Sociedade | 19-07-2022 07:00

Saber mexer num computador é essencial

Alunas da freguesia do Pego, concelho de Abrantes, participaram no projecto Cidadania Informada e Activa que pretende colocar a região do Médio Tejo como uma das mais avançadas na capacitação dos seus cidadãos no domínio da leitura e literacia digital

Projecto de Cidadania Infomada e Activa está a decorrer em todos os municípios da região do Médio Tejo

Nove mulheres, com idades entre os 54 e os 77 anos, inscreveram-se no Projecto de Cidadania Informada e Activa na freguesia do Pego, concelho de Abrantes. Entre 27 de Junho e 1 de Julho aprenderam os ensinamentos básicos para saber mexer num computador, como aceder à Internet e escrever em formato word. Reformadas, inscreveram-se pela curiosidade e também para ocuparem o seu tempo.

Virgínia Vieira, de 75 anos, é a primeira a chegar à sala de aula e queixa-se assim que se apercebe que lhe trocaram o computador. Já estava habituada ao outro computador, onde teve as primeiras aulas. Inscreveu-se, e também à sua irmã mais velha. Foram ocupar o tempo e conviver. “Não tenho telemóvel com Internet nem computador em casa. Não sou muito dada ao telemóvel, às vezes tenho que procurá-lo porque perco-o com facilidade. Estas aulas são importantes para aprendermos qualquer coisa de informática. Toda a gente mexe nos computadores com tanta facilidade que quis aprender um pouco”, conta enquanto procura as teclas para escrever uma frase.
As gargalhadas são uma constante na sala da Junta de Freguesia do Pego, concelho de Abrantes, onde decorreu, durante uma semana, duas horas por dia, o projecto Cidadania Informada e Activa. O objectivo é levar às freguesias do Médio Tejo o incentivo à leitura e também à literacia digital; ensinar aos mais velhos as noções básicas de uso de um computador e aceder à Internet. A formadora, Fátima Burguette, que também é professora de desenvolvimento pessoal na área de Cidadania Activa, considera estimulante poder ensinar os mais velhos, que não têm os mesmos conhecimentos sobretudo ao nível da literacia digital.
“É um prazer ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Vivemos num mundo em que a tecnologia está acima de tudo. É difícil que pessoas de outra geração tenham a mesma facilidade em mexer num computador ou num telemóvel. São poucas horas de formação, é um conhecimento muito básico mas alguma coisa há-de ficar. Saber mexer num computador é como ler e escrever, é a alfabetização da Era informática”, sublinha Fátima Burguette. Na freguesia do Pego só participaram nove senhoras mas nas outras freguesias houve homens que também quiseram iniciar-se nas lides da informática.
Conceição David, Virgínia Pratas e Aldina Soutenho são amigas, todas com 69 anos, e inscreveram-se na formação. Sentaram-se ao lado umas das outras e vão-se ajudando naquilo que as outras não sabem. Conceição David tem telemóvel onde consegue aceder ao Facebook e vê as “cusquices” das pessoas conhecidas. “Pedi amizade ao meu neto no Facebook mas ainda não aceitou. Ele perguntou-me para que queria eu o Facebook e respondi-lhe que era para conversar com ele”, conta soltando uma gargalhada.
Virgínia Pratas confessa que participou na formação para aprender algo porque não sabe mexer no computador. Lá em casa o computador é dos sobrinhos e Virgínia não quer mexer. Aproveita o telemóvel que tem Internet e gosta de saber as novidades e também as notícias. Admite que lhe custa fixar o que a formadora ensina mas não desiste. Aldina Soutenho foi para aprender e porque gosta de estar ocupada. Tem computador em casa e admite saber mexer “um bocadinho”, mas tem que ser tudo devagar. “Se tenho que voltar atrás já não sei os passos que tenho que dar novamente”, explica.
Aldina Lucas tem 73 anos e foi a sua filha que a inscreveu. Ao início ficou relutante mas a curiosidade foi maior. Nunca tinha escrito num computador. Entretém-se no telemóvel com as redes sociais, onde partilha coisas de que gosta com as amigas e vão conversando quando têm tempo. Ilda Coxinho, 54 anos, Regina Alfaiate, 62 anos, e Narcisa Rodrigues, 75 anos, participaram todas pela curiosidade de poder aprender a mexer num computador. A maioria tem telemóvel com acesso à Internet e é assim que acedem às redes sociais e às notícias.

Médio Tejo como uma das mais avançadas regiões no domínio da literacia

O projecto Cidadania Informada e Activa tem como objectivo colocar a região do Médio Tejo como uma das mais avançadas na capacitação dos seus cidadãos no domínio da leitura e da literacia (incluindo a digital), para que possam enfrentar os desafios actuais e futuros e exercer uma cidadania informada e activa. No contexto da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo o desenvolvimento deste projecto compete à Rede Intermunicipal de Bibliotecas Públicas e aos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sertã, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila de Rei, com o apoio de juntas de freguesia, centros Qualifica e universidades seniores.
Em 2022 e 2023 o projecto, financiado pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, vai garantir 189 acções de Leitura e Literacia Digital de 10 horas cada. As acções são descentralizadas nas sedes de concelho do Médio Tejo e juntas de freguesia. No total, estima-se que beneficiem 1.890 formandos.

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