Crónicas do Brasil | 07-03-2025 08:59

A Era Trump – Mas - Ainda Estou Aqui

Vinicius Todeschini

Trump é um engendro do inferno e como tal será incansável em estressar o mundo, porém distrai a atenção sobre a economia do seu país. A promessa de uma Era Dourada nunca será alcançada e a maioria dos brancos pobres que votaram nele continuarão assim, enquanto os brancos ricos ficarão ainda mais ricos. Ao acabar com os limites para a exploração do solo, Trump também cria condições para acelerar o aquecimento global.

Criamos as técnicas, as tecnologias, mas não aprendemos a viver. A espécie humana criou tantas distinções e separações, que se consubstanciaram em castas, classes e confrarias, sem se dar conta que o fim do mundo poderia ser abreviado se não cuidássemos da nossa nave mãe. Agora enfrentamos um perigo muito mais temível, fruto de um triângulo mortal entre: tecnologia, poder econômico e neofascismo. Beyoncé é mais uma artista que pretende sair dos EUA, por conta da situação que está acontecendo em seus país; cujo presidente Trump, criou o cargo de “primeiro-ministro” para alojar Elon Musk, o maior candidato à vaga de anticristo na configuração do novo apocalipse. “Não posso viver na América pelos próximos 4 anos e respirar o mesmo ar que Elon Musk”, disse ela. Richard Gere, Barbra Streisand, Whoopi Goldberg, Eva Longoria, a lista é interminável e inclui a mais famosa apresentadora de televisão dos EUA de todos os tempos, Oprah Winfrey. Claro que todos têm o privilégio de sair porque são milionários, mas a maioria dos norte-americanos terá que vivenciar esta distopia de perto e dia a dia.

O pastor e deputado federal do MDB pelo Rio de Janeiro, Otoni de Paula, afirmou que o novo anticristo deverá emergir do conservadorismo: “Não se espante porque o Anticristo, de acordo com a bíblia, não será alguém vindo do progressismo. O Anticristo, de acordo com os detalhes que a bíblia dá, ele virá do conservadorismo, possivelmente virá da própria direita. Porque a bíblia diz que ele será uma figura tão convincente que se possível for vai engana até os salvos, os escolhidos. Ora, diz que vai enganar Israel". Ele segue com o raciocínio; "Anticristo é alguém pró-família, pró-Israel, alguém pró-valores alguém e que defende nossos princípios. E, lá na frente, diz a Bíblia, vai se revelar o Anticristo. Então, o Anticristo não pode vir da esquerda, porque senão vai me enganar, não dos ares progressistas. Mas se virá com capa protetora de Deus, Pátria e Família, aí posso me enganar porque veio com uma capa que me agrada", completou. Tanto a declaração quanto os erros de português ficam por conta do deputado bolsonarista.

O episódio no famoso Salão Oval da Casa Branca, entre Donald Trump, Volodymyr Zelensky e o vice-presidente norte-americano, J. D. Vance, entrará para a história como uma das coisas mais bizarras protagonizadas por pessoas que deveriam se comportar, minimamente, como estadistas. O presidente dos EUA a cada nova ação confirma o que se esperava dele, mas, ontem, no discurso mais longo de um presidente no Congresso norte- americano de 25 anos para cá (1 h e 40 min.), além do tarifaço, ameaçou anexar o canal do Panamá e a Groenlândia, e chamou o primeiro-ministro canadense de governador, como se o Canadá fosse o 51º estado. Trump é um engendro do inferno e como tal será incansável em estressar o mundo, porém distrai a atenção sobre a economia do seu país. A promessa de uma Era Dourada nunca será alcançada e a maioria dos brancos pobres que votaram nele continuarão assim, enquanto os brancos ricos ficarão ainda mais ricos. Ao acabar com os limites para a exploração do solo, Trump também cria condições para acelerar o aquecimento global, que está em pleno curso, com fenômenos desnaturados, hiperbolizados e devastadores. A salvação se tornará impossível, em algum momento, mesmo para os poderosos, porque não poderão viver em uma bolha, indeterminadamente, ou ir para outro planeta.

Por outro lado, o filme brasileiro, Ainda Estou Aqui, trouxe para terras brasileiras o primeiro Oscar, depois de 22 ‘bolas na trave’. Nas outras tentativas, apenas 4 longas conseguiram ser indicados ao prêmio maior da Academy Awards, foram eles: O Pagador de Promessas (1963) , grande vencedor da Palma de Ouro em Cannes, do diretor Anselmo Duarte; O Quatrilho (1996), dirigido por Fábio Barreto; O Que É Isso Companheiro (1998), do diretor Bruno Barreto (irmão de Fábio, falecido precocemente no ano de 2019 em um acidente de carro) e Central do Brasil (1999), do mesmo diretor e vencedor do Oscar, Walter Salles. Passaram-se mais de duas décadas e meia até que o feito fosse alcançado, mas finalmente o cinema brasileiro, que sobreviveu à perseguição e ao desmonte promovido pelo governo bolsonarista, alcançasse a cobiçada premiação. Para a Extrema-Direita isso foi um golpe duro, porque ressignifica a tragédia de 64.

O filme é brilhante e está conseguindo levar, de forma sutil, uma mensagem mais profunda para as novas gerações que não tem um registro emocional do que foi a ditadura no Brasil. Bolsonaro, quando votou a favor do impeachment de Dilma, em 2016, de forma calculista homenageou um dos maiores criminosos daqueles anos, o coronel Brilhante Ustra, um sádico cruel responsável por 45 mortes, segundo a Comissão da Verdade. Ustra era impiedoso e, além de comandar um time de torturadores, também torturava pessoalmente, quando estava insatisfeito com o serviço dos seus comandados. Morou até a sua morte em um casa de alto padrão em Brasília e seus descendentes ainda recebem pensão do Estado, uma mancha a mais na nossa história. O Brasil precisa se olhar em um espelho desnudado de vaidades e veleidades, só assim se enxergará como realmente é: a miséria, o racismo, a exclusão, a exploração, em todas as formas e agoras enfeitadas por um discurso de prosperidade e empreendedorismo, escondem a verdadeira intenção das elites, tornar o Estado refém e manter os pobres em seu lugar.

Vinicius Todeschini 03-03-2025

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