Revitalização da Palha Blanco custa dois milhões
A senhora presidente tem colocado vários agentes do mundo taurino e da comunidade a falar da revitalização da Palha Blanco e da festa. Já há resultados e ideias? Eu acredito na revitalização da praça de Vila Franca e há um conjunto de pessoas dispostas a ajudar. Justifica-se aqui elogiar o empresário da Palha Blanco, António Manuel Cardoso “Nené” que tem feito um esforço para realizar um conjunto de iniciativas na praça e tem-se preocupado em montar bons cartéis. Falta público na praça, mas isso tem a ver também com o preço dos bilhetes e as dificuldades das famílias.Mas há aficionados de Vila Franca que vão a outras praças portuguesas e a Espanha e não entram na Palha BlancoIsso é verdade. Mas se houver qualidade no espectáculo, bons toiros, bons cavaleiros e bons toureiros, eles vão. Todos sabemos que montar cartéis de valores custa muito dinheiro. Às vezes fico impressionada com os preços que se cobram. No entanto, este ano, vamos ter várias figuras em Vila Franca e espero que o público responda. A câmara apoia a empresa através da aquisição de bilhetes que distribui por convidados, mas não tem conseguido conquistar novos públicos.Uma pessoa que tem uma reforma de 300 euros não pode comprar um bilhete que custa 30 euros e nós damos bilhetes a todos os reformados com rendimentos baixos e aos jovens até aos 18 anos, isso é conquistar público que de outra forma não iria aos toiros. Basta dirigirem-se à câmara e fazer a prova de pensionista ou de ter menos de 18 anos. A ideia de transformar a centenária Palha Blanco num touródramo coberto, moderno e com outras ofertas, à imagem do Campo Pequeno, agrada-lhe?Julgo que seria claramente uma boa solução. A nossa praça necessita de obras, é desconfortável e tem poucos lugares, o que encarece os bilhetes. Temos de fazer alguma coisa, mantendo as características da praça que tem pormenores únicos. Mas estamos a falar de um investimento de 1,5 a 2 milhões de euros que necessitaria de um momento de gestão completamente diferente do actual.A Misericórdia, proprietária da praça, recebe 45 mil euros por temporada. A instituição está receptiva a esse projecto?Com um investimento desta natureza é preciso o envolvimento de privados, mas em primeiro lugar temos de ganhar a Misericórdia porque é ela que é dona da praça. Notei grande sensibilidade e abertura da parte do senhor provedor. Um amigo dizia-me um dia destes que Vila Franca deveria ter a Primeira Escola Profissional de Toureio onde se formassem artistas de corpo inteiro e todos os agentes para a festa, inclusive o público. É uma ideia interessante conciliar a formação académica, com equivalência ao ensino secundário, apostando na especialização nesta área?É uma ideia curiosa, urgente e necessária. A escola tem de formar homens com verticalidade. Aquilo que aconteceu recentemente com Chamaco, que abandonou a Escola José Falcão onde lhe demos tudo, não teria acontecido se a escola estivesse essa preocupação. Acho que foi muito mau e tive oportunidade de telefonar ao jovem para lhe dizer que uma tarde de sorte não faz um toureiro e que é preciso ter cuidado que a história está cheia de percursos sinuosos e de pessoas que se precipitam.Ficou magoada?Acho muito mal que o Chamaco tenha deixado de ir ao Clube Taurino e tenha abandonado a escola e os que lhe deram a mão e proporcionaram uma tarde de triunfo.Isso revela a fragilidade do lado humano do artista?Mostra que é necessário mudar a actuação da própria Escola José Falcão. Temos de acautelar algumas coisas porque o vislumbramento pode conduzir ao colapso. Não podemos correr riscos.É viável um curso profissional de toureiro?É necessário que a par da arte de tourear, os jovens aprendam tudo o que um jovem e um homem necessitam de saber para nortear a sua vida profissional e pessoal. É preciso garantir boas notas, aprendizagem física e cívica. Não se pode aprender apenas a lidar o toiro.
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