Crónicas do Brasil | 24-07-2025 11:48

O Personal Killer da Democracia

Vinicius Todeschini

Há neste momento no mundo uma completa inversão de valores, onde os algozes se colocam como benfeitores e os ignorantes como sábios. Bolsonaro, aqui no Brasil, se vitimiza, tentando parecer um injustiçado, quando na verdade é sujeito inescrupuloso e capaz de qualquer coisa pelo Poder. As suas chances com a ascensão de Donal Trump aumentaram em muito, porque o presidente norte-americano, além de um facínora é um ególatra, e como tal adora se colocar na posição de líder dos celerados que estão ou que estiveram no Poder e que contam com o seu apoio para voltar ao lugar.

Os países se constituíram ao longo do tempo das mais diversas formas, mas todos eles tem em comum em sua formação a luta de classes, que persiste até os nossos dias. Os capitalistas odeiam Marx, mas não conseguem superá-lo em suas concepções e análises das sociedades que se formaram ao longo do tempo e se tornaram nações, para Marx a luta de classes é o motor da história, porque este conflito, ainda insuperável, está sempre alterando as bases postas e criando novas formas sociais, que mesmo mudando, continuam iguais estruturalmente, porque uma mudança real determinaria o fim das classes sociais e da permanente tensão entre elas. O colonialismo e o neocolonialismo, praticado pelas classes dominantes, herdeiras dos colonizadores, contra a maioria da população, são exemplos de como uma prática predatória se normatiza e torna a relação senhor-escravo uma cultura refletida nas estruturas e nas superestruturas. O Brasil é um exemplo de como se prolongou esta estratificação cristalizada por séculos, tal qual o colonialismo impôs quando se apossou dessas terras.

O presidente dos EUA, Donald Trump se coloca na política atual como o Personal Killer da democracia no mundo, pois suas ações, tanto internas, quanto externas reforçam a cada dia a sua disposição para viver, definitivamente, este papel. Os seus predecessores, todos sabemos quem foram, e todos, irremediavelmente, acabaram mal, mas não sem antes causarem desgraças e desumanidades capazes de preencher milhões de inventários de mortes e cicatrizes. Trump também se notabiliza por sua profunda ignorância e estupidez, esta semana em seu escritório no Salão Oval declarou, ao mirar um quadro da Declaração da Independência, que 600 mil mortes poderiam ter sido evitadas, confundindo isso com a Guerra Civil que ceifou cerca de 600 mil vidas e aconteceu 85 anos depois da Declaração da Independência norte-americana. Ele também declarou que a Espanha fazia parte do Brics, enfim, os seus disparates são tão recorrentes e a sua ignorância é tão notória que nos faz pensar que ele só foi eleito, porque metade da população dos EUA está no mesmo nível ou até abaixo do nível cultural dele. O que é difícil de acreditar, porque em Trump temos uma síntese tão completa do quanto bestial o ser humano pode chegar que é difícil crer em um comparativo, mas por incrível que pareça, eles existem.

O ex-ministro do STF-Superior Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello atacou duramente o STF e o ministro Alexandre de Moraes, em defesa do ex-presidente Bolsonaro, a quem ele declarou voto na eleição passada. Marco Aurélio foi nomeado ao STF pelo presidente Collor de Mello, seu primo e um ano depois foi admitido pelo mesmo primo à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial. As críticas do ex-ministro atingem pessoalmente o ministro Alexandre de Moraes e colocam dúvida sobre a sua lucidez, quando fala que as motivações de Alexandre de Moraes para agir assim, deveria ser analisadas em um divã. Logo ele, que foi o único ministro do STF a votar a favor da concessão do habeas corpus a Suzane Louise von Richthofen, uma moça de classe média alta da cidade de São Paulo que planejou e participou da execução dos próprios pais, o engenheiro Manfred Albert von Richthofen e a psiquiatra Marísia von Richthofen, na cidade de São Paulo, mortos a marretadas pelos irmão Cravinhos, um deles, Daniel, era seu namorado. O ex-ministro também concedeu habeas-corpus ao ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes de Souza, que encomendou a morte da namorada e mãe do seu filho, cujo corpo nunca foi encontrado e provavelmente foi devorado pelos cães de um dos executores do crime, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos conhecido como Bola. São inúmeras as decisões desse nível do ex-ministro, assim mesmo ele se sente autorizado a emitir opiniões sobre a saúde mental dos outros.

Eduardo Bolsonaro, financiado pelo pai, Jair Messias Bolsonaro, continua a sua saga nos EUA contra o próprio país e comemorou a taxação imposta ao Brasil por Donald Trump de 50%, a partir de primeiro de agosto do corrente ano. Empoderado por este fato, ‘Bananinha’, como é apelidado por aqui, ameaçou recentemente a própria Polícia Federal brasileira, quando chamou o delegado, Fábio Shor, de “cachorrinho da Polícia Federal” e afirmou: “Deixa eu saber, não. Se eu ficar sabendo quem é você… Ah, eu vou me mexer aqui”, se referindo aos EUA. Há, nitidamente, nesse momento no mundo uma completa inversão de valores, onde os algozes se colocam como benfeitores e os ignorantes como sábios. Bolsonaro, aqui no Brasil, se vitimiza, tentando parecer um injustiçado, quando na verdade é sujeito inescrupuloso e capaz de qualquer coisa pelo Poder. As suas chances com a ascensão de Donal Trump aumentaram em muito, porque o presidente norte-americano, além de um facínora é um ególatra, e como tal adora se colocar na posição de líder dos celerados que estão ou que estiveram no Poder e que contam com o seu apoio para voltar ao lugar onde podem causar mais estragos à humanidade. O mundo está diante de um quadro terrível, onde as ameaças não são mais quadros de ficção, mas sim possibilidades que, a qualquer momento, podem acontecer e em qualquer lugar. Cada país com o seu próprio Personal Killer: Netanyahu em Israel, Milei na Argentina, Orbán na Hungria, Bukele em El Salvador... e na liderança mundial desses assassinos da paz e harmonia, Donald Trump o Personal Killer da democracia mundial.

Vinicius Todeschini 21-07-2025

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