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As festas da Glória são tão boas que mesmo as bebedeiras em vez de dar zaragatas reforçam amizades

Ouvir falar as gentes da Glória do Ribatejo da sua terra e das suas festas é ouvir declarações de amor em catadupa. E assim como os apaixonados destacam todas as particularidades da sua amada, também os entrevistados de O MIRANTE percorrem as qualidades inigualáveis do que é seu. Até as bebedeiras, dizem, são tão boas, tão boas, que em vez de redundarem em zaragatas ajudam a reforçar amizades. Claro que todos querem mais e melhor e por isso falam em mais espaços verdes e estradas alcatroadas. Talvez seja por isso que alguns dizem para não se esbanjar o dinheiro todo em folguedos.

Maria do Carmo Ricardo, 53 anos, Empregada de Balcão, Cocharro“As pessoas da Glória são muito unidas”Maria do Carmo Ricardo não vai a muitas festas mas adora as da Glória do Ribatejo ou não vivesse nesta freguesia ribatejana. Não vai todos os dias ao recinto das festas porque o trabalho não o permite. Mas nos tempos livres gosta de ir ver o que há de novo. “Sempre dá para distrair um bocadinho de um dia inteiro de trabalho”, diz.Empregada de balcão num estabelecimento perto do recinto das festas Maria do Carmo afirma que estes são os melhores dias do ano para o negócio, juntamente com a época do Natal. Maria do Carmo gosta especialmente das festas da Glória porque, diz, apesar de nestes dias ser servida muita bebida não existem zaragatas. “As pessoas são muito unidas e nem é preciso polícia no local. Nunca assisti a brigas o que é de louvar”, realça.Defensora de música popular portuguesa, a empregada de balcão vai tentar ir à porta do café para ouvir “algumas músicas” de José Malhoa.Na sua opinião as festas devem continuar embora o investimento deva diminuir. Os tempos, diz, não estão para grandes investimentos. “Não se tem dinheiro faz-se uma festa mais pequena. Os artistas mais conhecidos levam muito dinheiro por isso podemos optar por artistas que animem a festa mas que cobrem menos dinheiro. Os tempos não estão fáceis para se gastar muito dinheiro”, esclarece.Celestino Nunes, 55 anos, Reformado, Glória do Ribatejo“Não são os grandes artistas que trazem os visitantes”Agora que está reformado Celestino Nunes diz que “corre” todas as festas do concelho e como bom gloriano que é garante que não vai perder mais uma edição das festas da terra onde nasceu e sempre viveu. À semelhança de anos anteriores conta ir à festa todos os dias. Alguns dos quais começa logo de manhã no recinto das festas onde se encontra com os amigos. “Comemos umas bifanas e bebemos umas imperiais para começar bem o dia mas não podemos abusar porque a idade e a saúde não perdoam”, diz bem-disposto.À tarde dorme a sesta para aguentar a ‘noitada’. Celestino Nunes não prescinde do convívio com os amigos. O reformado confessa que às vezes está no recinto só para não estar em casa a “chatear a mulher”. Defende que a festa deve continuar mas não concorda com a contratação de artistas que vão ganhar “balúrdios” por pouco mais de uma hora de espectáculo. “Não são os grandes artistas que trazem os visitantes, é o convívio. Era preferível ter um artista da região que anime a festa na mesma e não ganha tanto dinheiro”, afirma.Na sua opinião faz falta mais policiamento nas ruas da Glória. “Devia haver mais controlo das coisas que se passam sobretudo à noite”. Defende a continuidade da procissão, uma tradição muito antiga e que atrai muita gente de fora.António Pereira, 59 anos, Cabeleireiro, Glória do Ribatejo“Sorteio do automóvel devia ser substituído por prémios mais pequenos”António Pereira mora a dois passos do recinto das festas e por isso diz que é quase obrigado a lá dar um ‘saltinho’ todos os dias. Confessa que vai às festas da Glória sempre que pode e aproveita para beber umas imperiais e petiscar com os amigos. É rapaz para ir assistir ao concerto de José Malhoa. “Tem músicas do meu tempo e gosto muito de ouvir música popular portuguesa”, confessa.Apesar das dificuldades financeiras que o país atravessa António Pereira afirma que as festas da Glória devem continuar de modo a manter viva a tradição. Deve-se, no entanto, começar a “apertar” a