Foi com satisfação contida mas bem evidente que os presidentes dos seis municípios que integram a empresa Águas do Ribatejo anunciaram sexta-feira a garantia de 42 milhões de euros de fundos comunitários para investir nos sistemas de abastecimento de água e saneamento básico nos seus concelhos. Essa decisão de Bruxelas garante a viabilidade da empresa sem necessidade de alienar parte do capital a privados. E configura também uma espécie de saborosa desforra perante os municípios de Santarém e do Cartaxo, que abandonaram a empresa há pouco mais de um ano avançando com projectos autónomos que consideraram mais vantajosos.Os 42 milhões de euros do Fundo de Coesão são para comparticipar obras a realizar no actual Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que vigora até 2015. Ao todo a Águas do Ribatejo prevê gastar cerca de 75 milhões de euros nesse período. O sucesso da candidatura aos fundos europeus foi considerado pelos seis presidentes dos municípios envolvidos como uma vitória da solidariedade e da persistência. “Estes números são uma vitória para o nosso projecto. Com certeza que as outras empresas terão êxito e estão também a servir os objectivos desses municípios”, disse com diplomacia, em conferência de imprensa, José Sousa Gomes, presidente do conselho de administração da Águas do Ribatejo e também da Câmara de Almeirim. António Ganhão, outro membro da administração e presidente da Câmara de Benavente, afirmou que “essa nossa persistência e inteira solidariedade constituem motivo de grande orgulho e estão na base deste projecto que o futuro irá demonstrar que será importantíssimo para a região”. Regozijou-se também por não ser necessário abrir o capital da empresa a privados.Até 2015, o objectivo traçado é: construir 17 novas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) e remodelar 13; construir 44 estações elevatórias e remodelar 12; construir 240 quilómetros de colectores de esgotos; criar 15 novas captações de água e remodelar duas; erguer 10 reservatórios de água e remodelar um. Actualmente estão já adjudicadas ou concluídas obras que envolvem um investimento global de 19 milhões de euros. “Até final do ano outras intervenções estarão em execução ao nível das águas e saneamento, com um investimento que deverá chegar aos 40 milhões de euros”, revela a Águas do Ribatejo.A Águas do Ribatejo foi inicialmente concebida com a participação de 9 municípios da Lezíria do Tejo. Santarém e Cartaxo saíram em ruptura e decidiram avançar com projectos autónomos. Golegã também saiu entretanto, num processo considerado pacífico. Actualmente fazem parte da empresa os municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche e Salvaterra de Magos. Na calha está a adesão de Torres Novas, que se deve processar ainda este ano. Os estudos que vão suportar tecnicamente esse passo devem estar concluídos até Maio.Moura de Campos é o director geralJosé Moura de Campos é o novo director geral da empresa Águas do Ribatejo. Engenheiro de formação, ocupou até há pouco tempo o cargo de vice-presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo. É considerada uma grande aquisição num momento crucial, em que a empresa começa a laborar em pleno.O conselho de administração é liderado pelo autarca de Almeirim José Sousa Gomes (PS) e integra ainda os autarcas de Benavente, António Ganhão (CDU), e de Coruche, Dionísio Mendes (PS). Nenhum desses elementos é remunerado por essas funções.Sede da Águas do Ribatejo muda-se de Santarém para Salvaterra de MagosA sede da Águas do Ribatejo vai mudar de Santarém para Salvaterra de Magos. A empresa passa a ocupar em breve as antigas instalações do Gabinete de Apoio Técnico (GAT), que se encontram em fase de remodelação. A Águas do Ribatejo tem funcionado nesta fase embrionária nas instalações da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, na Quinta das Cegonhas, em Santarém. Dado que o município de Santarém decidiu sair da empresa, a administração da empresa entendeu que fazia mais sentido localizar a sede num dos concelhos participantes no projecto.Em declarações informais, a presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Ana Cristina Ribeiro (BE), disse que a conquista da sede para o seu concelho “deu muito trabalho”. Isto porque havia mais concorrentes a albergar a empresa.