uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Companhia de Fiação de Torres Novas acaba ao fim de 166 anos de produção

Companhia de Fiação de Torres Novas acaba ao fim de 166 anos de produção

Concorrência asiática e falta de modernização contribuíram para a ruína de uma das mais antigas empresas da região

Administração tentou evitar o encerramento da empresa que fabricava roupões e atoalhados com um plano de recuperação que passava por vender 90 por cento da sociedade, mas os credores não quiseram correr riscos.

A Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas chegou ao fim e o património da empresa vai ser vendido. O destino da fábrica centenária foi decidido pelos credores que reclamam mais de 12 milhões de euros de dívidas e que não aceitaram o plano de reestruturação da empresa que fabricava essencialmente atoalhados e roupões em tecido turco. Aos 142 trabalhadores, alguns dos quais já tinham pedido a suspensão dos contratos de trabalho por terem salários em atraso, resta agora esperar pela venda do património para receberem ordenados e indemnizações pelos anos de trabalho. O colapso de uma das fábricas mais antigas da região, que começou a laborar em 1845, está identificado no relatório do administrador de insolvência nomeado pelo Tribunal de Torres Novas, Nuno Oliveira da Silva. As exportações caíram derivado dos clientes se terem virado para os mercados asiáticos onde conseguem produtos mais baratos. A companhia perdeu quase por completo o mercado inglês. Em 2007 as vendas tiveram uma grande quebra e no ano seguinte uma das clientes, a Hilden, é declarada insolvente deixando a fábrica de Torres Novas com um crédito de 200 mil euros incobrável. A Hilden é comprada por outra empresa inglesa que em 2009 passou a comprar na Ásia “a preços impossíveis de acompanhar”. A Fiação de Torres Novas vê-se obrigada a recorrer à banca para ir tapando os buracos de tesouraria. Os fornecedores começam a dificultar a vida, evitando reduzir preços e dificultando as condições de pagamento, o que levou a que algumas vezes faltasse matéria-prima. Na tentativa de recuperar o fôlego a administração recorre em Junho de 2009 à figura do “lay-off”. Medida que implica uma redução temporária do período normal de trabalho e uma redução do salário dos trabalhadores. A situação mantém-se até Junho de 2010 sem que a empresa conseguisse sair da agonia. Só restava pedir a insolvência, que foi decretada pelo tribunal em 25 de Janeiro deste ano. O administrador de insolvência avisa que a continuidade da fábrica depende da sua capacidade em se modernizar e de uma nova estratégia de actuação, já que não chega neste momento ter produtos de boa qualidade e de bom gosto. As máquinas são velhas e desadequadas. Os accionistas de referência da fiação, Adolfo Mayer, João da Silva e Vasco Pessanha, ainda tentam evitar o encerramento e apresentam um plano de recuperação. A companhia consegue convencer o Grupo Lanidor a investir. Ficaria com 90 por cento da sociedade e Adolfo Mayer com 10 por cento. A fiação reconhece que o passivo é elevado e que traduz as consequências do sobredimensionamento da fábrica. O Grupo Lanidor podia pela sua experiência catapultar a Fiação de Torres Novas para processos modernos de fabrico e comercialização. Mas há um custo a pagar. O despedimento colectivo e a contratação de apenas 30 pessoas numa primeira fase sendo dada preferência a antigos funcionários da fiação. O pagamento dos 600 mil euros pela entrada do grupo seria feito em prestações anuais ao longo de dez anos. Mas os credores preferiram não correr riscos.
Companhia de Fiação de Torres Novas acaba ao fim de 166 anos de produção

Mais Notícias

    A carregar...