Sociedade | 18-07-2022 10:00

No Ateneu qualquer um pode ser músico se tiver dedicação

Rute Cordeiro e Pedro Moucho são dois dos professores da escola de música do Ateneu que ajuda a formar anualmente dezenas de jovens músicos

A aprendizagem da música tem várias vantagens no desenvolvimento das crianças e jovens. Na escola de música da instituição, que está a receber gente nova depois do abandono de alguns durante a pandemia, estimula-se o espírito de grupo, sem as rivalidades do desporto. Na música é preciso saber ouvir os outros, que são a banda, e dar rapidamente a volta aos problemas, que são os enganos.

Rute Cordeiro, 50 anos, e Pedro Mocho, 29 anos, são professores na Escola de Música do Ateneu Artístico Vilafranquense tendo ambos começado como alunos na sua infância. É normal os alunos da instituição passarem a professores que, desta forma, têm um conhecimento maior das necessidades da escola e das bandas que esta alimenta. Com mais de uma centena de alunos a escola de música do Ateneu está numa fase de recuperação após a pandemia em que perdeu alunos, mas neste momento está a chegar gente nova.
Algo que tem mudado no funcionamento da escola de música é o tempo de espera até os alunos pegarem num instrumento, como reflecte Rute Cordeiro que quando entrou teve de estar três anos a estudar música antes de começar a tocar. Na altura os alunos recebiam o instrumento para o qual era preciso executante. “Se a banda precisasse de um trompetista eu teria de ser trompetista. Felizmente fiquei com um clarinete ao qual me adaptei bem. Hoje isto não poderia acontecer”, descreve sabendo que os jovens de hoje desistem facilmente e vão para outras actividades.
Segundo os professores, 90% dos alunos que procuram a escola de música acabam por seguir para a Banda do Ateneu que actualmente conta com cerca de 50 músicos, com motivações diferentes, como o facto de terem familiares que já foram músicos ou por verem na música uma terapia para o stress e a ansiedade.

Um bom músico é aquele que se entrega ao que toca
Ciente dos preços elevados dos instrumentos o Ateneu faz questão de ceder todos os instrumentos de banda aos seus alunos, para que eles possam aprender de forma descansada sem terem de gastar centenas ou, por vezes, milhares de euros. Os preços dos instrumentos faria com que a maioria dos alunos procurassem apenas tocar os que fossem mais baratos, mas uma banda não pode ser constituída só por clarinetes ou flautas, como salienta Pedro Mocho. Hoje os alunos podem experimentar todos os instrumentos que quiserem antes de decidirem qual gostam mais.
Mais importante do que saber tocar as notas os músicos têm que ter alma para a música. “Um bom músico é aquele que se entrega ao que toca, que sabe ouvir a banda, a sala, a rua, que sabe que o mundo não pára se se enganar e consegue dar a volta num improviso rápido” diz Rute Cordeiro.
A professora, que dá aulas a bebés, realça o papel da música no desenvolvimento das crianças e jovens dando-lhes ferramentas que os ajudam a compreender as fonéticas das palavras, a respeitar os silêncios, a ter calma, a ouvir os colegas, a ter mais coordenação motora e a ter uma respiração mais ritmada e controlada. O Ateneu tem três tipos de formação: o coro infantil e juvenil, o instrumento e leitura e estudo musical. Os professores contam que muitos fazem má cara quando percebem que têm de cantar no coro, mas depois fazem-no com orgulho percebendo que é tão importante para a sua formação quanto tocar um instrumento.
Rute Cordeiro e Pedro Mocho acreditam que ao contrário do desporto, onde os grupos criam “rivalidades desnecessárias”, na música todos ganham se trabalharem em conjunto. “Se trabalharmos juntos e partilharmos conhecimento, o panorama musical de Vila Franca de Xira cresce, melhora e evolui. A música precisa de nós sempre unidos” concluem.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo