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O treinador do Fátima que todos os anos visitava o Santuário

Luís Loureiro criou uma equipa praticamente nova e lidera segunda divisão zona sul

É católico mas não praticante. Costumava visitar o Santuário de Fátima onde se sente bem e agora está na cidade a treinar a equipa de futebol. Lidera o campeonato nacional da segunda divisão zona sul sem ajudas divinas. Quando chegou à terra das aparições não pediu bons resultados a Nossa Senhora, mas Luís Loureiro confessa que se tudo correr como espera é provável que vá meter uma velinha no santuário.

Luís Loureiro está aos comandos da equipa sénior do Centro Desportivo de Fátima (CDF) desde o início desta época desportiva mas o treinador conhece bem a cidade há vários anos. Desde que é profissional de futebol, já lá vão quase 15 anos, que todos os anos visitava o Santuário de Fátima antes de iniciar a época desportiva. Não fazia promessas nem acendia velas. Ia só porque se sentia bem no santuário. Agora que vive em Fátima sente-se abençoado. Garante que desde que treina o CDF ainda não pediu nada a Nossa Senhora mas espera no final da época desportiva vir a agradecer a vitória no campeonato.Luís Loureiro, 35 anos, é treinador de futebol há ano e meio. Depois de terminar a época como jogador no Sintrense - clube onde fez a sua formação e jogou quatro anos na equipa sénior - foi convidado pela direcção a treinar a equipa sénior. Os seus objectivos de vida não passavam por uma carreira de treinador mas não conseguiu recusar o convite e apaixonou-se pela profissão. Agora não se imagina a fazer outra coisa.Este ano foi convidado para treinar o CDF e aceitou o desafio. Os objectivos para a sua estadia estão bem delineados. “O Fátima é uma boa equipa que me pode dar projecção mas tudo depende de mim. Se fizer um bom trabalho vou subir na carreira e como qualquer treinador quero treinar um clube grande”, disse o treinador a O MIRANTE, numa entrevista que se realizou no Estádio Municipal de Fátima.Quando chegou ao CDF o mais difícil foi montar uma equipa uma vez que do ano passado ficaram apenas cinco jogadores. A redução no orçamento do clube condicionou a escolha mas Luís Loureiro conseguiu criar uma equipa competitiva. Desde o início do campeonato só perderam um jogo estando em primeiro lugar na tabela classificativa do campeonato nacional da segunda divisão - zona sul. Trabalho, empenho, ambição e união são os ingredientes do sucesso para o treinador.Luís Loureiro considera que pela “excelente” qualidade das infra-estruturas o CDF merecia estar numa ligar superior. “Mesmo na Segunda Liga dificilmente encontramos clubes que oferecem tão boas condições como o Fátima oferece aos jogadores e equipa técnica”, salienta. O treinador acrescenta que a equipa tem bons jogadores mas que a formação tem que ser trabalhada. Um dos principais objectivos do clube é tentar colocar os escalões de formação do clube em patamares superiores para terem um nível de competitividade mais exigente. “É fundamental estar nos campeonatos nacionais”, reforça.O treinador lamenta que os clubes da região, e também do país, não se estejam a conseguir adaptar à nova realidade do país com a falta de dinheiro e patrocínios. Luís Loureiro acredita que a tendência é alguns clubes fecharem portas porque não têm dinheiro para se manterem.O antigo jogador do Sporting e Dínamo de Moscovo não se assume como candidato à subida de divisão. Quer ganhar jogo a jogo e trabalhar cada dia melhor.Vida de luxo de jogadores de futebol é ilusãoLuís Loureiro nasceu em Sintra há 35 anos. Começou a jogar à bola aos nove anos nos escalões de formação do União Mucifalense, Lourel e Sintrense. Esteve sete anos no Sintrense onde jogou quatro anos na equipa sénior. Foi no Portimonense que arrancou com a sua carreira profissional. Tinha 21 anos e jogava a médio-centro. Passou pelo Nacional da Madeira, Gil Vicente e Sporting de Braga. Nesta altura surge o convite para jogar no Dínamo de Moscovo (Rússia), onde esteve durante nove meses. A adaptação não foi fácil e quando o Sporting o convidou para integrar o plantel não hesitou. Do Sporting foi para o Estrela da Amadora, Chipre, Boavista, Portimonense e terminou a carreira de jogador no Sintrense. O momento alto da sua carreira foi a chamada à Selecção Nacional, onde esteve sete vezes. “Representar o nosso país é algo indescritível”, afirma. Confessa que é simpatizante do Sporting mas garante que quando se joga como profissional deixa de haver clubes de que se gostam mais. Acima de tudo gosta de ver um bom jogo de futebol. Luís Loureiro deixou os estudos aos 15 anos mas não foi por causa da bola. Apenas não gostava de estudar. Afirma que é normal as crianças gostarem de jogar à bola mas o que o preocupa mais é que sejam os pais a querer que os filhos sejam jogadores de futebol. “A ideia de uma vida de luxo e fácil não corresponde totalmente à verdade. Isso é para uma minoria”, refere aconselhando os mais novos a conciliarem o futebol com os estudos.Tem um filho pequeno e garante que não o vai incentivar para ser jogador de futebol. Vai limitar-se a apoiá-lo naquilo que decidir. Admira Cristiano Ronaldo e Messi porque, diz, são jogadores de outro planeta. Luís Loureiro respeita os árbitros e defende que eles erram da mesma maneira que treinadores e jogadores. “É mais fácil bater num árbitro e criticar o seu trabalho porque não têm quem os venha defender”, reflecte. Diz que não é amigo de ir a casa de nenhum árbitro porque não calhou e agora, enquanto treinador, “também não convém”, mas respeita o seu trabalho. “Dificilmente esconderei algum erro meu, ou da minha equipa, refugiando-me na equipa de arbitragem. Acredito que quando o árbitro erra fá-lo de consciência tranquila”, conclui.

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