Sociedade | 12-11-2022 06:59

Portugal é o maior produtor de canábis medicinal da Europa

Efeitos da canábis medicinal foram debatidos na quarta edição das Jornadas Templárias de Psiquiatria do Centro Hospitalar do Médio Tejo

Jornadas de psiquiatria do Centro Hospitalar do Médio Tejo debateram sobre as vantagens e desvantagens do uso da canábis medicinal. Serviço de Psiquiatria do CHMT cumpre duas décadas ao serviço da população.

O auditório principal do Instituto Politécnico de Tomar foi o palco escolhido para a realização da quarta edição das Jornadas Templárias de Psiquiatria do Centro Hospitalar do Médio Tejo. A iniciativa, que decorreu a 3 e 4 de Novembro, envolveu vários debates e também serviu para assinalar os 20 anos do Serviço de Psiquiatria da instituição.
Eduardo Sampaio, químico e empresário no sector da canábis medicinal, foi um dos oradores do painel do último dia, intitulado “Canábis: Onde Estamos, Para Onde Vamos?”. O especialista referiu que Portugal é o maior produtor de canábis medicinal da Europa, sendo que existem mais de 150 empresas a apostar na sua produção que é praticamente toda exportada para países como Israel, Austrália, França, Canadá, Reino Unido, Estados Unidos da América, entre outros. Segundo dados do Infarmed, o nosso país exportou seis vezes mais em 2021 do que tinha feito em 2020.
Para Eduardo Sampaio, que defende a utilização da canábis, não há nenhum grupo de fármacos que tenha uma abrangência tão grande como a canábis medicinal. A sua utilização traz benefícios para problemas como anorexia, parkinson, alzheimer, epilepsia, esquizofrenia, problemas cardiovasculares, entre outros e reduz a ansiedade social. No entanto, o químico salienta que “nem tudo são flores e que o consumo em excesso pode criar graves transtornos crónicos”.
Rafaela Farinha, médica interna no Serviço de Psiquiatria do CHMT, começou a sua intervenção explicando que a canábis é a droga recreativa ilegal mais consumida no mundo; que é tida como natural mas não é. É consumida principalmente entre adolescentes entre os 15 e os jovens adultos. Uma das suas conclusões, baseadas em estudos e na experiência científica, refere que o consumo exagerado da canábis pode provocar psicose e impedir o desenvolvimento cerebral. “Pessoas que usam canábis têm três vezes mais risco de admissão hospitalar por doença psiquiátrica. A canábis tem sido também associada ao aumento do risco de suicídio, sobretudo em doentes que já sofrem de doenças psiquiátricas”, disse.
Carolina Maia, também ela médica interna no Serviço de Psiquiatria do CHMT, partilhou mais alguns dados com a plateia que demonstram que a utilização do produto é prejudicial para a saúde. A clínica diz que o uso tem um impacto negativo na actividade do cérebro, que a função de memória é prejudicada e que até a condução de um automóvel pode tornar-se mais deficiente. “O consumo de canábis, de forma crónica, tem impacto na aprendizagem, memória, atenção, entre outras”, justificou.
No final do debate, Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT, deu os parabéns a toda a equipa do Serviço de Psiquiatria da instituição. O dirigente afirmou que “a saúde mental ainda é o parente pobre e que foi preciso a Covid-19 para se ter a noção que a saúde pública e a mental são um problema que afecta a sociedade em geral”.

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