Tive uma infância muito feliz. Nasci na cidade do Porto, sítio que até hoje gosto muito. Mas apesar de ser da cidade, tinha muitas idas ao campo, a casa dos meus avós e passava lá muitos meses de férias. A minha infância, passei-a toda no Porto, rodeado da família. Na escola também tive sempre muitos amigos.Trabalho desde os 23 anos, mas com 18 já dava explicações que ajudavam a compor o pé-de-meia. Aos 23, quando acabei o curso, comecei a trabalhar na Comissão de Coordenação da Região Norte. Depois vim para Lisboa e fundei uma escola profissional onde estive durante nove anos. Ao fim desse tempo, mudei novamente de actividade profissional para o que faço agora. Fui para o Alentejo, para Ponte de Sor, onde abri a primeira loja semelhante a esta e há cerca de um ano vim para Benavente.Benavente foi uma terra bastante escolhida, não foi fruto do acaso. Por um lado, houve a procura de uma localização que estivesse perto de Lisboa, e por outro uma terra que, sendo já desenvolvida, fosse ao mesmo tempo sossegada e sem o stress e a tensão das grandes cidades. Uma terra com características citadinas, mas sem os defeitos inerentes a uma grande cidade.Sou licenciado em Direito mas nunca exerci nenhuma profissão jurídica. Não enveredei pelo Direito porque aquele Direito que eu procurava quando tirei o curso, era uma visão idílica do Direito, que não existe. Depois na prática tudo se reduz a muitos prazos, a muitos papéis e nem sempre se concretiza a justiça material.Não sou um viciado em trabalho. Trabalho bastante, sem dúvida, mas não em excesso. A loja abre das 10h00 às 13h00 e depois das 15h00 às 19h00. Mas depois para a loja estar aberta é preciso todo um trabalho de bastidores que às vezes me ocupa boa parte da noite. Por exemplo, a actualizar o ficheiro de livros na Internet, a arrumar coisas, a preparar encomendas para a expedição… Começo o meu dia às 07h30 e termino por volta da meia-noite. Mas tento não passar as últimas horas do dia a trabalhar. Tento estar pelo menos uma hora em casa a descansar, com a família.Conciliar o trabalho e a família nem sempre é fácil, mas eles compreendem essas exigências. Uns dias melhor, outros pior. Às vezes, quando posso, trago a família para a loja. Tento aproveitar muito bem os feriados e fins-de-semana para compensar e passar com eles algum tempo de qualidade.O meu local exclusivo de férias é o Gerês, mas nos últimos oito anos só tive uma semana de férias no Verão e uns dias no Natal. Estou muito familiarizado com as pessoas e com a zona. E há sol, há montanha, há água, é sossegado. Chego, paro o carro e só torno a pegar nele quando me vou embora. É uma semana inteira a descansar e por isso nem tento outras alternativas.Não sou uma pessoa religiosa. Tive uma formação católica, mas neste momento tenho uma posição de alguma distância em relação a esses temas. São temas que não são centrais na minha vida.Gosto de viver e deixar viver. É a minha atitude perante a vida. Acho que o Mundo é grande, cabemos cá todos e há espaço para toda a gente, por isso o importante é cada um viver e deixar viver quem está à sua volta, que é basicamente aquilo que procuro fazer.Não tenho muito tempo livre, mas o pouco que tenho passo-o com os meus cães. Gasto com eles duas horas todos os dias. É o meu único exercício físico. Gosto muito de cães. O nome da loja vem de um cão meu que morreu em Abril do ano passado. Chamava-se Matias. Também sempre tive a paixão pela jardinagem e aqui em Benavente voltei a ter oportunidade de a exercer. Além disso, gosto de bricolage e de ler um bocadinho todos os dias, antes de ir para a cama.Patrícia Cunha LopesPaulo Andrade e Silva é um dos donos da “Loja do Cão Preto”, em Benavente. Aposta na compra e venda de livros raros e antiguidades, bem como produtos regionais portugueses. Escolheu Benavente porque queria uma localidade perto de Lisboa, mas sem o stress das grandes cidades. Apesar de ter tirado o curso de Direito nunca exerceu a profissão.