Sem esconder o orgulho, Cristiano Silva, 19 anos, de São Sebastião, freguesia de Atouguia, Ourém, conta como ficou entre os três classificados para ir representar Portugal no Campeonato do Mundo de Orientação. Desconhece o seu futuro, vai sem grandes expectativas fazer a experiência em Itália, um objectivo que havia traçado para esta época. Faz orientação pedestre e em Bicicleta Todo-Terreno (BTT), mas é nesta última que se tem destacado e alcançado os pódios por todo o país. Leva o desporto sem pressão, terminando agora um estágio em contabilidade, mas comenta que há pessoas que conseguem viver a praticar a modalidade.Na noite de sábado, dia 13, uma festa num café local pretendeu angariar fundos para ajudar Cristiano Silva a viajar até Vicenza, em Itália, onde vai decorrer a prova. O seu clube, o Grupo Desportivo Quatro Caminhos, deu apoio, mas ainda era necessário mais algum dinheiro. O atleta espera agora estarem reunidas as condições para participar no Campeonato do Mundo de Orientação, em BTT, que decorre de 18 a 28 de Agosto. Ainda é um desporto que pratica pelo gosto, pela vontade de ultrapassar desafios e vencer as dificuldades. Iniciou-se na Orientação quando frequentava o 7º ano na Escola Básica D. Afonso IV Conde de Ourém, em Ourém, no desporto escolar. Competiu em campeonatos distritais, regionais e mesmo nacionais, até que aos 16 anos, passando ao escalão de júnior, teve que se federar. Quem o encaminhou para o Grupo Desportivo Quatro Caminhos foram os professores e treinadores, João Alves e Vítor Delgado, que lhe têm garantido muitas vezes a boleia em várias competições, refere.Até há cerca de um ano apenas fazia Orientação pedestre. Com a carta de condução na mão e a possibilidade de assim competir em mais provas, iniciou-se na BTT. Na última época ficou quase sempre nos pódios, tendo conquistado o primeiro lugar no Campeonato Ibérico, em Espanha, os segundos lugares nos Campeonatos Nacionais de Distância e de Sprint e o terceiro lugar no Campeonato Nacional de Distância Média. Após cerca de 23 provas da Taça de Portugal, foi chamado para um estágio e daí seleccionado para o Campeonato do Mundo de Orientação.Um objectivo conquistado com rapidez, reconhece Cristiano Silva, visivelmente satisfeito por ter conseguido alcançar esta meta. Em Itália, porém, as expectativas não são muitas. Vai competir com os melhores e não pensa muito até onde estas competições ainda o podem levar. “Vou lá enquadrar-me entre os melhores do mundo para um dia conseguir voltar”.Se lhe perguntam o que é necessário para praticar Orientação, dá uma resposta muito prática: uma bicicleta, um porta mapas, uma bússola e pôr-se à estrada. Treina seis vezes por semana, cerca de uma hora, corrida e bicicleta. “É necessário muita concentração e uma boa preparação física. Há provas muito duras”, diz. Sente-se uma pessoa competitiva, “mas no bom sentido”. “No meu escalão, os juniores, damo-nos todos bem”.“Em Ourém há boas condições para a prática da modalidade. Temos bons mapas em Casal dos Bernardos, Pinhal do Rei e Pêras Ruivas”, refere. E o que é um bom mapa? “É uma rede de caminhos em que temos que definir qual a melhor opção. O nosso desafio é conseguir distinguir o melhor”. Já se perdeu muitas vezes. Nos primeiros tempos chegou a desesperar numa prova. “Quando me iniciei nesta modalidade fui um pouco às cegas, sem saber bem do que se tratava. Nunca pensei chegar a este nível”.“Essencialmente, é preciso gostar disto. Seguindo o mapa e chegar ao final o mais rápido possível”, refere. “Depois de Itália vou continuar a treinar para ir ao Campeonato Absoluto Pedestre. O objectivo é ir aos 60 melhores para ir à final. Acho que consigo”.