Durante a manifestação “Pelas tradições e costumes”, em Samora Correia, houve quem desfilasse com a pátria ao peito, a fé na lapela e a indignação no megafone. Mas o momento mais eloquente da tarde não saiu da garganta de nenhum manifestante. Foi protagonizado por um cidadão indostânico que, enquanto centenas gritavam “Islão aqui não”, ficou em silêncio, imóvel e o olhar fixo nos defensores da tradição. Não disse nada, não abanou a cabeça, não desviou o olhar. Quando o cortejo passou, voltou calmamente ao canteiro, a plantar flores em dia de feriado para embelezar a cidade que o acolheu, mas que repugna alguns cidadãos que nela se querem fixar.