Crónicas do Brasil | 15-02-2021 16:29

O carnaval no Brasil este ano não vai ser igual

Os desfiles das escolas de samba levam um ano pra serem preparados, e envolvem em torno de 100 mil pessoas, desde as que se envolvem na construção das fantasias e carros alegóricos, até às que desfilam no sambódromo. Porém, como diz a marchinha: "Esse ano não vai ser igual aquele que passou, /eu não brinquei, /você também não brincou".

Como em 1918, esse ano não terá Carnaval no Brasil. Naquela época o impedimento foi a gripe espanhola, dessa vez, a covid-19.
O Carnaval do Rio de Janeiro, o maior do Brasil, do ponto de vista dos organizadores, não pode ser considerado apenas uma manifestação cultural, mas um grande empreendimento, cujos objetivos convergem para obtenção tal qual uma organização tradicional. É uma festa popular brasileira que se tornou marca no Brasil.

Somente no Rio de Janeiro, o carnaval movimenta R$ 2,2 bilhões. São diversas fontes de renda, e muita gente fatura nessa festa; o vendedor ambulante de cerveja, os bares noturnos, sempre lotados, os hotéis e restaurantes com 98% de ocupação, as costureiras de fantasias, os patrocinadores, a televisão e o jornal. Difícil encontrar um vendedor que não se beneficie desse mega, evento.

Seu início no Brasil se deu no período colonial. A primeira manifestação carnavalesca foi o entrudo, brincadeira de origem Portuguesa, que era praticada pelos escravos. Foi proibido em 1841, depois continuou até meados do século XX. Surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os Afoxés, frevos e maracatus, e por fim as escolas de samba.

O Carnaval mostra a essência brasileira, a alma do País, e melhora nossa autoestima.

Os Gringos vêm de muito longe, e pagam caro pra assistir, sabem do valor extraordinário desse evento.

Blocos de rua que voltaram a moda lotaram as cidades com suas tradições peculiares. São milhares de pessoas e seguidores; em 2020 foram mais de 575 blocos oficiais só em São Paulo. Juntaram 15 milhões de pessoas. A economia e a alegria agradecem a passagem desse povo criativo.

Muito da história do Brasil foi contada nas avenidas do samba. Dos navegadores aos imigrantes, os tipos humanos foram representados e desfilaram na passarela. Indígenas, astronautas, o folclore, a África e a cultura ioruba exaltadas, juntamente com nossos problemas sociais. Foram debatidos aos toques do tamborim, o Estado de direito e laico, a desigualdade social, a censura e a opressão.

Os desfiles das escolas de samba levam um ano pra serem preparados, e envolvem em torno de 100 mil pessoas, desde as que se envolvem na construção das fantasias e carros alegóricos, até às que desfilam no sambódromo.

Porém, como diz a marchinha: "Esse ano não vai ser igual aquele que passou, /eu não brinquei, /você também não brincou, /aquela fantasia que comprei,/e a sua também,/ficou pendurada".

Está combinado que vamos ficar em casa e nos preservar, pois, lá fora o bicho está pegando todo mundo. Um século de samba sem parar, somente algo muito grande pra frear esse ensaio sobre a felicidade humana.

A sapucaí, passarela do samba no Rio, hoje foi palco de posto de vacinação contra a covid-19, nada de escolas de samba.
As dezenas de festas clandestinas, com pessoas que continuam tentando se contaminar, são os foliões de norte a sul que fazem a dor de outros, e o congestionamento das UTIs nos hospitais.

O vírus da Covid-19 é esperto e muda de cara periodicamente, mas alguns humanos com caras diferentes não mudam seus hábitos, carnavalescos inquietos procuram a próxima aglomeração.

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