Crónicas do Brasil | 11-01-2025 13:50

Big Techs versus Estados (enfraquecê-los para possuí-los)

Vinicius Todeschini

Os gêmeos Winklevoss ganharam US$ 65 milhões no primeiro processo contra o dono do Facebook, mas em 2010 voltaram à carga alegando que isso não era suficiente ( : ). Não foram só eles que o processaram, o brasileiro Eduardo Saverin, seu ex-colega, conseguiu na Justiça provar a sua participação e hoje ganha 5% do faturamento da empresa e é classificado pela Forbes como o número 365 entre os homens mais ricos do mundo.

Lamber os pés de ídolos de barro é tarefa de uma espécie de novo clero, surgido após o advento do big-bang das redes sociais (hoje, bilhões de pessoas não conseguem viver sem elas, “de jeito maneira” - como diria Tim Maia). Lamber tais pés geram muita lama, porque o barro se liquefaz ao contato com tanta saliva. Mark Zuckerberg, ‘um dos ‘Papas’ desse novo clero’, não titubeou e nem teve qualquer prurido em se jogar aos pés do novo presidente americano: ‘O Papa do Meta lhe saúda. Ó! Rei das Fake News’, de agora em diante não haverá mais nenhuma restrição a elas’! Fake News criadas em cima do ressentimento nacional da classe média branca do interior dos EUA, empobrecida e jogada à mercê da sua mediocridade.

Os gêmeos Winklevoss ganharam US$ 65 milhões no primeiro processo contra o dono do Facebook, mas em 2010 voltaram à carga alegando que isso não era suficiente. A história começa em Harvard quando Zuckerberg se apropriou da ideia dos gêmeos que era, inicialmente, uma rede para alunos da universidade. Não foram só eles que o processaram, o brasileiro Eduardo Saverin, seu ex-colega, conseguiu na Justiça provar a sua participação e hoje ganha 5% do faturamento da empresa e é classificado pela Forbes como o número 365 entre os homens mais ricos do mundo, com um US$ 1,15 bilhão. Saverin foi diretor financeiro no início do Facebook/Meta, uma das Big Techs cujo escopo é enfraquecer os Estados para depois se apossar deles de forma discricionária e criar regimes onde não existirão mais cidadãos, todos serão reificados a condição de ‘consumidores’, ou seja; sem direito algum se não consumirem; o plano não é combater a miséria, mas os miseráveis, produzidos em escala industrial pelo neoliberalismo.

A Extrema-Direita com duplas mensagens consegue cooptar as mentes confusas dos atuais cidadãos de classe média, média baixa e pobres (entre 2 e 5 salários-mínimos) quando prega liberdade de expressão, porque na verdade o objetivo é não ter limites para inventar e propagar o que quiser quando for oportuno. Por isso, Mark Zuckerberg derrubou o programa de checagem dos fatos, fazendo o Conglomerado Meta, dono do Facebook, Instagram e WhatsApp, entre outros, seguir o mesmo caminho de Elon Musk, após comprar o Twitter e mudar seu nome para X. Agora a checagem das notícias ficará a cargo dos cidadãos realmente interessados na verdade, mas, assim mesmo, só terá valia depois de muitos desmentidos, tornando ainda mais fácil o caminho dos reais inimigos da liberdade, porque não existe liberdade sem verdade. Porém, Zuckerberg sai atrás de Musk, que demonstrou mais esperteza e agilidade e já está dentro do governo Trump, que promete afundar ainda mais os EUA em sua nova saga.

A espírito subserviente na patética declaração pública de Mark Zuckerberg a Trump sobre o fim do ‘programa de checagem dos fatos’, seria apenas risível se não fosse trágico. Foi constrangedor assistir a isso, mas para ele não demonstrou qualquer prurido em se atirar aos pés do novo mandatário norte-americano, por aí se tem uma ideia dos que algumas pessoas são capazes para estar no Poder ou próximo a ele. Vivemos tempos em que a vida do planeta está em processo adiantado de degradação, com 84% de energia suja produzida diariamente e jogada na atmosfera, contra apenas 14% de energia limpa, além disso esse processo poderá ser acelerado pela Kakistocracia no poder, existem armas para isso e a cada nova reunião dos países mais poluidores a pouca vontade com essa questão fica estampada.

Trump, um dos piores quadros que a política atual colocou na presidência dos EUA, joga um jogo perigoso, porque embora sempre tenha sido uma farsa, um gambler, ele criou um personagem que cooptou todo os desvarios dos norte-americanos, derrotados pela concorrência cada vez maior e mais qualificada de outros povos. No entanto, não esqueçamos que, por detrás dessa persona está um homem acostumado a consumação dos seus desejos e o maior é ser o dono do mundo, mesmo que por pouco tempo, porque já está velho, mas o projeto desses extremistas está muito claro e em curso: se apossar de tudo e para isso estão sistematicamente tentando desconstruir os Estados para firmar Conglomerados no comando, onde a Lei e a Ordem passem a ser o que eles ditarem, sem nenhum escrúpulo ou limite.

O final dos tempos pode ser logo ali adiante ou ainda demorar um pouco mais, mas o inevitável -na marcha em que estamos seguindo- acabará acontecendo e não será bonito de assistir. O aumento da miséria e da degradação no planeta está drenando todo o respeito à vida e aos bons valores que a civilização construiu a duras penas, ainda assim nos apegamos à mínima possibilidade de sair desse charco de desgraças. Os norte-americanos posaram de heróis -via Hollywood- quando na verdade sempre foram vilões, se achavam invencíveis, mas foram derrotados de forma vexatória no Vietnã, com todos os componentes de vilania e covardia que se conhece. Tentaram de todas as formas reverter sua derrota criando filmes onde seus “heróis” derrotam aqueles homens de compleição física menor, mas que eram imbuídos pelo espírito genuíno e inquebrantável dos que lutam por uma causa justa. O país que exporta para o mundo o consumismo como estilo de vida está nos levando ao fim dos tempos e, agora, com ‘o mestre do desastre’ no timão, somados a Elon Musk e ao sabujo Mark Zuckerberg, estamos feitos...

Vinicius Todeschini 10-01-2024

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