Comerciantes têm que se adaptar aos novos tempos
Crise do comércio tradicional não é irreversível mas exige mudança de mentalidades
O comércio tradicional tem de apostar na renovação de mentalidades para sobreviver à crise. Quer ao nível dos horários quer da diferenciação dos produtos.
O presidente da Câmara do Cartaxo e vice-presidente da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo (CULT) defende que o comércio tradicional da região deve adaptar os seus horários aos interesses dos consumidores para enfrentar a concorrência das grandes superfícies comerciais.Falando num seminário realizado sexta-feira na Casa do Brasil, em Santarém, Paulo Caldas considerou que as autarquias devem sensibilizar os comerciantes para esse aspecto. “A maior parte das nossas localidades está mal servida a esse nível. Há uma desadaptação entre os horários que existem e as pessoas que são servidas pelo comércio”, afirmou o autarca, que há um caminho a percorrer entre autarquias, comerciantes e associações do sector.O autarca observou também que as grandes superfícies não têm forçosamente de ser os “grandes inimigos” do comércio tradicional e exortou os comerciantes a apostarem na inovação e na diferenciação dos seus produtos e serviços para fazer face à concorrência. Às autarquias cumpre dotar as zonas comerciais de bons acessos e estacionamento, bem como servi-las com transportes urbanos.Paulo Caldas está convencido que mais tarde ou mais cedo comerciantes, dirigentes associativos e autarcas vão ser obrigados a mudar de mentalidade a esse nível, dada a maior exigência dos cidadãos enquanto consumidores e eleitores. “Quem assim não funcionar será afastado, seja através de eleições seja através da falência dos seus negócios”.A parceria entre autarquias e comércio, várias vezes abordada, foi considerada fundamental para a sobrevivência do comércio tradicional e para a revitalização dos centros históricos. José António Cortez, especialista em gestão urbana, falou do conceito de centro comercial ao ar livre, que a Associação de Comercial e Empresarial de Santarém (ACES) pretende implementar nessa cidade e no Cartaxo.O especialista diz que a renovação do comércio tradicional já não basta para se resolver a crise que se abateu sobre o sector, lembrando que há outros fenómenos que contribuem para esse cenário, como a desertificação e a falta de atractividade dos centros históricos.O que fazer então? José António Cortez diz que por vezes apetece desistir e aceitar o definhamento como irreversível. Mas acredita que é possível dar a volta ao texto com a requalificação integrada dos espaços urbanos que os volte a colocar na rota das pessoas.“É importante que se desenvolvam mais valias competitivas e uma estratégia de oferta de serviços tendo em conta o público-alvo que se pretende captar”. Ou seja, “não decalcar as ofertas de um centro comercial onde a lógica é rentabilizar ao máximo o metro quadrado”.Paulo Moreira, presidente da ACES, explicou que a realização do seminário “O Comércio e as Cidades”, onde marcaram ainda presença outros oradores, faz todo o sentido já que “não se tem sabido defender as cidades e o seu comércio”.
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