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“Não segui medicina geral porque gosto de levantar-me cedo e dispenso noitadas”

“Não segui medicina geral porque gosto de levantar-me cedo e dispenso noitadas”

Nuno Miguel Belchiorinho, 41 anos, médico dentista, Almeirim

O médico dentista Nuno Miguel Belchiorinho, 41 anos, nasceu no Alentejo mas vive em Almeirim desde os dez anos. É casado com uma psicóloga e tem duas filhas. O desporto é a sua paixão. A bicicleta, o futebol e a caça ocupam-lhe os dias fora do consultório que montou na cidade. Não consegue estar muitos dias de férias mas aproveita os fins de semana prolongados para as viagens em família. Gosta de acordar cedo. Foi para fugir às noites de trabalho no hospital que escolheu medicina dentária.

Desisti de ser agricultor aos 17 anos depois de acompanhar o sofrimento do meu avô paterno com as secas e chuvas. Até essa altura tinha uma grande paixão pela agricultura. De repente sonhei que queria ser dentista. Tenho um tio que é médico e que estudou em Coimbra. Lembro-me de ir visitá-lo em miúdo e de gostar da cidade onde acabei por formar-me. Não segui medicina geral porque gosto de levantar-me cedo e dispenso noitadas. Acho que se tivesse que trabalhar à noite num hospital o meu relógio biológico ficaria transtornado. Por outro lado também não me agrada a ideia de lidar com morte. O curso de medicina dentária era igual ao de medicina até ao quarto ano. Houve um altura em que estive indeciso mas depois tudo ficou claro. Começo a trabalhar por volta das oito da manhã. Almoçamos na clínica e assim conseguimos reduzir a hora de almoço, o que me permite a mim e às minhas colaboradores sair mais cedo. Saio do trabalho por volta das cinco da tarde com excepção de um dia em que saio mais tarde. Quando acabei o curso montei o consultório e não tive dúvidas de que era em Almeirim que queria ficar. Tive uma infância como muitos miúdos hoje em dia não podem ter. Nasci em Évora mas os meus pais vieram viver para Almeirim quando tinha dez anos. Podíamos andar à vontade fora de casa, o que hoje em dia já não é possível. A sociedade alterou-se. Os miúdos até se sentem atrofiados porque estamos sempre a protegê-los. Naquela altura estávamos uma tarde inteira fora de casa e só aparecíamos à noite. Isso permitia-nos ser mais desenrascados e dinâmicos. O meu avô paterno era padeiro e quando éramos miúdos ensinou-nos a fazer pão. É uma das coisas que faço em casa. Há poucos meses comecei a interessar-me pela cozinha entusiasmado pela minha mulher. Ao fim de semana cozinho. O peixe ao sal assado no forno sai-me bem. Em casa não faço muito mais do que isso. Aproveito o tempo com as minhas filhas. Também sou eu que trato dos cães. Temos cinco o que só é possível porque moramos numa quinta a dois quilómetros de Almeirim.Todas as sextas-feiras janto com um grupo de amigos em Almeirim para descomprimir da semana. Entrei há dez anos no grupo mas o jantar já se faz há trinta anos. Comecei por acompanhar uns amigos e hoje esse encontro já é uma rotina. Se tivesse mais tempo provavelmente seria viciado em desporto. Sou um apaixonado por futebol. Sou sócio cativo do Benfica. Vou com um grupo de amigos regularmente ao estádio. Durante a semana, quando o tempo permite, faço bicicleta e dou uns mergulhos na piscina com as minhas filhas. Pertenço a uma equipa de veteranos (UVA) e jogamos de quinze em quinze dias aos sábados. Ao domingo, se for no Verão, opto por fazer um passeio longo de bicicleta com um grupo de amigos. Fazemos entre 80 e 100 quilómetros. No Inverno, aos domingos, tenho a caça. Arranjei um cão tão viciado em caça que o cão é que se chateia comigo se não vamos caçar. Descobri a caça há seis anos. O meu pai era caçador. Reformou-se. Ficámos um pouco afastados e senti que esta actividade nos podia unir. Depois de matar umas peças, de ir caçar a sítios bonitos e de contactar com a natureza apaixonei-me.Não venho trabalhar de havaianas e bermudas mas gosto de um estilo desportivo. Adopto um estilo prático. Uso gangas. Se vou para um congresso ou formação tento apresentar-me um pouco melhor. Uso fato e gravata no jantar do comandante do cruzeiro que faço todos os anos. Se tiro muitos dias de férias começa a faltar-me adrenalina e depois deixam de ser férias para começar a ser frete. No máximo tiro uma semana mas tenho vários fins de semana prolongados. Normalmente entre Janeiro e Fevereiro costumo fazer um cruzeiro com a minha esposa. Depois em Abril vamos uns dias à feira de Sevilha porque sou aficionado. Em Junho viajamos até ao Algarve aos fins de semana e ainda guardamos uns dias para visitar Paris.Se não houvesse tauromaquia não existiam toiros bravos. Dá muito trabalho criar um toiro bravo e é uma actividade pouco rentável. Costumo ir ao Campo Pequeno, a Almeirim e a outras praças. Por ser muito amigo do João Simões que foi cabo dos forcados do Aposento da Moita acompanho as corridas do grupo. Ana Santiago
“Não segui medicina geral porque gosto de levantar-me cedo e dispenso noitadas”

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