O Politicamente Correto é...
Jesus nos ensinou que, ao ser convidado para uma festa não devemos ocupar os melhores lugares para não corrermos o risco de ser convidado pelo anfitrião a mudar para outro, em função de haver convidados mais importantes, por isso o ideal é sentar-se nos últimos lugares e evitar tal constrangimento. Além disso, se quem convidou lhe pedir para ocupar um lugar de maior destaque você será honrado por tal distinção.
O politicamente correto acabou se tornando um arsenal para a persona - esta máscara social que usamos para conviver socialmente em todos os níveis - mas antigamente era mais fácil seguir o que as setas recomendavam. As entradas e saídas sinalizadas davam aos mais espertos uma espécie de manual de instruções de como agir e o que dizer em cada situação social, porém, já não é mais assim, porque existem muitas polêmicas acontecendo e as patrulhas ideológicas voltaram a atuar para exigir atitudes e comportamentos. Jesus nos ensinou que, ao ser convidado para uma festa não devemos ocupar os melhores lugares para não corrermos o risco de ser convidado pelo anfitrião a mudar para outro, em função de haver convidados mais importantes, por isso o ideal é sentar-se nos últimos lugares e evitar tal constrangimento. Além disso, se quem convidou lhe pedir para ocupar um lugar de maior destaque você será honrado por tal distinção. Isso era um preceito, uma norma de convivência, mas hoje em dia tudo está mais dinâmico e o manual pode ser atualizado a qualquer momento, ou seja; o texto pode ser apagado e reescrito com outras palavras, facilmente.
O psicólogo canadense, Jordan Paterson, tem se destacado por municiar uma contra ideologia em oposição ao politicamente correto, o que não deixa de ser uma ideologia, assim como a contracultura não foi uma completa antítese ao que estava posto, porque nunca conseguiu sustentar no tempo a sua práxis e foi absorvida pelo sistema. Uma calça rasgada com as próprias mãos simbolizava rebeldia, mas há muito se tornou, apenas, mais um produto manufaturado pela indústria. Paterson representa - hoje em dia - nas dinâmicas ligadas ao academicismo predominante - uma voz dissonante no país que pretende ser o mais politicamente correto do mundo, o Canadá. Ele apareceu para o grande público ao se opor à Lei C-16, do governo Trudeau, que criminalizou a discriminação contra transsexuais, travestis e pessoas não binárias. Na prática ele não aceitou usar os pronomes neutros, considerando isso uma luta contra a correção da linguagem e a favor da liberdade de expressão e isso o tornou uma celebridade.
Ao tentar criar uma regulamentação para o que é publicado nas redes sociais o governo atual está sendo taxado de autoritário e cerceador da liberdade de expressão. Como enfrentar a indústria de mentiras sem ferramentas que reponham a verdade dos fatos? Eis o grande desafio da nossa época!
O surgimento de novas formas identitárias deixou os conservadores atônitos e sem argumentos plausíveis para se opor à nova pauta de reivindicações e muitas pessoas se tornaram reativas ao politicamente correto. Consideraram muita prepotência e arrogância desconsiderar tudo o que foi construído pela cultura humana nos últimos séculos de dominação burguesa e acharam isso o equivalente a jogar a água da banheira fora junto com o bebê. No entanto, aceitam líderes da extrema-direita como Trump e Bolsonaro que são negacionistas e tem total descaso pelo meio-ambiente, uma pauta que mesmo os opositores do politicamente correto consideram importantes. Por isso o psicólogo canadense causou um efeito lenitivo neste segmento com o seu leque de argumentos desafiadores ao status quo acadêmico. Ele, é claro, enfrentou resistências pelas suas posições e foi advertido pela Universidade de Toronto, através de uma carta, que a sua recusa em usar pronomes neutros revela intenções discriminatórias. Isso, no entanto, serviu como tempero para o seu verniz de “intelectual testosterona”. Seu canal no You Tube superou um milhão de inscritos com uma audiência 80% masculina, como ele mesmo divulga com orgulho.
Os debates nas redes sociais acabaram com as outras modalidades para discussões de ideias, porque frente a frente os adversários continuam usando as velhas táticas de enfrentamento, mas em seus espaços nas redes sociais agem como roteiristas, produtores e diretores de novas narrativas (para usar uma palavra recorrente) sem considerarem o fato que isso será investigado e desmentido na maioria das vezes. Na verdade, fazem isso para manter o seu público fiel, pessoas que se recusam a fazer uma autocrítica em relação aos equívocos sucessivos que ajudam a divulgar. Ser contra a Esquerda se transformou em “profissão de fé” para milhões de pessoas e para isso é necessário ter muita munição e esta é a função desses políticos que trabalham pelas redes sociais para sustentar uma guerra ideológica que, se examinada com mais profundidade, não tem nenhuma base consistente.
A deputada federal Carla Zambelli, um fenômeno das redes sociais sem lei, está sendo investigada e a chance da sua cassação é muito grande. Ela já protagonizou cenas dantescas, uma delas foi quando perseguiu armada um militante do PT pela rua. O fato desagradou os seus próprios pares, que colocaram na conta da deputada o prejuízo causado na campanha de Bolsonaro em função dessa atitude tresloucada. O que está sendo investigado agora é a sua ligação com “o hacker da Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto, preso pela Polícia Federal (PF) na quarta-feira, dia 2. Um dia depois foi realizado uma busca e apreensão de documentos e bens em endereços de Zambelli e na próxima segunda-feira está marcado o seu depoimento na PF. O prognóstico para o seu futuro político é o pior possível, porque toda a sua carreira foi forjada em cima de fake news, assim como a maioria dos políticos dessa nova safra da extrema-direita. Ao tentar criar uma regulamentação para o que é publicado nas redes sociais o governo atual está sendo taxado de autoritário e cerceador da liberdade de expressão. Como enfrentar a indústria de mentiras sem ferramentas que reponham a verdade dos fatos? Eis o grande desafio da nossa época!
Vinicius Todeschini 03-08-2023