O que dizer no fim do mundo?
Pensar no fim do planeta, ou mesmo, em uma guinada para uma condição muito difícil de sobrevivência parece agradar ‘a Elite do Atraso Mundial’, como se isso fosse decretar o fim da pobreza pela eliminação dos pobres e miseráveis, sem recursos para se adaptar a uma vida completamente inóspita que, inevitavelmente, chegará.
O que é mais difícil: morrer ou viver? Respostas impossíveis exigem criatividade dos candidatos a autores, porém não há quem possa responder objetivamente esta questão, assim tudo é subjetivo e o resultado do revolver é o moído, o revirado, a suculência profunda e artificial que não resiste, sequer, ao princípio da falseabilidade de Popper. “A civilização se tornou tão complicada/Que ficou frágil como um computador/Que se uma criança descobrir o calcanhar de Aquiles/Com um só palito para o motor”. (Raul Seixas). Assim caminha a humanidade, sem alterar o rumo que está nos levando ao desastre e a cada nova geração -porque a dança das gerações altera objetivos e códigos e as torções são inevitáveis- o individualismo cresce, assim como os retrocessos que remetem ao novos anacronismos, criando assim um paradoxo sem sentindo, mas real; é o novo renovando o velho, é a morte financiado a vida dos poderosos.
Ouvi algumas pessoas dizerem, antigamente, que o mundo acabará em fogo, porque antes houve um grande dilúvio, que está relatado na Bíblia como a Arca de Noé. A saga é discutida até hoje, mas a ciência jamais encontrou provas da sua existência e existem tantas teorias contraditórias que, provavelmente, nunca saberemos de fato se aconteceu ou não. Por isso continuará sendo o que é, atualmente: uma lenda advinda da tradição oral que, finalmente, foi compilada ao maior best-seller da história, a Bíblia. “Todas as lendas são assim/Pra relembrar o que não aconteceu” (Aldir Blanc). Os humanos são atraídos pelo eterno, talvez porque em seu inconformismo nunca aceitaram o seu destino mortal, mesmo que tenha servido para criar inúmeras epopeias e odisseias.
O avanço da Extrema-Direita com suas pautas retrógradas se deu, justamente, pelas possibilidades que a tecnologia digital atual, de uso massivo e sem regulamentação, oferece, como são as redes sociais. O reconhecimento do estrago causado e, o potencial para perpetuar a desvalia atual, chamou a atenção de governantes e legisladores que, parecem ter despertado sobre os efeitos nefastos causados pelas fake news produzidas em escala industrial e disparadas, instantaneamente, por mecanismos chamados ‘robôs’ para um número incalculável de pessoas. Regulamentar as redes sociais é imprescindível, pelo menos para mitigar os efeitos nefastos mais imediatos, porque todos nós dependemos uns dos outros, mesmo que isso nos custe um certo ressentimento, pois somos egoístas de formação, mas é preciso voltar urgentemente a valorizar a tolerância como a única forma de sobrevivermos em sociedade.
O planeta Terra está chegando ao limiar de uma Era, onde urge uma atitude radical e definitiva sobre o equilíbrio ambiental. A verdade é que, mesmo aceitando isso, muitas pessoas poderosas não sentem a premência de começar imediatamente. Procrastinadores exímios quando se trata dos problemas da maioria, os políticos atuais, essencialmente, são assim e não há nenhuma perspectiva de mudança para melhor, muito pelo contrário, e a grande popularidade das lideranças negacionistas da questão climática, apenas corroboram isso. Pensar no fim do planeta, ou mesmo, em uma guinada para uma condição muito difícil de sobrevivência parece agradar ‘a Elite do Atraso Mundial’, como se isso fosse decretar o fim da pobreza pela eliminação dos pobres e miseráveis, sem recursos para se adaptar a uma vida completamente inóspita que, inevitavelmente, chegará se não houver uma guinada imediata no modelo atual de civilização. Por isso, pensar no que se vai dizer no fim do mundo não parece algo tão remoto assim.
"O dia em que a Terra parou" -aquele velho filme de 1951- retrata um mundo visitado por um alienígena que se mistura com a população comum e cria uma certa empatia por ela, mas quando tem que tratar com as lideranças o relacionamento muda completamente. Klaatu, 'o alienígena', se decepciona com a rejeição da sua proposta de paz encaminhada aos governantes, porém conclui que nem todos os humanos são maus, entretanto os maus é que mandam. Ele é atacado, ferido e finalmente ressuscitado pelo seu robô Gort, que o acompanha na missão para protegê-lo. A simples presença de uma arma tão poderosa em sua missão, confirma que ele sabia com quem estava tratando, porém, ainda assim queria dar uma chance a uma espécie que insiste em viver da pior maneira possível: de guerra em guerra.
Terra/És o mais bonito dos planetas/Tão te maltratando por dinheiro/Tu que és a Nave nossa Irmã (Beto Guedes-Ronaldo Bastos). Brincar com a Natureza é algo perigoso e imprevisível (:) o Aquecimento Global é um fato, mesmo negado por miríades de humanos que desejam continuar seguindo o atual modelo predatório: sonegador da igualdade e da solidariedade entre os povos. Queimadas no Pantanal, seca na Amazônia, enchentes no Sul, o desaparecimento de praias, enfim os sinais estão aí para quem quiser enxergar e o pior cego é aquele que não quer ver. O sionismo expansionista e belicoso, como política de Estado de Israel, querendo redesenhar o mapa do Oriente Médio; Putin querendo recriar a URSS; a nova era de pobreza dos argentinos pela adoção de um modelo radical de neoliberalismo, por Milei; a diáspora venezuelana causada por Maduro, o que não falta são motivos para alarme, mas mesmo que não tenhamos os meios para evitar o fim podemos acordar para o fato, assim começaria a reação que pode nos salvar.
Vinicius Todeschini 21-10-12024