bolsa e não gastar tanto. O automóvel que todos os anos se sorteia durante as festas era das primeiras coisas com que o cabeleireiro acabava. “Podia-se substituir o carro por prémios mais pequenos mas simbólicos. Não há necessidade de se gastar tanto dinheiro com isso”, refere acrescentando que a procissão é algo do qual não se pode prescindir uma vez que, na sua opinião, é a parte “principal” da festa.António Pereira lamenta o estado em que estão algumas ruas da freguesia e se mandasse mandava alcatroá-las. “A estrada que vai da Glória para o Cocharro está num estado lastimável. Colocar um tapete de alcatrão não é assim tão caro”, afirma.Cristóvão Oliveira, Técnico Oficial de Contas, 49 anos, Glória do Ribatejo“É importante que o orçamento das festas não aumente”Apesar de ter visto o grupo recentemente Cristóvão Oliveira não vai querer perder o concerto dos Santos e Pecadores nas festas de Glória do Ribatejo. O Técnico Oficial de Contas (TOC) aproveita os dias de festa para rever e confraternizar com os amigos que não vivem na aldeia onde cresceram e fizeram amizades. “Muitos desses amigos só vêm à Glória nesta altura do ano e aproveitamos os momentos de maior descontracção para convivermos”, explica.Cristóvão Oliveira defende que a festa deve manter-se mas que deve haver uma preocupação para, pelo menos, “não aumentar” o orçamento. Se fosse responsável pela elaboração do orçamento das festas Cristóvão Oliveira reduziria parte da iluminação e repensava os moldes do fogo-de-artifício. “A festa vive das contribuições e, devido à situação económica do país, estas têm vindo a diminuir por isso é importante repensar todos os gastos nas festas dos próximos anos porque os tempos que se avizinham não são fáceis”, afirma.O TOC elogia a pista para correr e fazer caminhadas recentemente construída na Glória mas lamenta que as estradas da freguesia precisem de ser alcatroadas. “Fazem falta tapetes de alcatrão em todas as estradas que estão uma miséria”, salienta, acrescentando que também o posto médico local deveria ser alvo de reforço.João Oliveira, 69 anos, Reformado, Glória do Ribatejo“A procissão é o ponto alto da festa”Os dias em que se realizam as festas em honra de Nossa Senhora da Glória são dias que a ‘malta’ da terra aproveita para se distrair. Quem o diz é João Oliveira que gosta mesmo é de conviver com os amigos apesar de não ser muito “amigo” do petisco nem dos copos. João Oliveira faz questão de marcar presença nas festas sempre que for possível.José Malhoa, Santos e Pecadores, SantaMaria são alguns dos espectáculos musicais que João Oliveira não vai querer perder. Tudo o que meta música o reformado vai querer assistir. A procissão é, na sua opinião, o ponto alto das festas e João Oliveira também vai marcar presença na cerimónia. Concorda que se diminuam os gastos nas festas mas que nunca se acabe com a procissão. “É a parte mais importante da festa e uma tradição muito antiga que se deve manter”, afirma.Se mandasse, construía mais espaços verdes com “muitas” sombras para os mais velhos descansarem e os mais novos brincarem sem precisarem de sair da terra onde vivem.Artur Ricardo, 59 anos, Comerciante, CocharroDias de festa servem para colocar conversa em dia com os amigosArtur Ricardo vive no Cocharro, freguesia de Glória do Ribatejo, há cerca de dez anos. Com um café ‘colado’ ao palco onde se realizam os espectáculos musicais vai ser ‘obrigado’ a ouvi-los. Gosta de música popular portuguesa e vai “tentar” assistir ao concerto de José Malhoa. Nos tempos livres tenciona visitar o recinto das festas para ver as “novidades”, embora diga que a idade não perdoa e que agora tem mais vontade de descansar do que passear.Os dias de festa servem para rever e colocar a conversa em dia com os conhecidos com quem não se tem tanto de tempo de falar durante o ano com a agitação do dia-a-dia. Artur Ricardo gosta de assistir à procissão e defende que, apesar das dificuldades financeiras, esta é uma tradição para manter. Na sua opinião falta na freguesia de Glória do Ribatejo espaços verdes e ruas alcatroadas. “É uma questão de gestão e esta câmara, pelos vistos, não aposta no alcatrão”, afirma.

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