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Acalorado Manuel Serra d’Aire

Também eu já comecei a adoptar medidas de contenção face à crise que nos atormenta (agora já podemos dizer com toda a propriedade que nos estamos a ver gregos) e folgo em ver que nesta época balnear muita moçoila bem torneadinha foi na conversa do novo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Nas minhas caminhadas à beira-mar tenho verificado que a poupança, pelo menos no tecido dos biquínis, está a ser levada muito a sério. O que muito me apraz naturalmente, porque os tempos não estão para brincadeiras e todos temos que dar um singelo contributo para que os alemães não nos venham chatear ainda mais a cabeça.Aliás, o nosso ministro Miguel Relvas (acho que podemos tratá-lo assim, dada a vizinhança) até disse, poucos dias após ter iniciado funções, que todos os dias teríamos notícias sobre os cortes que o Governo ia fazer na redução da despesa pública. E realmente notícias não têm faltado, embora sejam mais sobre o assalto contínuo que está a ser feito aos bolsos dos portugueses. Mas por algum lado se tem que começar, não é? E quando se trata de reduzir o défice já se sabe que quem se lixa primeiro é o mexilhão. Perdoemos pois desta vez o nosso ministro Relvas, avisando-o desde já que o seu estado de graça não dura sempre e que nós somos mais tesos que o seu opositor tomarense de estimação, o socialista Luís Ferreira, mesmo envergando o seu colete da Protecção Civil. Rapioqueiro Manel uma das coisas que mais gosto no Verão é das festarolas que se fazem por essas aldeias fora. Dos bailaricos e da sardinha assada, das minis a refrescar dentro de bidons com gelo e serradura e dos concertos dos artistas canastrões com as suas inevitáveis e desengonçadas bailarinas a mostrar o pernão. Esse ambiente retro, a destilar neo-realismo por todos os poros, é a essência do nosso Portugal que vive para cá das portagens de Alverca. Estimemo-lo pois!Só há uma coisa que não percebo no meio disso tudo e contra a qual me insurjo. Por que raio misturam santos benquistos na hierarquia da Igreja Católica com esse fervilhante ambiente de romaria pimba onde quase tudo é a antítese do que andaram a pregar Cristo e os respectivos apóstolos. Choca-me ver uma festa em honra de uma qualquer Nossa Senhora (e há-as para todos os gostos, do Desterro, das Febres, da Boa Viagem, dos Remédios, da Nazaré, do Castelo e por aí fora...) onde pontifiquem no cartaz aberrações canoras como um Zé Cabra, um Iran Costa ou um Quinzinho de Portugal. No programa artístico de uma festa religiosa só deviam ter entrada artistas de boa catadura como um Coro de Santo Amaro de Oeiras, um Frei Hermano da Câmara ou um Padre José Luís Borga. Se o pessoal quer rambóia, não meta os santos ao barulho, que eles não se podem defender e, pelos vistos, também já não têm quem os defenda.Uma bênção do Serafim das Neves

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