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Muito divertimento e alguns mergulhos gelados

Canoístas portugueses e galegos “invadiram” Tomar para a Descida do Nabão

Foram mais de duas dezenas os canoístas que no sábado se lançaram à água para participarem na Descina do Nabão, uma prova que cada vez reúne mais gente e que, muito mais que a competição privilegia o convívio entre todos. Este ano as chuvadas dos dias anteriores fizeram aumentar o caudal no dia da prova, o que levou a algumas alterações, mas tudo acabou bem, apesar de alguns não terem escapado ao mergulho na água gelada.

Mais de 200 adeptos da canoagem de turismo náutico, de Faro à Galiza, lançaram as suas “pirogas” à água para mais uma edição da Descida do Nabão, realizada entre a manhã e a tarde do passado sábado, sob a organização da Secção de Canoagem do Grupo Desportivo e Cultural da Nabância (GDCN). Ao longo de cerca de 15 quilómetros de percurso no rio, os mais inexperientes e os verdadeiros especialistas experimentaram um pouco da sensação que é deslizar por um pequeno rio com rápidos. Mas as condições climatéricas não permitiram que a maioria dos participantes largasse do Agroal e chegasse ao esperado final, junto ao Parque do Mouchão, no centro de Tomar.A chuva intensa da sexta-feira anterior tornou o caudal do rio Nabão bastante forte, pondo quase em causa a realização da descida. Deste modo, depois da concentração em Tomar logo às oito da manhã, uma parte dos 210 canoístas deslocou-se para o Agroal, onde foi dada a partida.Uma parte trouxe o seu próprio equipamento e “meio de transporte” mas a organização também possibilitou o aluguer de alguns kayaks. Entre os participantes estiveram jovens, conhecedores da matéria e alguns veteranos. Os mais experientes lançaram-se à água e seguiram até ao primeiro ponto de paragem, junto à ponte do Sobreirinho, na Póvoa, uma das zonas do Nabão com mais rápidos. Os restantes aguardaram uns quilómetros mais abaixo, na ponte do Prado, evitando as zonas mais sinuosas e perigosas do rio. Ali receberam novas indicações da organização já que alguns tinham experimentado a sensação de se voltar.Deste modo, foi na ponte do Prado que se distribuíram canoas e coletes aos que tinham alugado embarcação. Uma conclusão que não foi a desejada mas a possível dadas as condições do rio, onde no trajecto final uma árvore caída na véspera bloqueava quase por completo a passagem. Foi mesmo assim no belo cenário do Açude da Pedra que a prova terminou para a maior parte dos participantes. Os mais afoitos (algumas dezenas) seguiram até final saltando a enorme e medonha mini catarata.A chegada ao Parque do Mouchão fez-se numa pequena doca natural, em frente ao Hotel dos Templários. Depois da chegada de todos a Tomar, os canoístas puderam tomar banho nos balneários e visitar a cidade de seguida. Pelas 18 horas a jornada de convívio terminou no parque de campismo junto à chegada com um churrasco de porco assado no espeto. Amantes da canoageme dos rápidosApesar de não ser uma prova direccionada para a vertente competitiva, alguns canoístas vinham sempre mais na dianteira. Foi o caso de Fernando Godinho, de 27 anos e natural de Tomar. Como o próprio assumiu, é uma espécie de número um da secção de canoagem do DGCN. Na sua opinião, descer o Nabão é sempre um prazer mas a chuvada da noite de sexta-feira tinha estragado tudo. “Antes o rio tinha as condições ideais mas com as chuvas subiu quase um metro. Para as pessoas que só vêm dar uma voltinha de vez em quando torna-se complicado e mais que perigoso”, referiu.É que com pouca água, as canoas que se viram são recuperados num espaço de 30 metros. Para Fernando Godinho, com a corrente que esteve no sábado, “perdemo-las porque ganham facilmente um avanço de 500 metros, o que é um incómodo mais do que um perigo”.Fernando Godinho e um grupo de canoístas da Nabância, do Clube Português de Águas Bravas de Lisboa e alguns amigos galegos foram os que chegaram mesmo ao fim da linha. O atleta deixou um repto aos interessados na modalidade. “Quem se quiser iniciar na canoagem tem primeiro que ir ter com os clubes e não comprar logo equipamentos. Pode também ver o site www.canoagem. online.pt. para se informar. Depois só nos temos de juntar num sábado à tarde e vermos que aptidões cada um mostra para a canoagem”, sugeriu.Entre os canoístas da Nabância estava também José Silva, de 24 anos. Para este professor de educação física que pratica canoagem há já alguns anos, “fazer a descida do Nabão é como actuar em casa. Sentimo-nos mais à vontade e conhecemos os cantos ao rio”. Por isso considerou correcta a opção de dividir o rio pelos mais capazes e pelos menos experientes.Habituado ao Nabão, referiu-nos que se trata de um rio que só se aproveita bem no Inverno e quando chove. Para si, “as condições adversas favorecem uma descida mais rápida e com menos esforço físico, mas as passagens por certos pontos são mais problemáticas”. Mesmo assim o Nabão faz-se com uma perna atrás das costas quando o compara com outros rios do norte do país com caudais bem mais fortes. Algo que José Silva se apercebe é que as pessoas estão a voltar à canoagem e ao Nabância. “Há cada vez mais gente interessada, mesmo os que pararam para estudar estão de regresso”, analisou. A representar a vertente internacional da Descida do Nabão esteve, entre outros galegos, Quique Portela, de Toniño, localidade fronteiriça a Vila Nova de Cerveira. Como nos explicou, tudo começou com “um grupo de canoístas de Tomar que foi à Galiza para descobrir rios. Conhecemo-nos e retribuímos a visita para esta Descida do Nabão”.Segundo nos contou Quique, “o que começou com um grupo de amigos a percorrer os rios passou a ser uma equipa federada que já compete em provas de águas bravas a um nível alto, com o nome de Os Texugos”. Sobres esta descida, o espanhol diz que foi bastante fácil, destacando mais o convívio como o verdadeiramente importante daquela jornada. É que “no norte de Portugal e na Galiza os rios são bem mais explosivos”, garantiu. Na sua opinião trata-se de uma modalidade em que a força física não é essencial, considerando mais importante a técnica e saber “ler” o rio. Apesar disso não evitou uma virada na queda de água do Açude de Pedra. “Nunca apanhei um susto a valer mas quando vais para um rio difícil as coisas ficam bem mais apertadas”, recordou. Para si, o canoísta é um curioso sempre há procura e a discutir com o parceiro se viu algum bom rio para “fazer”.Satisfeito com mais uma Descida do Nabão, apesar das condicionantes climatéricas, estava Artur Matos, de Secção de Canoagem do GDCN. “Além de termos batido o número de inscritos com cerca de 210 canoístas fizemos mais uma vez a divulgação do rio Nabão entre os participantes que vieram de locais tão longínquos como Faro ou Galiza”, salientou.

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