Sociedade | 11-11-2022 18:00

VFX não aceita comboios de alta velocidade à custa da degradação do serviço regional e suburbano

Entre a Castanheira do Ribatejo e Alverca a linha do norte é servida apenas por duas linhas em bitola ibérica

Autarcas de Vila Franca de Xira realizaram reflexão conjunta para produzirem uma posição formal sobre os planos do governo para o alargamento da linha ferroviária do Norte no concelho, que visa implementar a ligação de alta velocidade. Para já, são mais as preocupações do que as vantagens que se vislumbram.

O município de Vila Franca de Xira só concordará com a criação da nova ligação ferroviária de alta velocidade ao Porto nas actuais linhas de bitola ibérica caso estas não venham a prejudicar a frequência de comboios urbanos existentes no concelho, não comprometa os actuais espaços junto à linha e não provoque aumento de ruído e vibrações.
As conclusões emergiram durante uma reflexão conjunta entre todos os partidos representados na câmara municipal durante uma reunião extraordinária do executivo convocada pelo presidente, Fernando Paulo Ferreira (PS). O autarca acolheu os contributos dos autarcas e vai introduzi-los numa proposta final que representará a posição oficial da câmara sobre o assunto e que vai ser discutida na reunião que se realizará já depois da data de fecho desta edição. O documento será depois remetido ao gabinete que está a realizar o estudo da implementação da alta velocidade para que nele possam constar as preocupações e aspirações do concelho de Vila Franca de Xira.
Com 70 circulações rápidas por dia projectadas para as actuais linhas de bitola ibérica, os autarcas mostram-se muito preocupados com os cenários em cima da mesa. “Se nada acontecer até ao início dessa circulação, e se ela vier a correr nas linhas hoje existentes, dificilmente a circulação regional ou suburbana não será afectada. E essa preocupação com acessibilidade da população do nosso concelho a Lisboa deve ser reforçada com mais ligações e horários, não pode ficar prejudicada”, critica Fernando Paulo Ferreira.
A preocupação é sobretudo com o troço entre Alverca e Castanheira, que tem duas linhas. “Há nesta ligação esse constrangimento que não pode ser posto em causa pela implementação do comboio de alta velocidade, seja ele onde for e onde vá passar”, avisa o autarca, que defende que o concelho já precisa de uma ligação de Metro a Lisboa. “É essa a nossa expectativa”, confessa.
Fernando Paulo Ferreira considera que o ganho de 4 minutos previsto para o troço Carregado-Lisboa, depois de obras no concelho de VFX, “não acrescenta valor” aos passageiros e, pelo contrário, poderá gerar enormes impactos no território. “Este é o momento em que a equipa técnica está a reflectir sobre isto e por isso é o momento certo para lhes colocarmos estas nossas preocupações que temos”, afirma.

Enterrar a linha é solução
Há 25 anos que o PSD de Vila Franca de Xira defende o enterramento da linha no troço entre VFX e Alhandra e foi isso que David Pato Ferreira voltou a defender. Considerando que a alta velocidade é um “assunto requentado” pelos socialistas, mostrou-se contra toda e qualquer obra de alargamento da linha que venha a prejudicar a população. “O que estão a dizer é que todos os comboios locais terão de ser suprimidos para deixar passar os rápidos se a linha ficar como está. A duplicação da linha terá um grande impacto no ordenamento do território. Não podemos aceitar que se destruam as localidades para alargar a linha”, considerou.
Também o vereador José João Oliveira, da CDU, defendeu o enterramento da linha e lembrou que o estudo não traz nada de novo. Apesar de ser favorável à modernização, avisa que a solução pode acabar com grande parte dos comboios intercidades que hoje estão em operação. “A ampliação para três vias será uma agressão que provocará uma perda de identidade das populações. A ocupação de todo o canal ferroviário sem medidas preventivas irá formar uma barreira intransponível, afastando ainda mais as populações do rio”, considerou.
Já Barreira Soares, do Chega, considerou que os locais junto à linha devem ser intocáveis e que é preciso saber em concreto que impactos negativos o concelho sofrerá com a medida e de que forma isso afectará o acesso ao rio e a qualidade de vida da comunidade.

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