Portugal: o país do respeitinho foi abalado até aos alicerces com os anúncios do Ikea
Em termos públicos e de enxovalho da classe política portuguesa nunca se tinha ido tão longe. Só os episódios com José Sócrates, a viver dos envelopes de dinheiro entregues pelo seu choufer Perna, podem comparar-se à situação vergonhosa vivida por Vítor Escária e seus chefes e subordinados.
A campanha de publicidade do Ikea abalou (será que abalou) pela primeira vez a classe política portuguesa e bateu todos os recordes dos programas televisivos de humor como foram, e ainda são, os de Ricardo Araújo Pereira e Herman José, só para falar dos mais populares.
A publicidade promete marcar a campanha eleitoral até ao dia das eleições, principalmente o outdoor que anuncia uma estante onde se podem guardar 75 mil euros, valor em dinheiro encontrado no gabinete de Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro António Costa.
Em termos públicos e de enxovalho da classe política portuguesa nunca se tinha ido tão longe. Só os episódios com José Sócrates, a viver dos envelopes de dinheiro entregues pelo seu choufer Perna, podem comparar-se à situação vergonhosa vivida por Vítor Escária e seus chefes e subordinados. O facto de António Costa ter continuado como primeiro-ministro ainda justifica mais esta campanha de publicidade sensacionalista. Vitor Escária não terá justificado a existência do dinheiro no seu gabinete, e num país desenvolvido com uma democracia mais vigiada, um chefe de gabinete apanhado com quase 80 mil euros no seu gabinete tinha desaparecido de cena no dia a seguir ao escândalo e o primeiro-ministro tinha ido com ele. António Costa preferiu ignorar que Escária era o seu principal interlocutor no governo do país, e que o comportamento dele pode muito bem ser confundido com o do seu chefe. Nunca uma empresa, ou sequer um dirigente político da oposição política mais extremista, pôs em causa a idoneidade dos políticos portugueses como acaba de fazer o Ikea. Para nós esta é a melhor forma de darmos como certo que vamos comemorar os 50 anos do 25 de Abril como merecemos, e não com falinhas mansas, discursos hipócritas e lamechas. Eu nao comprava no Ikea mas vou começar a comprar.
JAE