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Inauguração do Monumento ao Forcado à terceira tentativa

Um toiro e dois forcados integram a peça em bronze
Vencida a polémica, forcados, câmara e aficionados esperam que a inauguração do monumento seja mais uma tarde de ouro nas bodas de diamante do grupo de Vila Franca. Domingo, três da tarde. Mais de meia centena de antigos e actuais forcados vão estar trajados a rigor para receber o monumento que perpetua a figura dos homens valentes e corajosos que ao longo de 75 anos pegaram milhares de toiros nas arenas portuguesas e em algumas das melhores praças do mundo.A imponente peça esculpida em bronze pelo escultor José Miguel Franco de Sousa está colocada entre a praça e a entrada do parque urbano da cidade. A base ladeada em pedra irá retratar a arena com terra retirada da Palha Blanco.Um toiro valente com quatro metros de comprido e mais de três metros de altura, um forcado na cara e um primeiro ajuda em dificuldade, ambos com mais de dois metros de altura, é a ideia reflectida na peça que os forcados elegeram.“Estas dimensões permitem ter a dimensão real das figuras”, explicou o escultor Franco de Sousa numa conversa com O MIRANTE, em Junho de 2006, quando ainda definia os pormenores de acabamento da peça. Franco de Sousa procurou que as caras dos forcados não se pareçam com ninguém. Foi uma determinação dos dirigentes da casa dos forcados para não criar melindre ou ciúme entre os que vestiram a jaqueta do grupo.O artista fez uma peça inédita em cera depois de observar dezenas de fotos do grupo de Vila Franca. Feito o molde, a peça foi colocada na fundição, depois em Madrid, porque em Portugal não há nenhuma fundição preparada para este tipo de trabalho.“É uma peça hiper realista como todas as que tenho feito”, referiu o escultor de 57 anos e uma vasta experiência em esculturas de toiros, cavalos e peças de caça. Esta é a escultura de maior dimensão no currículo de Franco de Sousa e por isso motivou uma entrega total no seu atelier em Linhó (Cascais). “O contrato foi assinado em Outubro de 2005 e tinha pouco tempo para realizar a obra”, disse o artista para justificar os atrasos. A escolha deste monumento foi antecedida de polémica porque os homens da jaqueta não aceitaram a escultura abstracta de Manuel Patinha que acabou por ser colocada em Alhandra e recebeu o nome de monumento à tauromaquia.Franco de Sousa não conhece a escultura de Manuel Patinha e recusou fazer uma apreciação crítica. “A arte não é criticável. Não há maneira de medir o gosto pessoal”, refere.O cabo do grupo, Vasco Dotti também finta a polémica e não aceita que se diga que os forcados rejeitaram o primeiro monumento. “Nós não rejeitamos, simplesmente dissemos que a escultura não era apropriada para homenagear o forcado como artista. Integrámos um júri onde demos a nossa opinião contrária à maioria”, explica.O líder dos forcados acredita que o monumento escolhido pelo grupo também possa desiludir algumas pessoas, inclusive forcados. “A arte é muito subjectiva”, acrescenta.O escultor Franco de Sousa está preparado para ouvir críticas e alguma polémica. “Mau seria que a peça passasse despercebida. Nem toda a gente vai gostar”, concluiu.

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