Crónicas do Brasil | 30-05-2022 06:59

O Brasil em véspera de eleições

Vinicius Todeschini

Personagens como o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo são tão bem elaborados para serem risíveis que acabam por criar uma identificação imediata com parte da população. Ele acabou de fazer um vídeo que está no You Tube, onde por mais de uma hora discorre contra a canção “Imagine” de John Lennon. Esqueça tudo que o ex-Beatle criou nessa música, porque a interpretação de Ernesto Araújo supera qualquer expectativa.

                Passamos por tantas coisas, tantas mentiras perduram até hoje, seja por nunca terem sido assumidas ou pela ambiguidade dos personagens que as repetem como verdade. O Brasil seria o lugar ideal para os surrealistas, porém, outros países no passado possuíam os mesmos predicados e, afinal, eles nasceram lá. No entanto, o maior país da América do Sul nunca seria superado se houvesse uma disputa para tal título. Personagens como o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo são tão bem elaborados para serem risíveis que acabam por criar uma identificação imediata com parte da população. Ele acabou de fazer um vídeo que está no You Tube, onde por mais de uma hora discorre contra a canção “Imagine” de John Lennon. Esqueça tudo que o ex-Beatle criou nessa música, porque a interpretação de Ernesto Araújo supera qualquer expectativa…

                O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, se notabilizou em espalhar mentiras sobre as universidades públicas. Uma das maiores foi a de que haviam plantações de Cannabis Sativa cultivadas dentro de estufas nas referidas universidades que, aliás, esse governo quer acabar, pois, um deputado federal da ala governista elaborou um projeto para que as Universidades Públicas sejam pagas. Pela Constituição Federal a gratuidade do ensino é garantida pelo artigo 206. O problema da educação, ou da falta dela, no país não passa pelo fato de que os pobres não conseguem entrar nas universidades públicas, mas sim pela estrutura do ensino que é mal concebida, mal executada e não inclusiva.

O governo Bolsonaro só existe pela indústria de Fake News que montou, assim que percebeu o potencial das redes sociais. O disparo em massa, através de robôs, se tornou arma mais eficaz para divulgar miríades de mentiras que acabaram por se tornar verdade para parte da população, inclusive por aqueles que só teriam prejuízo, como se confirmou, ao eleger um governo neoliberal e golpista. O projeto dos neoliberais é buscar uma forma de cobrar por tudo, para que 1/3 da população que mal sobrevive pereça definitivamente nos escaninhos da miséria e do abandono. As tentativas de destruir o SUS e todos os recursos sociais de apoio à população carente, concomitantemente com a não criação de políticas de mobilidade social, tem destruído pouco a pouco todos os mecanismos de renda mínima e aumentado a concentração de renda nas mãos dos ricos.

As candidaturas começam a se definir com a desistência oficial de João Dória, ex-governador de São Paulo que teve a sua candidatura implodida pelo seu próprio partido. A candidata da Terceira Via é a senadora Simone Tebet, mas o incansável ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, busca, sofregamente, a tão sonhada oportunidade de concorrer à presidência. Ele preparou-se meticulosamente para se mostrar ao país, primeiro foi a um programa em rede nacional de grande audiência se assumir gay, um gay feliz, segundo ele, depois disputou as prévias do PSDB com João Dória e perdeu, mesmo com o apoio do candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, Aécio Neves, e do senador Tasso Jereissati. O ex-governador é um neoliberal que conseguiu, em menos de dois anos do seu governo, destruir várias estruturas de proteção social construídas ao longo de décadas de luta no Rio Grande do Sul.

Por fim, temos a polarização que expõe, finalmente, a divisão que sempre existiu nesse país, entre conservadores e os que tiveram que entender que, mesmo sendo conservadores, eram pobres e jamais romperiam com esse ciclo interminável de gerações destinadas à pobreza se não transformassem essa situação. Daí nasceram os movimentos para a esquerda, mas ainda assim com sérias dificuldades de romper os valores paternalistas, machistas, racistas e colonialistas. Estas heranças malditas permeiam todos os vícios e decadências de muitos partidos que foram criados para defender o povo, mas se corromperam pelo caminho, como o PTB, por exemplo, que era originalmente o partido de Leonel Brizola.

Lula versus Bolsonaro, tudo indica que esta polarização seguirá até o resultado final das eleições, não parece haver uma terceira força capaz de romper com isso. A pouca consciência da população ainda permite muitas manobras dos conservadores na tentativa de cooptá-los para o seu projeto anti povo. É através das religiões fundamentalistas em constante crescimento que esse movimento acontece e não pode ser subestimado, sob pena de se perder um segmento que poderá decidir o desfecho das eleições.

Vinicius Todeschini 27-05-2022

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