O compulsivo, o impulsivo e o reativo no planeta dos algoritmos...
O mundo caminha a passos largos rumo ao precipício, enquanto o estilo consumista cria a ilusão de progresso e evolução, apenas pela posse de aparelhos digitais com a última tecnologia.
O mundo dos algoritmos infestou a vida moderna e fragmentou o tempo, criando uma realidade paralela, onde à desvinculação entre mente e corpo se acelera em ritmo vertiginoso, sem trégua e sem sentido. Os aplicativos amplificaram o consumo e emudeceram a alma. Os corpos humanos, alienados do ‘eu mesmo’, marcham, transeuntes de dias cada vez mais rarefeitos, consumidos por uma alteridade sem correspondência simbólica. As paisagens projetadas no Chroma key se assemelham a cenários de videogames, onde a realidade escapa e a compulsão escraviza.
O desejo de possuir tantos objetos consome o compulsivo, desencaminha o impulsivo e inquieta o reativo e assim, de objeto em objeto, a consumação do desejo vai drenando os seres, em doses diferentes, porém regulares. A impermanência das coisas agora se perenizou em backups, chamados de ‘armazenamento em nuvens’, muito embora, as diáfanas nuvens, não tenham qualquer semelhança com os servidores de centers remotos, que não passam de galpões imensos onde estas máquinas estão guardadas. O mundo cria fantasmas binários e eles reencenam a tragédia humana seguindo comandos digitais.
O que está em jogo é a sobrevivência do planeta e da vida, mas isso parece não ser suficiente para despertar a humanidade, absorvida pelas telas e gozando da sua alienação a modo pleno. É como se o fim do mundo estivesse organizado em camadas e fases, para se manifestar progressivamente, assim, enquanto uns se inquietam e criam alarmes, aos sinais cada vez mais evidentes da degradação ambiental e das suas consequências, outros desejam apenas ganhar mais dinheiro, sem se importar com isso.
Um sinal grave da situação atual é falta de qualquer vergonha da ‘canalha’ em assumir suas posturas e métodos. Os escrotos emergiram dos esgotos e agora dominam ruas, congressos e países. O mundo caminha a passos largos rumo ao precipício, enquanto o estilo consumista cria a ilusão de progresso e evolução, apenas pela posse de aparelhos digitais com a última tecnologia. Todos têm um celular, todos estão presos às telas dos aparelhos e andam pelas ruas tropeçando uns nos outros, enquanto a miséria e a exclusão se reproduzem como moscas em um lixão a céu aberto.
O neofascismo brasileiro está dentro das instituições, principalmente do Congresso Nacional, não só para defender os interesses dos que usam o Estado para enriquecer, seja montando grandes falcatruas ou enganando o Fisco. O Projeto de Poder da Extrema-Direita inclui a desconstrução gradativa das estruturas que organizam e garantem o Estado Democrático de Direito para a sua entrega nas mãos dos empresários, todos eles voltados para os seus interesses privados. A democracia brasileira foi salva, justamente, porque essas instituições que a salvaguardam não aderiram aos golpistas, mas eles são como moscas, que quando eliminadas são substituídas por outras, como na música de Raul Seixas, “Mosca Na Sopa”, e naquele verso: “Porque você mata uma/E vem outra em meu lugar”.
Os líderes deste segmento, sem nenhuma exceção, combinam o ódio aos indivíduos e aos movimentos sociais que desejam a superação da miséria e da pobreza estacionária, porque a classe média constitui uma linha de resistência contra isso e a serviço dos poderosos. O desejo de pertencer a este círculo seleto, que controla os grandes capitais, é o seu Ideal de Ego. Nos deserdados, os marginalizados e os sem-teto, que perambulam pelas ruas catando lixo, despejam o seu desprezo e o seu ódio atroz, porque esses representam o que mais odeiam e, ao mesmo tempo, aquilo que mais temem se transformar. Marx, o maior crítico do capitalismo, aquele que entendeu a máquina de produzir riquezas, através da exploração, nos ensinou que, aqueles que detém os meios de produção são os donos do mundo. Por isso o neofascismo atrai tanto essa gente, porque representa o domínio total sobre as massas, assim todo líder fascista se apresenta como um libertador até chegar ao poder, quando, finalmente, poderá dar vazão a todo o seu despotismo e crueldade.
Vinicius Todeschini 05-12-2025


