Líder da Protecção Civil de Santarém diz que sistema não funciona

Líder da Protecção Civil de Santarém diz que sistema não funciona

Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, foi escolhida para presidir à Comissão Distrital de Protecção Civil do Distrito de Santarém. A autarca refere que o controlo da pandemia e a prevenção dos incêndios rurais são os grandes desafios para o primeiro ano do seu mandato. A O MIRANTE sublinha ainda que falta ao país um verdadeiro sistema de protecção civil.

Anabela Freitas (PS) foi nomeada pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) para presidente da Comissão Distrital de Protecção Civil do Distrito de Santarém, cargo que vai acumular com o de presidente da Câmara de Tomar e da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. No seu primeiro mandato à frente da comissão sucede a Miguel Borges (PSD), presidente do município do Sardoal, e tem como vice-presidentes, Pedro Ribeiro (PS), presidente da Câmara de Almeirim, e Ricardo Gonçalves (PSD), presidente da Câmara de Santarém.
Anabela Freitas explica a O MIRANTE que sempre que há o início de um novo mandato autárquico a associação de municípios nomeia, sob proposta das comunidades intermunicipais, a presidência e vice-presidência da comissão. No distrito de Santarém, como há duas comunidades intermunicipais, houve um acordo para a presidência pertencer ao Médio Tejo e a vice-presidência à Lezíria do Tejo. A autarca socialista salienta a importância da comissão na medida em que reúne várias entidades que se articulam, através da troca de ideias, para dar uma resposta eficiente e eficaz às ocorrências.
Actualmente a agenda está preenchida com a pandemia mas espera-se que a partir de 20 de Março, data em que está previsto o fim do estado de calamidade, se possa começar a preparar a época de prevenção aos grandes incêndios rurais. Anabela Freitas acrescenta que as equipas têm de estar preparadas para lidar com todo o tipo de desafios, nomeadamente cheias, acidentes ferroviários, desastres industriais e questões ambientais, como as alterações climáticas, a poluição e a desertificação.
As reuniões da comissão acontecem todas as quartas-feiras, ao final do dia, onde também está presente o comandante operacional distrital, os representantes de vários ministérios, os responsáveis máximos pelas forças e serviços de segurança no distrito, um representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, um representante do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e um representante da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais.

GOVERNO DEVIA APOSTAR NUM SISTEMA DE PROTECÇÃO CIVIL A SÉRIO

Anabela Freitas não esconde alguma mágoa por não existir ainda no país um verdadeiro sistema de Protecção Civil. A autarca considera que existem demasiadas discrepâncias e que as respostas aos problemas dependem da capacidade que as entidades concelhias e distritais têm em se organizar. “Não existe um sistema nacional desenvolvido que garanta que, em todo o lado, existam respostas adequadas para os problemas. Quem quiser assegurar as respostas para a população do seu território tem de gastar muito dinheiro porque ainda há muito por fazer”, lamenta.
Anabela Freitas dá como exemplo a diferença de tratamento que existe entre as corporações de bombeiros detidas pelos municípios e aquelas que pertencem a associações humanitárias de bombeiros voluntários. “A protecção civil é muito mais do que bombeiros, mas há uma diferença de tratamento por parte do Estado nestas duas modalidades. As câmara municipais não recebem um cêntimo para as corporações de bombeiros que possuem”, refere.
A autarca aponta como outro exemplo dessa discrepância o facto de só as associações humanitárias poderem ter equipas de intervenção permanente (EIP). “Isto é quase como ter a PSP ou a GNR a depender de associações consoante o concelho onde estão inseridas”, critica, acrescentando que existem concelhos no distrito que têm duas ou três corporações de bombeiros. “A multiplicação de recursos é um verdadeiro disparate. No nosso caso, colocámos nos últimos dois anos 37 novos elementos mais profissionalizados que ganham o ordenado de bombeiro sapador. Custa muito dinheiro, mas sei que os tomarenses podem contar com eles a qualquer hora do dia”, vinca.

Texto publicado em 30-01-2022

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