Instituto de Transportes parte em Dezembro
Entroncamento perde escola de Ensino Superior
O Entroncamento vai ficar sem o Instituto Superior de Transportes e o distrito sem uma escola do ensino superior. A confirmação é da sociedade proprietária daquele estabelecimento de ensino. As diligências da câmara junto do governo e de deputados apenas ajudaram a dar encaminhamento aos alunos
O Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISTC), com escolas no Entroncamento e em Lisboa, vai encerrar em Dezembro, mas a direcção garante que serão encontradas alternativas para os alunos que ainda frequentam aquela instituição.A garantia foi dada pelo administrador-delegado da Sociedade de Ensino Superior e Investigação (SESI) Nuno Leandro, em declarações à Agência Lusa na sequência das preocupações manifestadas pela Câmara Municipal do Entroncamento junto da Comissão Parlamentar de Educação.O vereador da Câmara Municipal do Entroncamento com o pelouro da Educação, João Vieira, disse à Lusa que a autarquia manifestou junto dos deputados preocupação quanto ao destino dos alunos que ainda não terminaram os seus cursos e o lamento pelo fim da única instituição do ensino superior no concelho.O ISTC abriu no Entroncamento em 1992, com três licenciaturas (engenharia mecatrónica, transportes e comunicações), funcionando em instalações pertencentes à Refer e que no passado serviram para acções de formação profissional dos profissionais da CP.João Vieira diz ser lamentável o desaproveitamento de instalações que são um “verdadeiro campus”, com laboratórios de excelente qualidade, um bom auditório, edifício para dormidas comparável “a um hotel de luxo”, jardins, não compreendendo a decisão da SESI.Nuno Leandro defende a posição do Instituto afirmando que o mesmo sente, tal como as outras instituições de ensino, os efeitos da diminuição de alunos e não tem condições económico-financeiras para o manter funcionar.Segundo o administrador-delegado da SESI, quando a nova administração da sociedade tomou posse em Abril de 2002 fez um primeiro levantamento da situação, concluindo pela existência de uma dívida superior a um milhão de euros.“O Instituto tem perdas mensais entre os 75.000 e os 90.000 euros e quando foi elaborado um plano a quatro anos concluiu-se que mais quatro anos custariam quatro milhões de euros”, disse, sublinhando que a escola de Lisboa tinha, há dois anos, um total de 15 alunos nos cinco anos e o Entroncamento cinco alunos no primeiro ano de engenharia informática (o único curso que abriu inscrições no 1º ano em 2000) e cerca de 90 em mecatrónica.Arranjar e manter professores para um tão reduzido número de alunos é “incomportável”, disse.O ISTC foi fundado em 1992 pela Fernave, tendo-se constituído, em 2000 a SESI, que integra, além da Fernave (que detém 50 por cento do capital), várias empresas do sector dos transportes e outras do ramo das telecomunicações.João Vieira sublinhou o facto de a licenciatura em engenharia mecatrónica ser única no país e, tal como os outros cursos ministrados no Entroncamento, os seus licenciados terem “pleno emprego”.Nuno Leandro disse que este curso misto “muito específico”, que alia a engenharia mecânica aos sistemas electrónicos, além de ter custos elevadíssimos tinha o problema adicional de não ser reconhecido pela Ordem dos Engenheiros.Segundo disse, tal como aconteceu com os mais de 100 alunos já reencaminhados para estabelecimentos do ensino superior público, os 11 alunos deste curso que frequentam ainda os terceiro (um aluno) e quarto anos podem pedir transferência para um curso muito similar ministrado no Instituto Superior Técnico.Para os nove alunos da licenciatura de transportes (seis finalistas e três do terceiro ano) serão igualmente procuradas alternativas, afirmou.O responsável da SESI disse que a administração tem mantido contactos com o Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES), o qual informou em Julho de 2002 da decisão de encerrar, pedindo ajuda para o reencaminhamento dos alunos.Numa resposta à deputada comunista Luísa Mesquita, que havia interpelado o Governo sobre o encerramento do ISTC, o gabinete do MCES informou, esta semana, que “o Ministério tem vindo a desenvolver esforços no sentido de salvaguardar os justos interesses e expectativas dos alunos desta instituição, facto que até à data conseguiu concretizar”.“Considerando a autonomia das instituições do ensino superior, incluído o ISTC, o MCES continuará a acompanhar, influenciar e intervir no sentido de garantir aos alunos do instituto a possibilidade de concluírem a sua formação académica no ISTC ou noutra instituição de ensino superior”, lê-se na resposta.O MIRANTE/Lusa
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