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Mesmo em tempo de crise a cultura faz falta como pão para a boca

Os cinco anos de um Museu do Neo-Realismo onde não se paga para entrar

Homens e mulheres sonharam e a obra nasceu. Há cinco anos. O Museu do Neo-Realismo de Vila Franca de Xira é um espaço de cultura de dimensão nacional e internacional que não ficou refém de uma corrente abrindo-se à contemporaneidade. Que o digam os 120 mil visitantes.

Em cinco anos o Museu do Neo-Realismo conseguiu atrair 120 mil visitantes, manter uma programação constante, com o apoio da tutela municipal, contornando assim a crise. “Tem que haver sempre lugar para a cultura, seja qual for o momento da nossa história”, reconhece a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha (PS), orgulhando-se de ter na cidade um museu com reconhecimento nacional e internacional. A autarca lembra que o museu dedicado ao movimento era uma aspiração de longa data que só em 2007 pôde ser plenamente concretizada com investimento municipal e uma importante comparticipação de apoios europeus através do Plano Operacional da Cultura. O êxito do museu, reconhecido pela Associação Portuguesa de Museologia que já o distinguiu, deve-se em parte ao profissionalismo da equipa que todos os dias trabalha promovendo “um projecto único no panorama cultural português”. O director, David Santos, confirma que o espaço não só alcançou como superou largamente as expectativas iniciais mesmo em contexto de crise. “A cultura deve constituir-se como último reduto da dignificação humana. Sem cultura não há esperança nem desenvolvimento”. Também por isso, no museu qualquer iniciativa tem entrada gratuita e os preços das edições são simbólicos quando comparados com os valores praticados noutras instituições museológicas. O filho do escritor Alves Redol, António Mota Redol, que ajudou também a forjar a obra, considera igualmente que a crise não é razão para ficar em casa quando não se paga um cêntimo para entrar no museu. “As pessoas não devem ficar em casa a lamentar-se e a agravar a sua depressão. As iniciativas culturais são um bom pólo de focagem, não para se esquecer o contexto, mas para se ganhar perspectivas de futuro e ser-se capaz de seguir em frente”. Em cinco anos de história o museu recebeu 200 convidados, entre escritores, artistas, músicos, cineastas, arquitectos, historiadores, sociólogos, antropólogos que participaram em dezenas de conferências, leituras, colóquios e apresentações de livros. O museu quer manter o ritmo programático e o director destaca já para o próximo ano uma grande exposição retrospectiva, produzida em colaboração com a Culturgest, sobre a “Cooperativa de Gravadores Portugueses - A Gravura”, além de outras exposições e iniciativas de auditório.A exposição sobre o Campo de Concentração do Tarrafal, em parceria com a Fundação Mário Soares, foi um dos momentos altos do museu que mais recentemente evocou os centenários de dois grandes escritores do movimento: Manuel da Fonseca e Alves Redol.Câmara e museu tudo fizeram para fazer jus à memória do autor vilafranquense. “Só as entidades governamentais se mantiveram silenciosas, com excepção do Ministério da Educação. Mas a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um voto de saudação”, reconhece António Mota Redol. O quinto aniversário do museu vai ser assinalado no sábado, 20 de Outubro, com a inauguração da exposição documental “Jorge Amado e o neo-realismo português” e a presença de Ruben de Carvalho no dia 3 de Novembro para uma reflexão sobre os cinco anos de actividade além de um ciclo de cinema de 23 a 25 de Outubro.

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