Severino, Bolsonaro, Genocídio e Guerras
Não basta ganhar eleições, é preciso destruí-las também, para que não haja mais risco de perder alguma. Severino se aposentou antes da tenebrosa Reforma da Previdência, feita pelo governo bolsonarista, entretanto, ele não demonstra qualquer preocupação com o povo -que ele diz representar- e que teve direitos surrupiados, direitos duramente conquistados por milhões de trabalhadores. São necessários muitos Severinos para fazer um Bolsonaro.
Severino é ex-caminhoneiro, ex-católico e ex-lulista, porém, atualmente, é motorista de aplicativo, evangélico e bolsonarista e, do alto dos setenta e muitos anos, se julga ser um legítimo representante do povo, daqueles que acham o STF uma excrecência e o ministro, Alexandre de Moraes, o inimigo público número um. Paraibano de nascimento, mas morador do Rio de Janeiro há longo tempo, Severino confundiu Ariano Suassuna com um político da cidade de Areias (a maior cidade da região do Brejo, na Paraíba), quando lhe disse que ele é da terra do grande escritor paraibano. A favor de Severino é preciso dizer que Ariano viveu em Pernambuco desde os 15 anos de idade e lá desenvolveu toda a sua obra, além de lecionar ‘Estética’ na Universidade Federal desse estado (UFPE). As ideias de Severino são muito claras e todas elas calcadas no fundamentalismo pentecostal, usado pela Extrema-Direita como forma de cooptação e desenvolvimento do seu real projeto, que é simplesmente: poder total (fim da democracia) e exploração plena da força de trabalho (fim de todos os direitos dos trabalhadores). Não basta ganhar eleições, é preciso destruí-las também, para que não haja mais risco de perder alguma. Severino se aposentou antes da tenebrosa Reforma da Previdência, feita pelo governo bolsonarista, entretanto, ele não demonstra qualquer preocupação com o povo -que ele diz representar- e que teve direitos surrupiados, direitos duramente conquistados por milhões de trabalhadores. São necessários muitos Severinos para fazer um Bolsonaro.
Nos depoimentos do ‘Núcleo Duro’ da tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito, se assistiu de tudo, mas, evidentemente, todos negaram as acusações, mesmo sabendo que existem um número robusto de provas contra eles. O general Augusto Heleno, por exemplo, usou do seu direito de ficar em silêncio durante as perguntas do relator e só respondeu aos questionamentos do seu advogado. O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GLI), como o próprio Bolsonaro, é adepto de metáforas futebolísticas para expressar seus pensamentos, ele foi gravado em uma dessas reuniões ministeriais dizendo: “não vai ter revisão do VAR. O que tiver que ser feito, vai ter que ser feito antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Apesar do teor da declaração e da obviedade do seu escopo, o general nega, veementemente, esta e, também, a outra afirmação, onde disse que seria necessário “agir contra certas instituições (leia-se STF) e contra certas pessoas” ( alguns ministros do STF). A conversa gravada foi encontrada no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, que fez a famosa delação premiada.
O depoimento mais esperado foi o do ex-presidente Bolsonaro e aconteceu da forma como este humilde escriba previa, uma tentativa de tornar uma comédia pastelão os fatos que quase levaram o país a um desfiladeiro cercado de avalanches por ambos os lados. Repetindo que sempre jogou “dentro das quatro linhas”, Bolsonaro chegou a convidar, Alexandre de Moraes, a ser o seu vice em uma chapa presidencial, que de pronto respondeu: “eu declino”. Quando questionado sobre quais indícios ele possuía para fazer declarações que alguns ministros do STF teriam recebido milhões de dólares, afirmou que não tinha nenhum, que foi apenas “um desabafo” e pediu desculpas. Em outro momento chamou de “malucos” os seus apoiadores que queriam intervenção militar e disse que não passou a faixa-presidencial a Lula para não receber uma vaia histórica, mas admitiu que cogitou decretar ‘Estado de Sítio’ ou 'GLO-Garantia da Lei e da Ordem', por não ter como recorrer à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a multa de R$ 22 milhões aplicados ao seu partido. Bolsonaro alcançou uma parte do seu objetivo, que era o de diminuir a densidade dramática da situação, todavia existem inúmeras provas contra ele. Severino, no entanto, acredita que tudo isso é apenas mais uma perseguição organizada pela Esquerda (leia-se PT).
As declarações do ex-soldado israelense e historiador, Omar Bartov, à BBC dão uma ideia do que está acontecendo na Palestina, em uma delas ele traz a dimensão da tragédia: "A destruição é em grande escala. A tonelagem de bombas lançadas em Gaza é maior que das lançadas sobre cidades alemãs durante Segunda Guerra Mundial", em outra ele declara; “Agora Israel está cometendo crimes em massa de genocídio em Gaza. E alegar que o Holocausto é uma espécie de desculpa para agir desta maneira é, por si só, terrivelmente trágico”. Se isso não bastasse o Irã atacou Israel, quem diria que o mundo poderia chegar a este ponto tão rapidamente, mas chegou... O Irã confirma aonde o fanatismo religioso pode levar uma nação, os aiatolás no Poder, desde a queda de Reza Pahlevi, não se cansam de colocar o país em rota de colisão com inimigos muito mais poderosos que o seu país e agora o colocam em uma guerra onde não há nenhuma chance de vitória, apenas mais mortes e sofrimento para os iranianos. Não se pode esquecer que o Irã perdeu mais de 500 mil homens na guerra contra o Iraque de Saddam Hussein, na década de 1980, quando foi derrotado. O fanatismo emburrece as pessoas, porque as torna cegas e incapazes de ver o óbvio à sua frente, mas é justamente essa cegueira que torna viável estes líderes chegarem ao Poder. A antiga Pérsia é de uma riqueza cultural ímpar, mas o regime do Irã não espelha esta grandeza, muito pelo contrário, apenas confirma mais um desastre de governantes ávidos por Poder.
Vinicius Todeschini 16-06-2025