O cantor rock que viajava de carocha

O cantor rock que viajava de carocha
José Alberto Roque, empresário de Santarém

MEMÓRIA: 16 de Novembro de 2007 - Edição Especial 20 Anos

José Alberto Roque, empresário de Santarém

O curso de Direito em Coimbra ficou a meio. Escapou ao Ultramar mas não à tropa. Deu recruta ao capitão de Abril Salgueiro Maia. E ainda teve tempo para ser vocalista da banda rock “Ratos da Cave” na década de 60. Foram assim os loucos anos da juventude de José Alberto Roque, 62 anos, empresário da Roques de Santarém.
Quando deixou a cidade natal para rumar a Coimbra foi viver num apartamento com outros estudantes ribatejanos.
Com normas precisas que em tudo se assemelhavam às de uma república.
Cada elemento ficava responsável pela ementa durante um mês. Uma funcionária cuidava de preparar as refeições.
E de tratar da limpeza da casa. Recolhia-se o dinheiro de todos. “A ementa era mais suculenta quando havia dinheiro. E ainda melhor quando vínhamos a casa e levávamos coisas”, conta.
De Coimbra vinham de comboio. Ou no carocha do amigo. Às vezes demorava-se um dia a chegar com paragens e desvios pelo meio. Chegado a Santarém subia a encosta ou ia de autocarro. O que não era difícil atendendo a que o avô foi o fundador da camionagem Ribatejana. “Sendo de Santarém também não podíamos descurar as festas que cá se faziam”, ironiza.
Estudava no “Café Portugal”, em Santarém, onde se juntavam muitos estudantes. Passavam horas no estabelecimento.
O café tinha no primeiro andar uma sala de jogos. “Acontecia às vezes deixar os livros em cima da mesa, jogar uma partida de matraquilhos e voltar para estudar”. Foi cantor de um grupo musical. Nas festas de fim de ano de liceu cantava Beatles. “Comecei a tocar bateria mas acharam que tinha jeito para cantar”. Chegaram a tocar na Nazaré. “Era a maneira de passar férias sem gastar dinheiro” revela.
Na juventude devorou todos os livros de Jorge Amado. Continua a ter hoje a paixão pela leitura e tem o hábito de ler antes de adormecer. Até ir para Coimbra ia ao cinema Rosa Damasceno e Sá da Bandeira. Seduzia-se com os filmes de Cóbois e películas francesas. Pertenceu ao clube de cinema de Santarém. Usava calças à boca-de-sino e namorava com a actual esposa com todos os condicionalismos impostos pela época. E caçava. “Chegámos a organizar uma caçada aos patos na Ria de Aveiro”.


Foi cantor de um grupo musical. Nas festas de fim de ano de liceu cantava Beatles e The Shadows. “Comecei a tocar bateria mas acharam que tinha jeito para cantar”, explica. Chegaram a tocar na Nazaré. “Era a maneira de passarem férias sem gastar dinheiro”.


Queria ser advogado. Mas os apelos de petiscos, bailes, idas à praia e passeios na cidade universitária foram demasiado fortes. Perdeu o ano e de acordo com as regras da altura teve que deixar a faculdade e cumprir o serviço militar.
Esteve em Mafra. Passou pela Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Deu instrução ao capitão de Abril Salgueiro Maia, de quem era amigo íntimo. Perto do 25 de Abril esteve para ser mobilizado para o Ultramar como capitão o que não chegou a acontecer.
Não incorporou a coluna que partiu para Lisboa na madrugada de Abril de 1974, mas acompanhou de perto as movimentações do antes e depois. “No 11 de Março sentimos que ia acontecer qualquer coisa e foi organizada uma espécie de força civil que estava desarmada na altura, mas que tinha acesso às armas. Estavam no presídio militar. Quem tinha acesso às armas era alguém com um cartão de grupo sanguíneo com um tipo que não existia…”, recorda.
Nos tempos revolucionários que marcaram a época foi um espectador atento dos comícios, acabou por ligar-se ao PSD e tornar-se vereador da Câmara de Santarém. Depois da tropa ainda se matriculou na Faculdade de Direito em Lisboa mas já era incompatível.
Acabava de integrar a empresa familiar que deu origem à Roques Limitada, que é desde 1971 concessionária da Renault em grande parte do distrito de Santarém.

Faleceu aos 78 anos o empresário José Alberto Roque

José Alberto Roque foi um empresário de sucesso na região ribatejana. Faleceu aos 78 anos e deixou um legado incontornável.

Faleceu com 78 anos o empresário José Alberto Roque. Filho de José Roque, fundador da Roques, Ldª em Santarém, em 1971, e neto de José Roque Dias, fundador, em 1937, da Camionagem Ribatejana.
Pertencia à terceira geração da família do grupo Roques, que actualmente é constituído pela Roques Vale do Tejo (Roques VT, SA), que detém regionalmente a distribuição da marca Renault ao nível da venda e assistência, e pelas Roques CVES, Lda., empresa especializada na comercialização e assistência de viaturas pesadas e equipamentos. O MIRANTE acompanhou a inauguração da Roques Vale do Tejo na zona Industrial de Santarém numa altura em que José Alberto Roque era o interlocutor privilegiado da área comercial de O MIRANTE. Recorde-se que as novas instalações andaram em bolandas cerca de 13 anos para serem inauguradas. No dia 6 de Abril de 2006, e durante a inauguração, não foram esquecidas as críticas à antiga Junta Autónoma de Estradas que dificultou o licenciamento da obra. O texto que republicamos em baixo é uma memória de uma edição de aniversário de O MIRANTE de 16 de Novembro de 2007.

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