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São sempre virgens

José Miguel Noras

Enquanto crescem os elogios ao “Gabinete das Minorias Étnicas”, as alterações efectuadas no “Gabinete de Apoio às Freguesias” (de Santarém) não poderiam resultar em maior fracasso, como atestam as críticas de todos os sectores políticos.As razões começam logo no facto de se ter passado de “cavalo para burro”.De acordo com o que veio a público, a competência aplicada da actual coordenação (coisa que não se nega) dista tanto da anterior como Plutão se afasta do pólo norte. E o pior é que, em termos de obra realizada, a distância vai do zero ao infinito.

Há muitas versões da história das “Sempre Virgens”. A minha tem mais de 30 anos. Foi o mestre das récitas da Isenta que ma contou, durante uma partida de damas, na “sociedade velha”.As “Sempre Virgens” casaram sete vezes e sete vezes foram de branco, com um raminho de laranjeira, para estupefacção geral.Quando perguntaram a uma das nubentes como poderia ser virgem, após seis casamentos, ela explicou: três maridos eram benfiquistas e nunca “marcavam”. Os outros andavam na política e só sabiam dar desculpas.Cada um refunde esta história à sua maneira, alterando as farpas clubísticas, conforme lhe der mais jeito. Eu mantive aquela que a lembrança conservou.O mestre Zé Mendes contou-me propositadamente esta versão (provocação), em face da minha imutável opção benfiquista.Todavia, a história das “Sempre Virgens” ocorreu-me a propósito da estigmatização do passado para assegurar o prolongamento de estados de graça políticos.Tanto nos governos centrais, como nas autarquias, principalmente nas câmaras, surgem cada vez mais políticos cuja táctica consiste, exclusivamente, na culpabilização doentia do passado. São hábeis a truncar a autoria das soluções herdadas e a desvalorizar toda a obra realizada por braço alheio. Tornaram-se grandes protagonistas da desculpa fácil.Para esse “clube político”, a menor adversidade deve-se ao anterior Governo ou à Câmara transacta. O que está mal é sempre com os outros. Mas, cantam, cantam e... nada!São, afinal, “as Sempre Virgens”. Só lhes falta o raminho de laranjeira. Mas, também aí, dirão: a culpa é do passado, que já não tinha flores no laranjal...Post ScriptumGabinetes e gabinetesEnquanto crescem os elogios ao “Gabinete das Minorias Étnicas”, as alterações efectuadas no “Gabinete de Apoio às Freguesias” (de Santarém) não poderiam resultar em maior fracasso, como atestam as críticas de todos os sectores políticos.As razões começam logo no facto de se ter passado de “cavalo para burro”.De acordo com o que veio a público, a competência aplicada da actual coordenação (coisa que não se nega) dista tanto da anterior como Plutão se afasta do pólo norte. E o pior é que, em termos de obra realizada, a distância vai do zero ao infinito.Assim, bem podem os políticos vir com novas figuras de estilo orçamental que, com aquelas ajudas, não se passa da cepa torta.UNESCOA UNESCO actualiza periodicamente as condições de candidatura e de inscrição de bens como património mundial.Devido às exigências mais recentes, cada país só pode apresentar uma proposta de classificação por ano.Esta restrição implica que, no plano nacional, as regras passem a ser ainda mais apertadas e a admissão de novas pré-candidaturas fique condicionada à resolução dos processos já elaborados e entregues na UNESCO.Só após a inscrição (ou não) desses bens na lista do património da humanidade, cada país poderá estimular novas ambições. O oposto corresponderá, inevitavelmente, à frustração e ao insucesso.Neste momento, as candidaturas mais avançadas (ou mesmo concluídas) são as de Santarém e Marvão (no continente). Ambas já foram objecto de integração na lista indicativa do património mundial.Nestas condições, faz todo o sentido o esforço hercúleo da autarquia de Marvão que, tendo vivido as mesmas contrariedades de Santarém, não desiste de lutar pelo reconhecimento que julga merecer: um assento na lista única do património da humanidade.“POLIS” DE ESTADOOs “protocolos sucedâneos do programa Polis” (assinados esta semana) constituem uma boa nova, para Santarém, repleta, aliás, de virtualidades a justificar o título escolhido.Em primeiro lugar, trata-se de um conjunto de apoios que o anterior Governo anunciou (27/11/2001) e que o actual viabilizou, demonstrando imparcialidade e sentido de Estado, o mesmo sentido de Estado que a Câmara evidenciou ao acreditar no agrément deste Governo.Em segundo lugar, a autarquia escalabitana conseguiu meios indispensáveis a diversos projectos de requalificação da cidade, ficando, consequentemente, em melhores condições de honrar o seu programa eleitoral. Em terceiro lugar, o “Polis” vale, politicamente, o oposto da sua ausência: lá mais para a frente, ninguém poderá sacudir a água do capote (por falta de “Polis”), caso o actual mandato autárquico venha a fracassar.Em quarto lugar (e o mais importante), o Executivo sublinhou, com este gesto, tratar-se do Governo de Portugal, sem olhar a cores partidárias nem a sectarismos políticos. Santarém merece esta sementeira de esperança e ainda possui um saldo bastante negativo no que toca a apoios da administração central!Venham mais!Nota: a candidatura de Santarém ao “programa Polis” foi apresentada em 16 de Junho de 2001. O Ministro que examinou o seu conteúdo atribuiu-lhe a classificação de “excelente”, conforme despacho de 13 de Julho do mesmo ano.A fechar: a Câmara de Santarém lá descobriu quem recebeu o pilim das “ajudas de custo”, discutidas na reunião de 18 de Novembro, e que nenhum membro da actual assembleia arrecadou, como havia escrito a semana passada. Depois desta descoberta ainda há quem diga que a autarquia não sabe a quantas anda!Santarém, 2 de Dezembro de 2002.jmnoras@mail.telepac.pt

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