LNEC alerta para risco de derrocadas nas encostas de Santarém
Monitorização que permite detectar sinais de instabilidade nas barreiras deixou de ser feita com regularidade em 2006. Laboratório Nacional de Engenharia Civil diz que são prioritárias obras em quatro encostas para evitar novos deslizamentos de terras.
Algumas encostas de Santarém estão em risco de derrocada e necessitam de obras urgentes visando a sua estabilização. Se não forem executadas essas intervenções, para as quais já existe um projecto global desde 2010, casas, estradas e a linha de caminho de ferro do Norte correm risco de serem danificadas por novos deslizamentos de terras. O alerta foi deixado esta segunda-feira em Santarém por uma voz insuspeita - o engenheiro do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Francisco Salgado - numa sessão promovida pela Câmara de Santarém que pretendeu trazer novamente para a agenda um problema que se arrasta há décadas.Luís Salgado sublinhou o perigo latente nas encostas de Santa Margarida, do Bairro do Falcão, da Ribeira de Santarém e da estrada das Quebradas, referindo que “são necessárias obras de estabilização prioritárias”. E acrescentou mais uma fonte de preocupação ao revelar que a monitorização das encostas deixou de ser feita continuamente em 2006. “De momento a única encosta que está a ser monitorizada é a das Portas do Sol, através de um protocolo entre a Refer e o LNEC”, referiu o responsável, acrescentando que até 2006 esse trabalho era também garantido nas encostas de Alfange e de Santiago. Segundo Francisco Salgado, a última inspecção detalhada ao estado das encostas de Santarém decorreu durante três meses no final de 2009/início de 2010. Neste momento o LNEC desconhece o estado das barreiras.O presidente em exercício da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), explicou que a monitorização estava a cargo da extinta Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) e afirmou que o município vai propor um protocolo com o LNEC que garanta essa missão permitindo detectar antecipadamente eventuais situações de colapso.Ricardo Gonçalves considerou “urgentíssimo” que o projecto de estabilização das barreiras seja executado, garantindo que irá continuar a pressionar o Governo a fim de o sensibilizar para a questão, referindo que a intervenção terá que ser da responsabilidade da administração central dados os montantes envolvidos, acima dos 20 milhões de euros, a que se deveria associar a construção da variante da linha férrea, entretanto suspensa. “Era muito importante que o Orçamento de Estado para 2013 contemplasse esta obra”, referiu, assegurando que a autarquia “não vai deixar este assunto morrer”.O perigo espreitaO técnico do LNEC identificou como de maior risco as encostas de Santa Margarida, cujos moradores foram retirados na sequência dos deslizamentos ocorridos em 2010, e do Bairro do Falcão, cujas casas continuam habitadas apesar do perigo que representa a possibilidade de uma regressão da zona dos taludes. Como aconteceu na encosta de Santa Margarida, também nessa zona as casas viradas para a ribeira de Alfange têm vindo a perder pátios e marquises, como mostraram as fotografias exibidas na apresentação de Francisco Salgado e a visita feita a seguir aos vários locais em risco.
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