Prazenteiro Manuel Serra d’Aire
A vida está complicada para pais severos e com códigos de conduta de escolas mais autoritárias. Quem tem por hábito dar umas palmadas nos filhos tem que pensar duas vezes antes de se meter nelas. Primeiro que tudo há que certificar-se que o filho não é um latagão que anda nos Fuzileiros e que lhe devolve os sopapos com juros. Caso não seja, e se trate apenas de um puto reguila que só pensa em jogar à bola e brincar ao wrestling, cuidado com a justiça. Porque se isso chega aos ouvidos de um juiz pode haver sarrabulho do grosso. Que o diga um casal da zona da Barquinha.Em prol dos incautos recordo que um casal da zona da Barquinha foi condenado a multa de algumas centenas de euros, que pode ser trocada por dias de trabalho comunitário. O que faz a emenda ser pior que o soneto. Porque isso do trabalho comunitário tem muito que se lhe diga. Pode ser jogar dominó com os velhos do lar, limpar as bostas dos cães nos passeios, ajudar contribuintes a fugir ao fisco, ajudar velhas a atravessar passadeiras e por aí fora. Venha portanto o Diabo e escolha perante tão duras penas. Certo é que essas basquilhas podem custar muito caro, seja em euros seja em suor. E o puto parece que só apanhou porque faltava às aulas. Como se isso não fosse razão de sobra. Imaginem o que seria deste país se todos os putos fizessem o mesmo. Se este tipo de comportamento não fosse devidamente penalizado. Andávamos a pagar a professores e contínuos para nada, porque nem sequer precisávamos de escolas. Ora, o que é que acontecia há uns anitos quando um gajo era apanhado a faltar às aulas? Ganhava um jantar no McDonalds? Uma playstation? Uma viagem à Disneylândia? Uma noite com a Floribela? Pois, pois…Por estas e por outras, não admira que tanta gente tenha saudades de Salazar. E cada vez são mais. Onde é que já se viu esta falta de respeito? Os putos estão é mal habituados e não passam de uns descaradões cheios de mimos e de ronha. Por este andar temos de voltar aos tempos da sardinha para 14, de os pôr a andar descalços, de os mandar trabalhar no campo ou a dar serventia a pedreiro depois de acabarem a 4ª classe. Tudo em prol da moral e dos bons costumes.Ou, então, toca a comer tudo pela mesma medida. De cada vez que o Estado nos dá um bofetadão, haja sempre um diligente juiz a condená-lo pelo abuso. Veja-se aquele cidadão de Ferreira do Zêzere que ficou sem a vivenda nova, expropriada e demolida para se construir uma estrada. O homem ainda não recebeu um cêntimo (já lá vai mais de um ano) e para cúmulo ainda tem de pagar contribuição autárquica. Se esta merda não é pior que umas chapadas num puto vou ali e já venho!Já vi gajos a passarem-se por muito menos. E o Estado, neste caso através da subsidiária Estradas de Portugal, anda a empatar anzóis e a encanar a perna à rã. Mais papel para aqui, mais certidão para acolá, como digno manga-de-alpaca que se preza de ser. Bardamerda senhores burocratas! Bardamerda!!! Foi para aturar gente deste calibre, que não presta contas a ninguém, que se fez o 25 de Abril? Se foi, então não admira que haja quem suspire pelo manholas de Santa Comba. Só falta dizerem: volta Salazar que estás perdoado. Lagarto! Lagarto! Lagarto!Um abraço revolucionário do Serafim das Neves
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