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Industriais dizem que discussão sobre regionalização não é prioritária

Resolução de problemas estruturais deve estar na primeira linha de preocupações dos governantes
Os industriais portugueses consideram que a discussão sobre o modelo de regionalização em Portugal "não é prioritária", afirmando, em declarações à Lusa, que é preciso resolver problemas estruturais antes de avançar para a criação de regiões. Para o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), Jorge Rocha de Matos, "não tem sentido" recomeçar "a discussão do reordenamento político- administrativo do país sem, antes, resolver os verdadeiros problemas do país, que têm impedido um crescimento económico acima da média europeia".Rocha de Matos entende que as prioridades são a reforma da administração pública, da justiça, a redução da despesa pública, a remoção dos chamados custos de contexto, a simplificação administrativa e de procedimentos de licenciamento, assim como a desburocratização e a descentralização do poder central.Para o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller, o facto de haver alguns milhares de assinaturas exigindo um novo referendo sobre a regionalização "não significa que haja um 'movimento cívico', dando ideia de uma grande corrente de opinião". Francisco Van Zeller disse ainda à agência Lusa que "qualquer regionalização não existiria sem os desequilíbrios e desertificação do interior".Neste sentido, deu o exemplo da Região Autónoma da Madeira "onde a regionalização é levada ao extremo" e constata-se "a pobreza do interior e a concentração da população e da riqueza no litoral". Van Zeller entende ainda que uma abordagem à base de promessas de distribuição de benefícios por todo o território "é enganadora", pois sabe-se que "haverá sempre regiões ricas e pobres, progressivas e decadentes, jovens e envelhecidas". "Não é uma caríssima subdivisão política num país já de si pequeno e relativamente bastante uniforme, que o iria evitar", adiantou. "Que se discuta o tema em todos os seus aspectos é útil e necessário, mas de modo nenhum devemos avançar já com propostas", salientou.Por sua vez, Rocha de Matos explicou à Lusa que, além das Regiões Autónomas (Madeira e Açores), há cinco regiões político-administrativas enquadradas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento que, no âmbito do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional para o período de 2007/2013), passarão "a ter maior protagonismo nessas regiões e nas autarquias locais". Assim, "não tem sentido recomeçar a discussão sobre o reordenamento político-administrativo do país. É preciso, antes, resolver os verdadeiros problemas estruturais", realçou.O gestor reconheceu, contudo, que no "ranking" da União Europeia, Portugal tem vindo a ser ultrapassado por vários países e apresenta hoje um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de cerca de 70 por cento da média europeia, quando, no final dos anos 90, chegou a quase 80 por cento da média europeia. "Esta é a verdadeira questão. Portugal tem vindo a perder competitividade relativamente aos seus parceiros da UE. É urgente inverter esta situação. Isso só será possível com avanços significativos e concretos nas reformas anunciadas", garantiu.

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