GNR castigado por passar informação a suspeita de tráfico
Um guarda do Núcleo de Investigação Criminal de Santarém (NIC) é suspeito de passar informações a uma mulher que estava a ser investigada e que é suspeita de tráfico de droga.
Outro guarda que estava a controlar as escutas telefónicas e apanhou o colega nas conversas encobriu a situação. Os militares foram para já afastados do NIC e o Ministério Público investiga.
Dois militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Santarém foram constituídos arguidos e afastados das funções no núcleo, um por passar informações a uma mulher que estava a ser investigada e outro por encobrir o colega. Ao que O MIRANTE apurou a mulher é suspeita de tráfico de droga e era informadora do guarda a troco de informações da investigação que sobre ela pendia.
Quando a situação foi descoberta verificou-se que outro militar do Núcleo de Investigação Criminal que ouvia as escutas telefónicas escondeu as comunicações entre o seu colega e a suspeita.
A toupeira foi descoberta quando a mulher foi detida para interrogatório e afirmou ser informadora do guarda do NIC, a quem passava dicas sobre o que se passava na zona de Santarém. Na sequência disso militares da Guarda fizeram buscas no quartel da GNR no local de trabalho do suspeito de ser a toupeira do serviço e em casa deste.
O MIRANTE fez um pedido por escrito ao Comando Territorial de Santarém da GNR para se pronunciar sobre o assunto. O Comando não adiantou muitas informações por o assunto se encontrar em segredo de justiça. No entanto, afirma que os dois militares estão a ser alvo, além de um processo do Ministério Público, de processos disciplinares conduzidos pela própria Guarda. Os dois foram enviados temporáriamente para funções que não implicam lidar com investigações criminais em postos territoriais da região.
OUTROS CASOS QUE ENVOLVERAM MILITARES DA GNR
Em 2014 um militar da GNR foi detido em Almeirim, por suspeitas de corrupção, e foi condenado, um ano depois, a quatro anos de prisão com pena suspensa por igual período. O guarda prestava serviço no Núcleo de Investigação Criminal de Santarém e foi acusado pelo Ministério Público (MP) de pedir quantias em dinheiro a uma mulher de Almeirim. O guarda, com mais de 20 anos de serviço e um registo criminal sem mácula até à acusação, foi obrigado a pagar à queixosa uma indemnização de 10.500 euros.
Também em 2014, um guarda do posto da GNR de Samora Correia foi acusado de ser co-autor de duas dezenas de crimes de furto qualificado, seis crimes de falsificação qualificada, cinco de peculato de uso, um de furto na forma tentada, quatro de abuso de poder, três de corrupção passiva, um de burla, além de autor material de um crime de violação do dever de sigilo na forma consumada, de um crime de peculato e de um crime de uso de documento alheio, bem como instigador de um crime de abuso de poder e de outro de falsificação qualificada.
O julgamento teve mais de 20 arguidos e nele estiveram em causa furtos de toneladas de sucata do interior de uma empresa situada em Samora Correia e simulação de acidentes para burlar seguradoras. O militar fazia de vigilante nocturno na empresa e combinava os momentos em que ocorriam os furtos através da substituição dos cadeados dos portões de acesso e do bloqueio das câmaras de videovigilância.
Texto publicado em 05-02-2022