Não sou contra o combate à criminalidade e apoio as acções das forças de segurança destinadas a acabar com ligações directas de água ou de electricidade, como aconteceu agora em Coruche mas tem que haver algum bom senso. Com a Protecção Civil a anunciar temperaturas negativas e a meteorologia a falar em frente polar e a comunicação social a referir pessoas que morrem por causa da vaga de frio acho que a acção justa da GNR se transforma numa punição cruel contra famílias que mesmo estando a praticar actos ilegais, têm crianças e pessoas idosas ou doentes.
Já aqui há tempos escrevi para manifestar uma preocupação semelhante sobre a entrada de elementos da polícia de cara tapada e armados de metralhadoras, num bairro social de pessoas maioritariamente de etnia cigana para dar protecção a funcionários municipais que andavam a desligar ligações directas à rede de água. Uma das fotos que vi mostrava crianças a assistir a tal aparato e não soube de nenhuma tomada de posição da Comissão Local de Protecção de Crianças e Jovens. Escrevo para voltar a manifestar a minha preocupação não pelo combate ao crime mas pela forma como ele está a ser combatido.
A minha ideia é esta. Se os funcionários vão de cara destapada, porque é que os polícias vão de cara tapada? Se há crianças por perto e se as armas da polícia são levadas na presunção que possa haver violência e até tiroteio, porque não são essas crianças afastadas do local? Já agora, quantas pessoas foram levadas a tribunal por cometerem roubos de electricidade e água da rede e quantas foram condenadas?
Maria Teresa Vendinha