A Diáspora bolsonarista
A dispersão dos bolsonaristas pelo mundo visa aproveitar o momento em que a extrema-direita conseguiu chegar ao poder em países importantes; como a Itália, Hungria, EUA e Polônia.
Bolsonaristas derrotados pela democracia brasileira decretaram que a única saída possível é a saída, com o perdão da redundância. Nos EUA temos o fugitivo da Justiça, Allan dos Santos, que sobrevive nos EUA como motorista de aplicativo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se licenciou para conspirar junto ao governo norte-americano contra a democracia e, principalmente, contra o STF, onde a figura do ministro Alexandre de Moraes é o objeto principal do ódio bolsonarista. Com a vitória de Trump e a ascensão de uma Caquistocracia aos mais altos cargos executivos do Tio Sam, a declaração do secretário Marco Rubio sobre possíveis sanções ao ministro Moraes não causou nenhuma surpresa, apenas confirmou o nível de governo que está instalado por lá. As perseguições aos imigrantes -os verdadeiros responsáveis pela existência dos EUA- a tentativa de criar um neocolonialismo através da intimidação militar e uma política econômica ultrajante, que só cria dificuldades para o planeta e para a própria nação que produz essas ações, confirmam o desacerto de se eleger governantes assim. Em seu delírio napoleônico, Trump é incansável em inventar mentiras e criar fantasias paranoicas, mantendo assim a opinião pública atordoada, como em um reality show onde o desastre é o final mais provável.
A deputada federal Carla Zambelli, condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal – STF, fugiu do país e anunciou em suas redes sociais mais uma série de mentiras para justificar a sua fuga. Ela, uma mentirosa contumaz, uma criadora incansável de fake news e com a sua fuga confirma tudo aquilo que se esperava dela, que continuará a sua saga até que, finalmente, seja parada pela Justiça, mesmo que tardiamente. A dispersão dos bolsonaristas pelo mundo visa aproveitar o momento em a Extrema-Direita conseguiu chegar ao poder em países importantes; como a Itália, a Hungria, os EUA e a Polônia, onde um aliado de Trump, Karol Nawrocki, ganhou as eleições por 50,09%, contra 49,1% de Rafal Trzaskowski. Foi a vitória de um conservador contra um liberal, o que tem sido recorrente em alguns países, mesmo os que já viveram o atraso do autoritarismo e da xenofobia imposta por regimes discricionários. A explicação mais plausível para isso é: a ansiedade intensa e generalizada das pessoas por soluções mágicas, como as que a Extrema-Direita promove, propondo saídas que sempre passam pela invenção de um inimigo, para em seguida persegui-lo, massacrá-lo e deixar tudo muito pior do que era antes.
O grande desastre do mundo atual é o tamanho do retrocesso que Trump conseguirá alcançar em seu mandato. Trump encarna o lado mais sombrio da humanidade, é um indivíduo vingativo e está sempre atrás de alguma querela para chamar a atenção e assim desviar o foco de uma obviedade; ele não tem projeto algum para o seu país, mas tem ambições desmedidas, típicas de um candidato a ditador, como bem disse o principal general norte-americano, Mark A. Milley, em seu discurso de despedida do seu mandato de 4 anos. Por isso, pessoas abaixo de qualquer crítica, pessoas com falhas graves de caráter, que pregam a desconstrução das instituições democráticas, que tentam dar golpes de Estado, enfim, pessoas desprovidas de qualquer traço de grandeza e incapazes de atingir sequer a mediocridade, grudam nestes líderes messiânicos, que conseguem iludir as massas, e tentam tirar proveito, oportunistas que são, pegando carona na cauda desses cometas que surgem de quando em quando na humanidade.
Repetir mentiras indefinidamente é uma estratégia que contém diversas táticas, mas elas são monocromáticas e por esta limitação acabam cansando o ‘público-alvo’. É aí que entram os que possuem maior capacidade de atuar e repetir as mesmas narrativas em outras plagas. Isso é justamente o que fazem os bolsonaristas atualmente, tentam levar suas mentiras a outros países, aqueles, é claro, onde os atuais governantes são da mesma linha ideológica. Os EUA, onde se encontra Eduardo Bolsonaro, está se transformando em um remake do livro que virou série, “The Handmaid’s Tale”, da escritora canadense Margaret Atwood. Trump, na verdade, como a maioria desses líderes de Extrema-Direita, não acredita em Deus, mas é um pragmático, que acredita sim, que os fins justificam os meios, e por isso usa sem nenhum escrúpulo qualquer coisa disponível para inventar os maiores absurdos.
Em seu livro, “Os Monstros de Hitler-Uma história sobrenatural do Terceiro reich”, o historiador norte-americano, Eric Kurlander, deslinda a relação entre o nazismo e o misticismo, a começar pela própria suástica. O escritor aprofunda essa relação e confirma, com inúmeros exemplos, como isso foi definitivo para criar e estabelecer as conexões entre os simbolismos do nazismo e suas ações. Para justificar atos descabidos é necessário, além da projeção dos problemas em um inimigo imaginário, artifícios para justificar a irracionalidade de alguns governantes, cujo único escopo é chegar ao poder, acabar com os seus adversários e lá se perpetuar indefinidamente. A diáspora bolsonarista tenta agora mais esta cartada, justamente quando o seu líder, Jair Bolsonaro, está prestes a ser condenado e preso, mas como todo blefe, depende da crença do adversário nas cartas que você diz possuir, o jogo pode já estar perdido.
Vinicius Todeschini 03-06-2025