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Alves Redol continua incómodo para os políticos de hoje como era no tempo de Salazar

Alves Redol continua incómodo para os políticos de hoje como era no tempo de Salazar

Consideram investigadores da Universidade Nova de Lisboa que estiveram em Vila Franca de Xira

O escritor Alves Redol mostra nos seus livros várias classes pobres e exploradas que, nestas décadas de democracia, praticamente não viram a sua vida melhorar. As conclusões são de investigadores que se reuniram num colóquio sobre o tema.

Os escritos de Alves Redol continuam a incomodar os políticos de hoje com a mesma tenacidade que incomodavam Salazar no tempo do Estado Novo. Esta é uma das ideias que surgiu de um colóquio de quatro dias dedicado a “Alves Redol e as Ciências Sociais”, que teve o seu encerramento em Vila FRanca de Xira no sábado, 10 de Novembro. Duas dezenas de investigadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL) foram conhecer Vila Franca e fazer um passeio pelos locais que influenciaram o escritor de “Gaibéus” e “Avieiros”. “A obra de Redol é um feixe de luz num momento de muitas trevas. Redol continua incómodo porque fala de grupos sociais frágeis, que continuam frágeis hoje em dia e é natural que o poder e o Governo não goste de rever essas histórias, que falam de um empobrecimento colectivo em que o país está a cair novamente”, entende Paula Godinho, professora de Antropologia na UNL. “É como se olhando para o passado estejamos a ver o futuro que querem que nós tenhamos”, avisa. Para o filho do escritor, António Redol, as obras neo-realistas não interessam ao Governo por abordarem problemas do povo. “E eles não gostam de falar do povo”, vinca.Joana, João e Pedro são três dos jovens que participaram no colóquio e no passeio feito por Vila Franca de Xira. Do alto do miradouro do Mártir Santo têm uma visão sem igual do Ribatejo escrito por Redol. “É importante conhecer e divulgar os valores neo-realistas, sobretudo nos tempos que correm”, reflecte Joana Alcântara, 25 anos, de Azeitão. Os três jovens lamentam que Redol e o movimento Neo-Realista continuem afastados do plano nacional de ensino. “É pouco divulgado, o que é uma pena. Felizmente que alguns professores decidem incluí-lo nas aulas e a Câmara de Vila Franca mantém aberto um museu para permitir que as pessoas possam descobrir esta corrente literária”, nota Pedro Ferreira, 26 anos, do Pinhal Novo. João Edral, 21 anos, de Chaves, espera que a actual crise económica faça surgir uma nova forma de neo-realismo, centrada nos problemas sociais e na exploração laboral.O objectivo do colóquio foi convocar investigadores de ciências sociais e humanas para olhar para Alves Redol - o homem e a sua produção literária - no sentido de saber como as conjunturas nacionais e internacionais se reflectem nos temas tratados nos seus livros.
Alves Redol continua incómodo para os políticos de hoje como era no tempo de Salazar

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