Já existem há quase duas décadas, mas só há sete anos se vêm dedicando à concertina. Assim como tantos outros grupos de todo o país e do estrangeiro (cerca de 200 tocadores), os “Amigos da Farra”, de Ourém, exibiram os seus dotes na décima edição do Encontro Nacional de Tocadores de Concertina, na Barrenta, freguesia de Alvados, Porto de Mós. “Isto não é uma aldeia, é um lugar”, comenta a dado passo Hermano Carreira, do Centro Cultural da Barrenta. A localidade tem pouco mais que 40 habitantes. O Encontro Nacional de Concertinas tem crescido, chamando entre três a quatro mil pessoas todos os anos. Este sábado, 24 de Setembro, não foi excepção e o movimento era tanto que os carros ficaram congestionados à saída do festival.O presidente dos “Amigos da Farra”, António Ferreira, reuniu um grupo de 12 tocadores de concertina para actuar na Barrenta. O instrumento, revela, tem a sua dificuldade, sendo necessária alguma coordenação com as mãos. “Antes da associação tínhamos já um grupo há 12 anos que tocava instrumentos populares. Há sete anos descobrimos a Barrenta e começámos a vir com um grupo de tocadores de concertina”.“A concertina é um instrumento que está a crescer cada vez com mais força”, refere. “Chegou a estar apenas no Norte do país, mas hoje os tocadores estão espalhados um pouco por todo o lado”. Para tocar concertina “é preciso ter gosto, bom ouvido, vontade e gostar de música. E gostar de se divertir”, comenta. Dia 8 de Outubro também há Encontro de Concertinas com os “Amigos da Farra”, em Ourém. “A concertina teve um rejuvenescimento aqui na Barrenta, ganhando dimensão nestes últimos 10 anos”, explica Hermano Carreira. A iniciativa do Encontro Nacional de Concertinas foi sua, procurando promover uma localidade que vinha definhando com a desertificação e a falta de interesse político. “Tinha que ser um evento que chamasse pessoas e alcançasse investimento. O apoio político foi conseguido e rejuvenesceu-se a cultura da concertina na aldeia. Mas quanto à desertificação nada consegui fazer. Há 10 anos éramos 50, hoje somos 42 habitantes na Barrenta”, conta. Cláudia Gameiro