Sociedade | 26-04-2022 10:00

Subida de preços e burocracia dificultam vida aos produtores de vinho

O novo presidente da Viticartaxo, Rui Madeira, diz que neste momento, de subida de preços, o desafio é manter o sector saudável

Rui Madeira é o novo presidente da Viticartaxo e quer valorizar a vitivinicultura nos concelhos abrangidos pela associação do sector: Cartaxo, Almeirim, Azambuja, Santarém, Benavente, Salvaterra de Magos e Coruche. Neste momento o desafio é manter o sector saudável e evitar o encerramento de empresas perante o escalar de aumento dos preços que já fizeram disparar o preço do vinho em mais de 30%.

A subida dos preços tem deixado a viticultura perto do limite. Quem o diz é Rui Madeira, o novo presidente da Associação de Viticultores Viticartaxo. “O aumento dos preços dos combustíveis, dos fungicidas, adubos e dos materiais para engarrafamento fez disparar de forma absurda o custo da produção”, vinca. Esta conjectura fez disparar o valor dos vinhos em mais de 30%, para que os produtores e adegas consigam manter margens de lucro aceitáveis e não fechem portas.
O sector está também a sentir uma crise de mão-de-obra sobretudo jovens qualificados para manobrarem máquinas agrícolas, bem como a ressentir-se da burocracia nas relações com as entidades do Estado. Rui Madeira realça que “para se aceder a projectos de apoio ao investimento “é preciso uma tonelada de documentos”, acrescentando que os preços e a tipificação dos equipamentos está desactualizada. Isso faz com que, por exemplo, no programa “Next Generations”, para a substituição de tractores velhos, das cerca de sete mil candidaturas apenas 1.362 foram consideradas necessárias e aprovadas. Situações como estas além de criarem dificuldades a quem está no mercado afasta quem pensa entrar no sector. “Não é fácil começar nesta actividade porque exige elevados investimentos que só se conseguem recuperar ao fim de cerca de 7 a 10 anos”, vinca.
Apesar das dificuldades a viticultura tem estado em constante modernização e a qualidade do vinho tem aumentado nos últimos anos, reconhece o dirigente, sublinhando que o sector tem adoptado novas técnicas de optimização dos produtos e do controlo de custos. Tecnologias como o GPS, drones, estações meteorológicas ou sondas para medição da humidade na terra são indispensáveis à produção vitícola que procura sempre o ponto de maturação ideal da uva, que é diferente para cada tipo de vinho.
A modernização da vitivinicultura, considera Rui Madeira, tem feito com que os vinhos produzidos na região ribatejana sejam dos melhores a nível nacional e mundial, consagrados com vários prémios em concursos nacionais e internacionais. Desde 2015 os vinhos do Tejo contam com 22 medalhas no “Decanter World Wine Awards” um dos mais consagrados prémios mundiais. Mas o sector não se deve contentar apenas com isso e o dirigente defende que é importante criar estratégias de marketing e divulgação para melhorar a imagem e notoriedade da indústria na região.
Viticartaxo é um pilar de apoio aos produtores da região
Fundada em 1986 a Viticartaxo tem 270 associados distribuídos pelos concelhos de Cartaxo, Almeirim, Azambuja, Santarém, Benavente, Salvaterra de Magos e Coruche. Desde produtores com poucos hectares de vinha até aos que possuem centenas de hectares de vinha. Rui Madeira assumiu a presidência da associação para o triénio 2022/2024 com o objectivo de continuar a ser uma referência no apoio aos produtores de vinho.
Para o mandato Rui Madeira tem três objectivos. Um é aumentar o apoio de assistência técnica nas candidaturas a programas como o “Next Generations”, para a modernização das explorações agrícolas, formação, maneio e aplicação dos produtos fitofarmacêuticos ou produção agrícola sustentável. O segundo é fortalecer as ligações com entidades ligadas ao sector vitivinícola. O outro é criar condições para a sustentabilidade da vinha em termos económicos, sociais e ambientais, aprofundando conhecimentos sobre a gestão de água para a rega, os processos mais eficazes de tratamento das vinhas com vista à eliminação do uso de herbicidas e o estudo das castas de uva que melhor resistem às alterações climáticas.
A nova direcção, encabeçada por Rui Madeira (Quinta da Cartaxa), tem como vice-presidentes Filipe Ferreira (Biouva-Produção de Produtos Agrícolas) e Marisa Dias; como vogais Miguel Jesus (Quinta do Casal Monteiro), Tiago Correia (Casa Cadaval) e Pedro Mascarenhas (Quinta da Alorna). A mesa da assembleia-geral é presidida por João Fernandes (Sociedade Agrícola da Falagueira) e tem como secretários David Ferreira (Companhia das Lezírias) e António Ribeiro (Sociedade Agro-Pecuária Irmãos Ribeiro). Já o conselho fiscal tem como presidente José Barroso (Casa Agrícola Antunes Barroso) e como vogais Rui Franco e João Aleixo (Sociedade Agrícola Quinta da Amoreira).

Rui Madeira é viticultor por herança

Rui Carreira Madeira, 72 anos, natural de Alfouvés, concelho de Rio Maior, é oriundo de uma família que sempre esteve ligada ao negócio do vinho, mas optou por seguir carreira na área das Finanças, licenciando-se no ISCEF – Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Em 2001, devido ao falecimento do pai, assumiu a gestão da exploração familiar, a Quinta da Cartaxa, que conciliou em paralelo com a profissão de director-geral e administrador em entidades bancárias e sociedades financeiras. Foi também em 2001 que se ligou à Viticartaxo, que diz ter sido fundamental no aconselhamento e assistência técnica devido à sua inexperiência no sector. Assumiu a presidência da associação a 31 de Março para o triénio 2022/2024.

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