Crónicas do Brasil | 15-11-2022 06:59

Os Fascistas Inconformados e as Lágrimas de Lula

Vinicius Todeschini

Não haverá país nenhum se isso continuar indefinidamente, porque ontem, dia 10 de novembro de 2022, quando o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, falou que não pode haver equilíbrio fiscal a despeito da fome do povo e chegou às lágrimas quando falou da volta da fome no Brasil, o mercado se encrespou, a Bolsa caiu e alguns economistas neoliberais de plantão vieram a público atacar o presidente ( : ) Agora que as máscaras caíram, não é possível mais se enganar com o escol do país, porque, além de colonizados, não abrem mão de serem colonizadores.

Os bolsonaristas ainda seguem em acampamentos ao lado de quartéis, rezando ajoelhados em frente aos muros de corporações e pedindo intervenção militar ao som dos discursos inflamados de pastores que perderam o acesso privilegiado ao Palácio do Planalto. A maioria dos manifestantes são cooptados em sua ignorância ignominiosa por líderes interesseiros, mas a enorme confusão criada por tantas mentiras repetidas aos quatro ventos é tanta que não sabem exatamente o que é e o que não é. A falta de conhecimentos sobre o sistema político é tamanha que basta um dos representantes da extrema-direita gritar fogo que todos saem correndo, mesmo não havendo fumaça. É o país assumindo as suas várias faces e é a vez da extrema-direita mostrar o que pensa do país e dos seus compatriotas. Não querem políticas sociais, não querem políticos, sem perceberem que o ser humano é inerentemente político, independentemente de ter essa consciência ou não. Eles demonstram não ter, mas seus líderes, que são muito políticos, não só têm clara essa consciência, como sabem muito bem o que querem.

Acreditar em regimes totalitários -de qualquer ideologia- e aceitar seus arroubos vingativos contra os que discordam, fechar os olhos e os ouvidos para as suas práticas de perseguições, torturas e assassinatos contra os opositores desses regimes cruéis, parece ser uma faceta de muitos milhões de seres. Só assim é possível entender porque tanta crueldade é aceita por tanto tempo pelo povo, quando está sob esses regimes. Os expurgos de Stalin contra os seus opositores, à guisa de depuração ideológica, não encontrou resistência real e foi necessário ele morrer para os seus crimes serem expostos pelo seu sucessor, Nikita Khrushchov. No Brasil um dos defensores do stalinismo, Luís Carlos Prestes, chamado de “Cavaleiro da Esperança” pelos seus admiradores e um dos líderes da Coluna Prestes, que percorreu o interior do país nos anos 20 do século passado, sentiu-se órfão do “Grande Pai”, assim como milhões pelo mundo afora. É a realidade caindo sobre o idealismo cego que nada vê quando se trata de enxergar a própria verdade. Stalin rivaliza com Hitler em atrocidades, muito embora tenha sido considerado um herói na luta contra o nazismo. O mundo não é fácil de entender, por isso parece que a maioria não quer pensar de fato e prefere apenas seguir quem lhe guie.

O Brasil é um caso muito específico, pois aqui o processo de colonização em camadas deu muito certo. O processo em si consiste em transpor o colonizador ao colonizado, formando uma mentalidade que começa no topo da pirâmide social até que os mais pobres reproduzam o mesmo comportamento. Quando você assiste pessoas de camadas sociais mais simples a defender um governo que, em seus quatro anos de governança, promoveu a maior retirada de direitos conquistados, arrochou salários e aumentou ainda mais a desigualdade no país, não há como negar que o processo funcionou muito bem. Poucos países no mundo tem uma quantidade tão grande da população à disposição para os manipuladores de plantão, como o Brasil. Uma frase que se lê em faixas espalhadas nessas manifestações corrobora isso: “O STF é o povo”. Frase complexa porque traz em si muitas possibilidades de análise, mas a grosso modo, é ambígua. O STF realmente é a instância definitiva de um país democrático e onde à Constituição deve ser referendada e defendida porque é a Carta Régia do país, mas não é ela que os bolsonaristas defendem, eles querem, simplesmente, uma ditadura com um ditador cruel, que persiga quem eles consideram inimigos e defenda seus negócios, porque se julgam os únicos merecedores.

Não haverá país nenhum se isso continuar indefinidamente, porque ontem, dia 10 de novembro de 2022, quando o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, falou que não pode haver equilíbrio fiscal a despeito da fome do povo e chegou às lágrimas quando falou da volta da fome no Brasil, o mercado se encrespou, a Bolsa caiu e alguns economistas neoliberais de plantão vieram a público atacar o presidente. A reação ao discurso de Lula escancara uma verdade; não aceitam que as riquezas sejam distribuídas democraticamente e de forma justa, não aceitam quem não siga um capitalismo selvagem concentrador de rendas que levou o país a ser um dos líderes das injustiças sociais e um dos campeões em desigualdade social no mundo. Agora que as máscaras caíram, não é possível mais se enganar com o escol do país, porque, além de colonizados, não abrem mão de serem colonizadores.

Vinicius Todeschini 11-11-2022

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