CAP não quer membros do Governo na Feira da Agricultura em Santarém
A Confederação dos Agricultores de Portugal puxou dos galões de dona do CNEMA, onde a Câmara de Santarém é a segunda maior accionista, e decidiu usar a Feira Nacional de Agricultura como arma de arremesso político na sua luta corporativa contra o Governo.
A Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo vai decorrer de 3 a 11 de Junho, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, num certame sem convites a membros do Governo, em mais um protesto da CAP contra as políticas para o sector. Na sessão em que foram apresentadas as novidades do certame deste ano, o secretário-geral da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal e administrador do CNEMA, Luís Mira, afirmou que a feira será inaugurada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantando que, a exemplo do que tem acontecido noutras iniciativas organizadas pela CAP, não foi convidado nenhum membro do Governo, em “mais uma forma de dizer que o sector está descontente com a actuação” do executivo liderado pelo socialista António Costa.
O certame é organizado pelo CNEMA, sociedade que tem como accionista maioritário a CAP e como segundo maior accionista a Câmara Municipal de Santarém, que conta inclusivamente com dois lugares no conselho de administração, ocupados pelo presidente do município Ricardo Gonçalves (PSD) e pelo vereador socialista Nuno Russo. Da estrutura accionista do CNEMA fazem ainda parte outras entidades que não terão sido tidas nem achadas nesta posição contra o Governo por parte do accionista maioritário CAP, como são os casos da Confagri, Santa Casa da Misericórdia de Santarém, CIP – Confederação Empresarial de Portugal - ou AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal - , para além de diversas empresas.
Concertos continuam a ser chamariz para atrair público
A edição deste ano da Feira Nacional de Agricultura (FNA) tem como tema o ovo. Entre as alterações anunciadas contam-se a criação de um espaço próprio para a animação, de forma a “não colidir” com outras iniciativas e a dar “maior conforto aos visitantes”, o aumento da oferta gastronómica, com a presença de restaurantes, nomeadamente de carnes de raças autóctones, e tasquinhas dinamizadas por associações da região, e a melhoria da ventilação na nave C, espaço dedicado a espaços comerciais, artesanato e degustação.
A nave A volta a acolher o “Prazer de Provar”, com os “melhores dos melhores” produtos dos concursos nacionais promovidos pelo CNEMA, além dos vinhos, azeites, queijos ou enchidos, entre outros, com acções de “cozinha ao vivo” e provas de produtos, além do espaço do programa “Portugal Sou Eu”.
Na nave B, além da exposição de empresas e instituições, estará presente a 34.ª Feira Empresarial da Região de Santarém e um espaço dedicado ao “emprego, empreendedorismo e formação”, com a presença de escolas profissionais e dos Politécnicos de Santarém e de Tomar e uma área em que pessoas à procura de emprego se podem inscrever facilitando o contacto com empresas que procuram trabalhadores.
Entre os espectáculos musicais, a organização destaca os concertos com Nininho Vaz Maia (dia 3), D.A.M.A (dia 7), Calema (9) e David Antunes com Bárbara Tinoco e Paulo Gonzo (dia 10). O dia 7 será dedicado ao município de Santarém, com a câmara a oferecer as entradas aos moradores do concelho e a levar ao certame escolas, Instituições Particulares de Solidariedade Social, ranchos e associações.
À Margem/ Opinião
Tem a palavra a Câmara de Santarém
Os líderes da administração do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), que são os mesmos que lideram a CAP, anunciaram o programa da próxima Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo em Santarém e fizeram questão de referir que este ano não vai haver convites para membros do Governo, em mais um protesto contra as políticas para o sector agrícola. Resta saber o que pensa disso a Câmara de Santarém, segunda maior accionista do CNEMA e que até tem dois lugares no conselho de administração do parque de exposições, sendo um deles ocupado por um vereador socialista. A Câmara de Santarém vai assobiar para o ar e fingir que nada tem a ver com esta guerra em que a CAP utiliza o CNEMA e a FNA como armas de arremesso político? Ou vai finalmente valer-se do seu peso político e institucional para mostrar que não é um verbo de encher na administração do parque de exposições de Santarém?
João Calhaz