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A Itália, o italiano e as aguarelas

A Itália, o italiano e as aguarelas

Maria da Conceição Ventura fez carreira como técnica de análises clínicas, profissão a que pôs termo para se dedicar à tradução de italiano e à pintura com aguarela. Desde 1999 está a viver na aldeia de Vale de Figueira.

É numa casa de piso térreo à saída de Vale de Figueira a caminho do Pombalinho, no concelho de Santarém, que vive Maria da Conceição Ventura, a aguarelista que assina Maria C. Ventura. Depois de cumprir uma carreira de quase 30 anos como técnica de análises clínicas em Lisboa, tirou partido do curso de tradução no instituto Italiano e seguiu caminho para Roma, onde também desenvolveu a sua veia artística a pintar com aguarelas. Foi lá que conheceu Ítalo Bianchi, funcionário do Ministério das Finanças, com quem se casou. Em 1999, resolveram fazer vida em Portugal e a pequena aldeia de Vale de Figueira o seu destino. “Uma vez que passámos em Santarém procurámos uma imobiliária e indicaram-nos uma casa em Vale de Figueira, que não serviu. Depois uma pessoa abordou-nos a dizer que tinha uma casa para venda. Uma parte foi recuperada, outra acrescentada e aqui ficámos. Mas faz-me falta ver o mar”, confessa. Maria da Conceição Ventura tem um vasto currículo de exposições individuais e colectivas realizadas em Itália e Portugal, bastantes das quais em cidades e vilas da região. Nasceu em 17 de Março de 1935 em Lisboa mas a sua dinâmica e expressividade desmentem o BI. Pinta sobretudo paisagens naturais, cidades, locais por onde passou, monumentos com que se deslumbrou. Para exposições é também muito solicitada por municípios para reflectir na tela os principais monumentos locais, sejam igrejas, conventos, áreas históricas ou naturais, com um realismo, para uns acentuado, para outros menos evidente. É nas traseiras de casa que tem o seu atelier e outra divisão com as telas já desenhadas e arquivadas. Maria da Conceição Ventura pinta sentada numa mesa com a tela assente num pequeno suporte. Está rodeada de pincéis de várias dimensões para diferentes texturas que queira dar ao desenho. A paleta de cores fica num dos lados da tela. Adquire os seus materiais numa casa da especialidade em Lisboa. A fotografia que tirou do local que vai ser reproduzido ajuda na definição da pintura, que começa com o desenho na tela. A aguarela começa a seguir e a pintora vai apagando aos poucos o desenho inicial. “Nas aguarelas não se pode alterar. Quando se começa tem de se ir até ao fim”, conta enquanto vai concluindo a paisagem das Portas de Almourão, dois picos que se elevam sob o rio Ocreza, em Vila Velha do Ródão.Não era a pintura nem sequer as análises clínicas com que Maria da Conceição Ventura sonhava vir a trabalhar. “Sempre quis ser médica cirúrgica, pianista ou cantora de ópera. Uma vez uma colega falou-me num curso intensivo de análises clínicas que acabei por frequentar e ainda não o tinha acabado já estava a trabalhar no laboratório do Dr. Pinto de Almeida, de onde só saí quase 30 anos depois”, conta Maria da Conceição, lembrando como nesse tempo as pessoas eram gente e não números.Frequentou o Instituto Italiano de Cultura onde ficou habilitada a fazer traduções naquela língua. Ganhou duas bolsas de estudo e, após a segunda, resolveu adoptar Roma como sua casa. Curiosa foi a forma como conheceu o actual marido, já que ambos tinham saído de um primeiro casamento. “Comprava um jornal que tinha bastantes anúncios diferentes. Um deles era do Ítalo a dizer que as mulheres só pensavam no dinheiro e não no amor. Liguei-lhe, contestei a frase e combinámos encontrar-nos. A partir daí foi-se desenvolvendo a relação até casarmos em 1996. Foi amor à primeira vista”, admite.Maria da Conceição não tem horas para trabalhar e aborda várias pinturas ao mesmo tempo. Pode fazer jornadas de várias horas a pintar, de preferência ao som de música clássica e gregoriana. Acabada a obra assina no canto inferior direito e coloca o ano. O custo das suas pinturas a aguarela depende do trabalho, do tempo que consumiu e dos materiais utilizados. Já vendeu quadros a 175 euros e a 1750 euros.Desde 1999 em Portugal, o casal mantém a cumplicidade de sempre. Ítalo Bianchi garante que não sente saudades da sua amada Itália. Quando viajam a Itália vão dando aos amigos italianos um pouco dos sabores da cozinha portuguesa. Em Portugal, presenteiam os amigos conquistados com as sensações dos pratos italianos confeccionados pelos dois, como fizeram com o jornalista de O MIRANTE aquando da conversa com o casal Maria-Italo. Buonissimo!
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