Ensaios da Morte
Aqui no Brasil, após Bolsonaro descumprir as regras das medidas restritivas, que incluíram a tornozeleira eletrônica, o ministro Alexandre de Moraes não teve outra opção e decretou a prisão domiciliar do réu, Jair Messias Bolsonaro. O ministro é figura de proa no mundo, porque está enfrentando do governo Trump ataques frontais contra a sua pessoa, a sua vida e a sua honra.
O enamoramento com a morte se desvela em ensaios, para tentar enganar e para disfarçar o desconforto com os fatos, que não obedecem a nenhum sentido permanente. Fingir que existe uma saída, mesmo diante do silêncio intocável do mistério, mesmo quando a pedra beija a face, lacerante carinho, e o desejo latente, como a pulsação sem medida da incompreensão da existência, em compasso de espera, reinvente o caminho até voltar a andar em círculos, como lobos atrás da presa. Os acontecimentos do momento atual são sombrios a ponto de fazer pensar que, realmente, a civilização, como “projeto e execução”, não deu certo, porque a história confirma os ciclos, que se repetem através do tempo, com novos cenários e novas tecnologias de controle e destruição, mas todos eles calcados na ideia de dominação sobre o outro, mesmo que alguns discursos tratem o assunto com eufemismos, já existem os que perderam qualquer prurido em assumir a sua crueldade e o seu desprezo pelo outro, porém, não há qualquer discurso que possa criar um liame universal em torno de uma ‘utopia possível’. Nada disso está acontecendo, estamos voltando, isso sim, para uma luta que já tínhamos vencido, mas agora enfrentamos inimigos muito mais poderosos, que são, declaradamente, contra tudo que acreditamos e defendemos; justiça social e igualdade de condições e oportunidades para todos, porque só assim os temores serão abrandados e os ódios, lentamente, perderão o sentido e se esvaziarão em jejum até a inanição total.
A hostilidade permanente do governo norte-americano, liderado por Donald Trump, através da prática de um populismo de Extrema-Direita agressivo e imperativo em suas determinações, como se o mundo ainda reproduzisse uma espécie de heliocentrismo, onde os EUA ocupassem, assim como o Sol, o centro do sistema e os outros países fossem apenas satélites. É uma visão canhestra e anacrônica do que o mundo é e demonstra total falta de autocrítica dos atuais dirigentes norte-americanos, pois o seu país já foi superado economicamente pela China, mas agora tenta, através de políticas intimidadoras, tornar refém o resto do mundo. Trump busca se afirmar como um líder capaz de parar guerras, mesmo que até agora só tenha conseguido parar um prenúncio de guerra entre Israel e o Irã, porque Israel estava sendo perigosamente atingida em seu território e as suas perdas não compensariam entrar em mais uma guerra e uma que poderia colocar em risco o seu próprio país. Como se percebe, não foi só o Irã que ganhou com a parada da guerra, mas ficou bom para todos e com isso Trump pode comemorar alguma coisa.
As tentativas do presidente dos EUA de impor qualquer coisa ao mundo esbarram sempre em sua grandiloquência, que busca autopromoção permanentemente e assim, além de não ter, costumeiramente, nenhum embasamento científico em seu arcabouço, estão se mostrando ineficientes, porque são frutos do pensamento mágico, que carecem de conhecimento consistente e de eficiência comprovada. O assessor econômico de Trump, Peter Navarro, foi achado por acaso na Amazon pelo genro de Trump, Jared Kushner, que escalado pelo sogro para buscar embasamento teórico para os seus delírios, encontrou o livro “A Morte pela China”, livro que Peter é coautor junto com Greg Autry. Peter inventou, inclusive, um guru para justificar suas ideias, quando era interrogado sobre as origens das suas ideias, o nome criado, Ron Vera, é, simplesmente, um anagrama do seu próprio nome, Navarro; ou seja: a sua fonte de expertise e conhecimento não existe. É próprio de regimes de cerne totalitarista criar e aplicar políticas esdrúxulas que criam problemas ainda mais graves que aqueles que promete resolver, mas atraem uma parcela significativa da multidão e exerce fascínio pelo seu exotismo e pela sua aparente simplicidade, quando, na verdade, são deturpações monstruosas cujo único objetivo é sempre chegar ao Poder e lá permanecer.
Aqui no Brasil, após Bolsonaro descumprir as regras das medidas restritivas, que incluíram a tornozeleira eletrônica, o ministro Alexandre de Moraes, não teve outra opção e decretou a prisão domiciliar do réu, Jair Messias Bolsonaro. O ministro é figura de proa no mundo, porque está enfrentando ataques frontais contra a sua pessoa, a sua vida e a sua honra, do governo Trump. A forma de deter Trump está nas mãos dos próprios norte-americanos, eles o colocaram lá, eles têm que tirá-lo e antes que seja tarde demais. O povo desse país perdeu inúmeras oportunidades de aperfeiçoar o seu sistema democrático, mas nunca o fez e agora enfrentam um inimigo interno que tem como objetivo principal dissolver a democracia de dentro para fora; quer usá-la para chegar ao seu coração a apunhalá-la, este é o verdadeiro projeto de todo fascista. No Brasil falhou, mas por aqui houve investigação, está acontecendo um julgamento e a punição virá em seu término. Nos EUA, ao contrário, Trump saiu intacto da sua tentativa de golpe e nunca foi julgado e condenado como responsável pela invasão do Capitólio e, hoje, ele quer se tornar uma espécie de imperador, encastelado na Casa Branca ele lança seu delírio messiânico sobre o mundo, através de taxas, discursos intimidadores e tentativas de interferência institucional em outros países. O mundo não pode ser curvar a mais um candidato a imperador, dos tantos que já passaram por aqui, mas ele tentará e usará todas as fichas, porque é um gambler, sem qualquer escrúpulo ou compaixão.
Vinicius Todeschini 08-08-2025