A volta de Trump ao poder assusta tudo e todos
O impacto do tarifaço que afeta a importação de carnes do Brasil para os EUA, na verdade está impactando o bolso dos consumidores de baixa renda por lá, onde está boa parte da base de apoio do atual presidente. Além disso a questão da celulose também foi outro tema tratado na reunião. Como se sabe ‘nada vem do nada’ e Trump, apesar de todos os defeitos já enumerados, é um negociador e sabe onde o calo aperta. O charme e a eloquência do presidente Lula continuam inquestionáveis, mas em política isso é apenas perfumaria e não o fulcro principal das atenções e das ações.
A mitomania de Trump, fruto de uma personalidade calcada em um falso self, onde as derivações idiossincráticas seguem, infielmente, um narcisismo extremamente doentio, não têm nenhum limite. No entanto, boa parte dos norte-americanos ainda acreditam que ele é única solução para os EUA voltar a ser o dono do mundo, mas nada é como antes, nem será. O Brasil tem sido acossado pelos EUA com tarifas absurdas, declarações e ameaças estapafúrdias sobre a sua democracia e, principalmente, contra o seu Judiciário. A aplicação da Lei Magnitsky sobre o ministro do STF, Alexandre de Moraes e a sua esposa não tem nenhuma justificativa legal, isso dito pelo próprio investidor e responsável pela aprovação da Lei, em 2012, Willian Browder, que afirmou: “As sanções impostas ao juiz não têm nada a ver com a violação de direitos humanos e têm tudo a ver com um acerto de contas político”. Na verdade é um ataque direto de Donald Trump a alguém que está agindo pela Lei e contrariando os seus interesses políticos. É também mais uma demonstração de força, que o presidente norte-americano adora fazer. O mundo atravessa uma fase difícil com guerras em várias frentes e com um genocídio em curso no Oriente Médio, dos israelenses contra o povo palestino. Tudo isso acontecendo e Trump falando em tom nonsense em boa química com o presidente Lula, após um encontro de 39 segundos. Donald Trump desfiou, por cerca de 57 minutos, um infindável rosário de fake news e em seu delírio messiânico afirmou que acabou com 7 guerras desde que voltou a presidência. O mundo precisa de paz e harmonia, mas não precisa de mitomania.
A volta de Trump ao Poder assusta a todos que estão na posse perfeita das suas faculdades mentais, porque a cada ação, a cada discurso, ele confirma ainda mais a sua incapacidade para exercer tal cargo. O sistema de eleições nos EUA propicia, mais que em outros países, eleições, onde personalidades como Trump possam, através do poder econômico, alcançar a Casa Branca. Exemplos não faltam, porque os poderosos desse país querem manter a qualquer custo a primazia do capital sobre o trabalho. A condição dos trabalhadores por lá está cada vez mais pressionada do que jamais foi, porque não há nenhuma garantia pública para a vida e a saúde do trabalhador, como os países europeus e o Brasil têm, onde a saúde é tratada como merece, como o bem mais precioso do ser humano. A atriz Whoopi Goldberg se mostrou muito preocupada depois de ouvir o discurso de Trump na Nações Unidas, ela sugeriu que talvez esteja na hora de invocar a 25ª Emenda contra Trump e que o mundo está “realmente preocupado” com os EUA depois de ouvir o discurso do presidente do seu país na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira, dia 23 de setembro de 2025.
Os bolsonaristas no Brasil abriram uma gigantesca bandeira norte-americana na Av. Paulista na capital do estado de São Paulo, o mais rico do Brasil, para demonstrar o seu apoio ao tarifaço de 50% contra algumas exportações brasileiras. Isso não é novo no mundo, parte das elites mundiais já se aliaram aos estrangeiros para defender os seus interesses em detrimento do seu país. Assim foi na França, na Comuna de Paris e na ocupação nazista, onde o governo colaboracionista francês, o Regime de Vichy, liderado pelo marechal Pétain, promoveu a deportação de judeus, o trabalho forçado e o envio de forças paramilitares para combater a Resistência, liderada pelo general Charles de Gaulle. Isso é algo que mancha a reputação de qualquer um, ainda mais quando os que estendem a bandeira de um país estrangeiro e, notoriamente imperialista como os EUA, se diziam patriotas em manifestações e discursos, inclusive sequestrando para si as cores verde-amarelas, como se tivessem o direito privativo ao uso das cores e o dos símbolos do país. Os bolsonaristas nunca tiveram qualquer compromisso com a verdade e a sua ascendência ao Poder se deve basicamente pela vanguarda que tiveram no uso das redes sociais com a fabricação e a distribuição industrial de fake news, armas que agora já se mostram menos potentes diante da consciência cada vez maior do povo sobre esses mecanismos.
O aceno de Trump ao presidente Lula foi recebido com surpresa, mas logo se soube que há na verdade interesses econômicos permeando tudo isso. Os irmãos Batista, Wesley e Joesley Batista, que são donos do grupo J&F, grupo que controla a JBS, gigante da comercialização de carnes no mundo, influenciaram. Joesley Batista teve uma audiência privada como presidente Trump há cerca de três semanas atrás. O impacto do tarifaço que afeta a importação de carnes do Brasil para os EUA, na verdade está impactando o bolso dos consumidores de baixa renda por lá, onde está boa parte da base de apoio do atual presidente. Além disso a questão da celulose também foi outro tema tratado na reunião. Como se sabe ‘nada vem do nada’ e Trump, apesar de todos os defeitos já enumerados, é um negociador e sabe onde o calo aperta. O charme e a eloquência do presidente Lula continuam inquestionáveis, mas em política isso é apenas perfumaria e não o fulcro principal das atenções e das ações. Por isso o governo brasileiro se colocou em stand by, porque sabe muito bem com quem está tratando e não se vai ao encontro de um urso logo após o seu despertar de uma longa hibernação. É preciso cautela, escolher o lugar e o momento para não cair em armadilhas, como caíram Zelensky da Ucrânia e Cyril Ramaphosa da África do Sul.
Vinicius Todeschini 30-09-2025