se agarra aos sonhos. Quer encontrar um emprego que lhe permita recuperar a estabilidade para poder ver o maior amor da sua vida, a filha, que tem oito anos e vive com a mãe. “Não vim para a rua por causa de álcool ou drogas mas por infelicidade da vida e quero sair daqui”, conta. Teve de vender as suas guitarras para comer depois de ver que as esmolas que recebia a tocar na rua não chegavam para um “saco de pão e uma garrafa de água”. Mantém o sonho de ser músico residente num bar ou restaurante mas neste momento, garante, não nega qualquer trabalho. “Faço qualquer coisa que me ajude a voltar a ter uma cama e poder olhar a minha filha sem vergonha”, desabafa.
Após o contacto de O MIRANTE, os serviços sociais do município tomaram nota da situação e garantem que o caso vai ser acompanhado também pela Segurança Social no sentido de Gustavo Caldeira ser colocado numa residência temporária. O município tem um centro de acolhimento temporário para as pessoas sem-abrigo com oito camas e acesso a comida, banho e roupa lavada.

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