Crónicas do Brasil | 17-11-2017 10:57

Romance de Aventura, Poetas e Curiosidades

Romance de Aventura, Poetas e Curiosidades
CARTAS DO BRASIL

De Brasília também chegam notícias boas: Lourenço Cazarré envia seu novo livro, Os filhos do deserto combatem na solidão, premiado e editado pela CEPE (Companhia Editora de Pernambuco, 2017), vencedor na categoria infantojuvenil do 2º Prêmio CEPE Nacional de Literatura.

De Brasília também chegam notícias boas: Lourenço Cazarré envia seu novo livro, Os filhos do deserto combatem na solidão, premiado e editado pela CEPE (Companhia Editora de Pernambuco, 2017), vencedor na categoria infantojuvenil do 2º Prêmio CEPE Nacional de Literatura. “Infantojuvenil” é rótulo que disfarça uma história contada em cerca de 150 páginas de intenso e bom lirismo. Cazarré, veterano ganhador dos melhores concursos, é um prosador com os pés na poesia e não perde de vista aquele substrato que os bons romances costumam reter da vida. De capítulo em capítulo, explora com sabedoria e gosto as frestas e concavidades do silêncio, que no pulso de um narrador experiente sempre valem ouro. Tudo temperado com ânimos de liberdade, amizade e lealdade, e todas as marcas da dor e da traição, de lembranças e de saudade, inclusive uma bem dosada e quase indefinível saudade do futuro que o personagem carrega do início ao fim do livro. E, claro, a descoberta do amor, item indispensável em romances de aventura, no melhor estilo do gênero. As ilustrações de Luisa Vasconcelos dão um toque meio Disney à edição, mas vamos a um desconto porque a moça é jovem e tem toda uma estrada pela frente.

E antes que saiam dizendo que ignoro poetas, destaco alguns ainda pouco comentados pela chamada grande mídia, certamente aqueles que mais me surpreenderam no que publicaram nos últimos anos: W. B. Lemos com Rasga-mortalha: poemas dos outros (Circuito, 2014), estreante que promete e cumpre muito, Astier Basílio com Servir a quem vence (Mondrongo, 2015), Alves de Aquino, que é também “O Poeta de Meia-Tigela”, respectivamente com Miravilha: liriai o campo dos olhos (Confraria do Vento, 2015) e Girândola (Substância, 2015), Nuno Rau com Mecânica aplicada (Patuá, 2017), e por fim Salgado Maranhão com A sagração dos lobos (7Letras, 2017), para o qual “tudo é lâmina de espelhos para esconder perguntas”. Sobre todos gostaria de escrever, e incluiria numa mesma matéria outros bons poetas que por ventura tenha esquecido. Mas escrever sobre poesia requer releituras e meditações, algo bastante fora de meu alcance no momento.

No rol das curiosidades, andei buquinando títulos que despertam inevitáveis cacófatos: Barroco de lírios, o hoje raro livro-obra de Tunga, e A cor do invisível, um dos últimos livros de Mario Quintana, grande poeta que, como Drummond, diluiu-se um bocado no final (embora sem nunca abandonar o humor, e sem ter “do que se desculpar ou explicar”, conforme anotou no prólogo da antologia Porta giratória).

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